quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ATRAVÉS DE UM ESPELHO


Primeira parte da trilogia do “Silêncio de Deus” de Bergman, que prosseguiu com “Luz de inverno” (1963) e “O Silêncio” (1963). Apesar do diretor ter negado posteriormente a intenção de fazer um trilogia, é possível notar nos três filmes personagens buscando a existência de Deus.

“Através de um espelho” tem apenas quatro atores em cena com uma fotografia deslumbrante feita na própria ilha do diretor. Karin (Harriet Andersson) que sofre de problemas mentais incuráveis e degenerativos, recebe com seu marido a visita do pai, um escritor famoso que parece mais interessado em investigar a doença da filha para uma futura publicação e do irmão que sente a falta do pai, inclusive para conversar.

Karin entre os problemas mentais e uma cena incestuosa com o irmão tem o desejo que Deus apareça para ela e lhe explique o porquê das coisas acontecerem daquele modo. Quase nos momentos finais, uma porta se abre sozinha e temos a impressão que é Deus entrando por aquela porta, mas Karin explica que é apenas uma aranha que percorre seu corpo, querendo penetrá-la e depois passa por seu corpo e sobe pela parede, como se a aranha fosse Deus. Depois que Karin é levada por um helicóptero (afinal a verdadeira causadora da abertura da porta com a ventania que causou) para uma clínica psiquiátrica, seu pai e irmão comentam que o amor é a prova da existência de Deus, ou é o próprio Deus e que assim Karin estaria rodeada por Ele, já que todos a amam tanto.

Um filme belíssimo sobre o amor entre os membros de uma família e sobre a ânsia que todos temos de falar com Deus e ter uma prova de sua existência e o melhor de tudo: acessível a todos.

Venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro, mas nem por isso foi exibido em nossos cinemas, o que só aconteceu com a 3ª parte.

Não perca, tendo fé ou não.

Direção: Ingmar Bergman. Com: Harriet Andersson, Max Von Sydow, Gunnar Bjornstrand e Lars Passgard. Drama, 89 min.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

OS PREMIADOS NO OSCAR 2012

Jean Dujardin com seu Oscar
Como eu já tinha previsto em Os meus favoritos para o Oscar, acabei acertando oito dos meus palpites para a premiação:

Melhor Filme:
O Artista, o primeiro Oscar dado a um filme estrangeiro. Um bom sinal, apesar que todos torciam por A invenção de Hugo Cabret.

Melhor Direção:
Michel Hazanavicius por O artista, vencendo Martin Scorsese e seu inventivo A invenção de Hugo Cabret. Preferia Scorsese, ou até Woody Allen.

Melhor Atriz:
Meryl Streep – Enfim ela leva seu 3º Oscar. Muitos apostavam em Viola Davis, mas esta ainda terá muitas outras chances e Meryl já tinha perdido várias vezes e não levava o prêmio há quase 30 anos.

Melhor Ator:
Jean Dujardin por O Artista. Todos acharam o prêmio exagerado e nem sabem se ele tem versatilidade. Venceu o favorito, George Clooney e o esforçado Brad Pitt.

Melhor Ator coadjuvante:
Como todos previam, o prêmio foi para Christopher Plummer, pelo filme Toda forma de amor, em que ele faz um senhor com câncer em fase terminal, que decide assumir sua homossexualidade.

Melhor Atriz coadjuvante:
Octavia Spencer por Histórias cruzadas, vencendo a “trabalhadora” Jéssica Chastain que fez diversos filmes no ano passado, com desempenhos elogiados, como em A árvore da vida.

Melhor roteiro original:
Meia noite em Paris. Não havia como não premiar o inventivo roteiro de Woody Allen.
 

Melhor roteiro adaptado:
Os descendentes. Era quase óbvio o prêmio.

Melhor filme estrangeiro:
O também óbvio A separação do Irã. Uma pena A pele que habito de Almodóvar nem ter sido indicado.

Mais uma perda para os brasileiros, a canção Real in Rio tema da animação Rio e escrita por Carlinhos Brown e Sergio Mendes foi derrotada pela canção Man or Muppet dos filme Os muppets.

Demais premiações:
Fotografia - A Invenção de Hugo Cabret
Direção de Arte - A Invenção de Hugo Cabret
Figurino - O Artista
Maquiagem - A Dama de Ferro
Montagem - Millennium - Os Homens que Não Amavam as Mulheres
Edição de Som - A Invenção de Hugo Cabret
Mixagem de Som - A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Documentário - Undefeated
Melhor Animação - Rango
Efeitos Visuais - A Invenção de Hugo Cabret
Trilha Sonora - O Artista

Curta-Metragem - The Shore
Curta Documental - Saving Face
Curta de Animação - The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore

sábado, 25 de fevereiro de 2012

AS MUSAS DO CINEMA MUDO


LOUISE BROOKS

Seu desempenho mais famoso foi no papel de Lulu em A caixa de Pandora (1928), mas ela era dançarina experiente antes de ser contratada por Hollywood e alcançar a fama com A girl in every post (1928) e depois andando nos trens de carga vestida de menino em Beggars of life (1928). Depois de viver Lulu, não conseguiu mais nenhum papel significativo e foi corista num musical de Grace Moore, passando a escrever artigos críticos sobre cinema. Em 1982 (três anos antes de sua morte) publicou seu livro de memórias, Lulu in Hollywood.

LILIAN GISH

Dona de uma das carreiras mais longas do cinema. Testemunhou o início da indústria e ainda roubava a cena aos 90 anos. Estreou aos 5 anos, juntamente com sua irmã mais nova, Dorothy. Estrelou O nascimento de uma nação (1915), Intolerância (1916), Hearts of the world (1918), Lírio partido (1919), Way down east (1920), Órfãs da tempestade (1922), A letra escarlate (1926) e The wind (1928). No cinema falado, participou de Mensageiro do diabo (1955) e As baleias de agosto (1987).

MARY PICKFORD

Foi a namoradinha dos Estados Unidos, amada por todos, devido a sua imagem de garotinha abandonada, mantida até a idade adulta. Estudou teatro e fez dois filmes com D. W. Griffith que a chamava de “Pequena Mary”, mas ele não se deu conta da força que ela teria no início de Hollywood com filmes como Her first biscuits (1909), A pequena princesa (1917), Rebecca of Sunnybrook farm (1917) e Pollyanna (1920). Exigia salários altíssimos e sabia negociar por eles. Em 1919 formou com Chaplin, Griffith e Douglas Fairbanks a United Artists e se casou com Fairbanks no auge do sucesso.

POLA NEGRI

Nascida na Polônia, estudou dança na adolescência e mudou-se para Berlim em 1917 para trabalhar com Ernst Lubitsch em A múmia (1918), Carmem (1918), Madame Du Bany (1919), Gatinha selvagem (1921) e A modista de Montmartre (1923). Em Hollywood fez sucesso com Bella Donna (1923), Lily of the dust (1924), Paraíso proibido (1924) e Hotel imperial (1927). Sua ligação com Chaplin e Rodolfo Valentino manteve seu nome em alta, mas após a morte de Valentino em 1926, sua fama diminuiu, já que seu forte sotaque não agradou ao público do cinema falado.

VILMA BANKY

Iniciou carreira na Áustria em 1920 e cinco anos depois foi para Hollywood e fez dois filmes com Rodolfo Valentino, A águia (1925) e O filho do Sheik (1926). Sua beleza exótica logo fascinou o público. Contracenou também com Ronald Colman e Gary Cooper e em 1927, casou-se com o astro Rod La Rocque com quem ficou até ele morrer em 1969. seu forte sotaque húngaro impediu sua transição para o cinema falado.

BEBE DANIELS

Aos nove anos já participara de curtas-metragens. Só com o diretor Hal Roach fez 200 filmes. Em 1919 assinou contrato com a Paramount, onde fez papeis leves, de meninas travessas, mas simpáticas. Conseguiu fazer a transição para o cinema falado, participando de Rio Rita (1929), Rua 42 (1933) e Alias French Gertie (1930).




THEDA BARA

Surpreendentemente apesar da época, Theda era uma overdose de fantasia sexual. Ficou famosa por seus personagens sensuais, olhos pintados de negro e seios cobertos por peças reduzidas. Já em seu primeiro filme A fool there was (1915), estabeleceu seu estilo com a frase: “Beije-me seu tolo!”. Fez mais de 40 filmes, como A serpente do Nilo (1915) e A mulher tigre (1917)



CLARA BOW

Um dos primeiros símbolos sexuais de Hollywood. É mais lembrada por seus escândalos na vida pessoal do que pelos seus papeis no cinema. Chamou a atenção em It (1927) como uma caçadora de fortuna que usa o sexo para vencer na vida e depois surpreendeu o público como uma garota inocente que vai para a guerra dirigir uma ambulância em Asas (1927). Por causa da chegada do cinema sonoro e do seu timbre de voz, abandonou o cinema em 1930 depois de mais de 50 filmes.

PEARL WHITE

Era um fenômeno de popularidade nos seriados frenéticos em que corria e olhava admirada para a câmera. Em 1909, entrou para a Powers Pictures como secretária e no ano seguinte estreou em A vida de Buffalo Bill (1910). Fez quase 200 curtas em três anos. Em 1914 participou da série The perils of Pauline para a Pathé e o estrelado internacional veio com The exploits of Elaine (1915). Em 1922, caiu durante um ato acrobático e aposentou-se indo para a França.

MARIE PREVOST

Em uma vida curta fez diversos filmes, como O círculo do casamento (1924), As três mulheres (1924), Beija-me outra vez (1925) e Verdade que triunfa (1929). Conseguiu passar com sucesso para o cinema falado, mas sua carreira entrou em decadência, pois já estava viciada em drogas e ficou relegada a papeis coadjuvantes em filmes sem importância. Morreu de inanição na tentativa de emagrecer.



Fonte de consulta: 1000 que fizeram 100 anos de cinema.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

OS ASTROS DO CINEMA MUDO

Rodolfo Valentino

Com o filme O Artista, o cinema mudo voltou a estar em voga e participar de várias discussões sobre a sétima arte. Mas quais foram os grandes astros do cinema mudo e consequentemente os primeiros astros do cinema. Vamos a eles:


RODOLFO VALENTINO

Trabalhou em clubes noturnos, musicais e espetáculos de dança antes de fazer pontas em Hollywood. Seu primeiro longa foi My official wife (1914), mas trabalhou com freqüência até que Os quatro cavaleiros do apocalipse (1921) e O sheik (1921) o transformaram na fantasia das mulheres do mundo todo. Participou de Sangue e areia (1922), Cobra (1925) e O filho do Sheik (1926). Sua vida pessoal era tão tórrida quanto suas interpretações. Não era um grande ator e talvez ultrapassado se tivesse vivido mais tempo. Morreu de peritonite (inflamação do peritônio, que é uma membrana que reveste a cavidade abdominal) em 1926, aos 29 anos e no auge da popularidade.

CHARLIE CHAPLIN

Quando nasceu, Chaplin foi para um orfanato, pois seu pai abandonara o lar e sua mãe era doente mental. Em 1906, entrou para a companhia de Fred Karno e quatro anos depois assinou contrato com a Keystone. Filmes curtos fizeram a sua fama, sempre vivendo o mendigo Carlitos. Dirigiu e atuou em obras primas como Em busca do ouro (1925), O circo (1928), Luzes da cidade (1931), Tempos modernos (1936), O grande ditador (1940) e Monsieur Verdoux (1947), hesitando ao máximo em aceitar o cinema sonoro. Foi perseguido pelo marcathismo e se exilou na Suíça. Luzes da Ribalta (1952) e Um rei em Nova York tiveram sucesso moderado, mas A condessa de Hong Kong (1966), foi um desastre. Em 1972 retornou aos Estados Unidos para receber um Oscar honorário, mas com um visto de apenas um mês, dando a impressão de que os americanos tinham medo dele.

BUSTER KEATON

Era conhecido como “Rosto de pedra” ou “O homem que nunca ri” devido à sua expressão impassível. Suas melhores interpretações podem ser vistas em O faz tudo (1921), Marinheiro por descuido (1924) e O general (1927), sua obra-prima. Havia uma certa inimizade entre ele e Chaplin, mas isso acabou quando os dois participaram de Luzes da ribalta (1952) que resultou em um breve renascimento para sua carreira.



RAMON NOVARRO

Era mexicano e saiu de seu país de origem para trabalhar como garçom cantor em Los Angeles antes de estrear no cinema. Seu nome foi lançado pela MGM para substituir Rodolfo Valentino. Participou dos épicos românticos mais populares dos anos 20, como O prisioneiro de Zenda (1922), Scaramouche (1923), a primeira versão de Ben-Hur (1926) e O príncipe estudante (1927). Foi assassinado em 1968.


JOHN GILBERT

Mostrou talento ao contracenar com Mary Pickford em Heart o’the hills (1919), que lhe rendeu um contrato com a Fox e depois com a MGM. Lá todos os filmes que participou foram sucesso, principalmente os que fez com Greta Garbo: A carne e o diabo (1927), Anna Karenina (1927) e Rainha Cristina (1933). Houve rumores de que os dois tiveram um caso, o que aumentou a veneração do público. Sua popularidade diminuiu com o cinema falado, devido a sua voz ligeiramente aguda.


LON CHANEY

Foi o mais famoso astro dos filmes mudos de terror como O corcunda de Notre Dame (1923) e O fantasma da Ópera (1925). Seus pais eram surdos-mudos e ele se comunicava com eles por mímica. Fez 140 filmes antes de morrer de câncer na garganta em 1930, aos 47 anos, um mês antes de estrear A trindade maldita (1930), seu primeiro filme falado.


STAN LAUREL E OLIVER HARDY

Talvez a dupla de comediantes mais amada de todos os tempos. Laurel havia trabalhado na vaudeville e feito 75 filmes e Hardy era astro dos primeiros filmes mudos. Os dois estiveram juntos em Lonely dog (1917), mas viraram uma dupla em Slipping Wives (1927) e Putting pants on Philip (1927). Entrega a domicílio (1932) rendeu-lhes um Oscar, mas obras-primas como Dois caipiras ladinos (1937) não receberam prêmios, mas encantaram o público. Stan morreu na pobreza, há exatamente 47 anos, em 23 de fevereiro de 1965.


WARNER BAXTER

Iniciou carreira durante a primeira Guerra Mundial atuando em diversos filmes mudos como Rua 42 (1922), mas tornou-se popular como o conquistador mexicano Cisco Kid que lhe deu o Oscar por No velho Arizona (1929), papel que interpretou diversas vezes. Participou ainda de O prisioneiro da ilha dos tubarões (1936) e Crime doctor (1943), mas sua carreira declinou nos anos 40. Morreu de pneumonia em 1951, após uma lobotomia para aliviar problemas de artrite.


WILLIAN BOYD

Foi um dos mais famosos caubóis dos filmes B dos anos 20, vivendo Hopalong Cassidy, que nunca sacava uma arma apenas por raiva, não bebia, fumava ou falava palavrões. Foi o ator preferido de Cecil B. DeMille em O barqueiro do Volga (1926) e O rei dos reis (1927). O fato de ser confundido com dois homônimos, o fez atuar com o pseudônimo de Hopalong nos anos 40, com o qual atuou em 66 filmes.


TOM MIX

O Caubói mais popular do cinema mudo. Os estúdios alegavam que ele havia lutado em duas guerras e em uma rebelião, mas não era verdade. Estreou em An apache’s gratitude (1913), fazendo em seguida, Cactus Jake – Heartbreaker (1914) e The taming of Groucho Bill (1916). Fez 100 filmes, primeiro movidos pelo humor, depois pela ação. Entrou para a Fox em 1917, estrelando 60 faroestes, mas sem nunca fumar, beber ou brigar sem motivo. Com a chegada do som ao cinema, ainda atou em Destry rides again (1932) e The miracle rider (1935).


Fonte de Consulta: 1000 que fizeram 100 anos de cinema.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SONINHA TODA PURA


“Cada um de nós imerso em sua própria arrogância
Esperando por um pouco de afeição.”
Renato Russo

“Soninha toda pura” é um filme psicológico disfarçado de pornochanchada. Conta a história de Soninha (Adriana Prieto) que vai passar um final de semana na casa de praia da família com sua amiga Nanan (Elza de Castro), a mãe de Soninha, Malena (Ivone Hoffman) e seu amante Bentinho (Carlo Mossy).Quase todo o filme se passa nessa casa em Cabo Frio ou na praia com exceção de uma cena que tem a participação do diretor Aurélio Teixeira, bem no início da história. A psicologia dos personagens vai sendo desenvolvida aos poucos em conversas ou revelações. Soninha é ingênua, nunca foi beijada, nem amou e não percebe que está sendo seduzida pela amiga Nanan, que nutre um amor secreto por ela e usa os ensaios da peça Romeu e Julieta para se aproveitar das situações e das cenas românticas.

Adriana Prieto, aos 21 anos exala beleza e ingenuidade impressionantes como a mocinha virgem e despreparada para o amor. É triste pensar que ela morreria 04 anos depois em um acidente de automóvel. Carlo Mossy (dublado), pouco antes de se tornar o rei da pornochanchada, com filmes como “Quando as mulheres querem provas” (1975) e "Giselle" (1980), vive o cafajeste sustentado por Malena, mas que nutre uma paixão por Soninha e desejo por Nanan. Já Malena se sente insegura com o namorado quando percebe que ele só quer o seu dinheiro e ainda está interessado em sua filha, da qual ela quer preservar a pureza.


É possível perceber o desejo latente dos personagens: de Nanan por Soninha, que a ama, mas não tem coragem de revelar esse amor; de Soninha em descobrir o amor e ser amada, por quem quer que seja; e de sua mãe que ama Bentinho, mas sente que o está perdendo. Há na trilha sonora belas músicas internacionais como “Lonely days” do Bee Gees. A censura ainda era ferrenha e a única cena de sexo (um estupro) acontece com os dois personagens vestidos. O único defeito do filme é ser curto (72 minutos) e deixar a impressão de que algumas das situações poderiam ser melhor desenvolvidas. (7,5)






domingo, 19 de fevereiro de 2012

O CARNAVAL NO CINEMA BRASILEIRO

Cena de Carnaval Atlântida
Nestes dias de Carnaval, achei interessante relembrar os filmes brasileiros que tratam desse tema.

Há registros fílmicos do carnaval desde 1908 e a partir de 1919 são produzidas as series “cantantes” intituladas “O Carnaval cantado”. Até Carmen Miranda participou de um desses: “Carnaval cantado de 1932 no Rio".

Carmen Miranda em Alô, Alô, Carnaval

O Carnaval acabou definindo, estruturando e nomeando as chanchadas a partir de “Alô, alô, carnaval” (1935) já que as marchinhas de carnaval eram lançadas primeiramente nesses filmes, além de todo o resto, como figurinos, cenários e os trejeitos exagerados dos atores em poses burlescas, como se no Brasil fosse carnaval o ano inteiro. Fizeram sucesso: “Carnaval no fogo” (1949), “Carnaval Atlântida” (1952), “Carnaval em Caxias” (1953), “Carnaval em lá maior” (1954), “Carnaval em Marte” (1955) e “Carnaval barra limpa” (1967). Mas mesmo as centenas de outros filmes que não tinham a palavra carnaval no título também falavam desse assunto ou faziam o público rememorar sobre ele.

Leiila Diniz em Amor, Carnaval e sonhos
O cinema marginal também falou sobre carnaval pelas mãos de Rogério Sganzerla no debochado “Carnaval na lama” (1970). E o Cinema Novo em “Quando o Carnaval chegar” (1972) de Cacá Diegues e depois com Paulo César Saraceni em “Amor, carnaval e sonhos” (1972), um dos últimos filmes da musa Leila Diniz. Saraceni prosseguiu com “Natal da Portela” (1988) sobre um bicheiro (Milton Gonçalves) que sustenta uma escola de samba e o documentário “Banda de Ipanema” (2002) sobre os 35 anos da banda mais famosa do Rio de Janeiro.

O diretor Marco Altberg (Fonte da Saudade) produziu para a TV a cabo, uma trilogia de filmes protagonizados pelo casal Alexandre Borges e Julia Lemmertz e exibidos com freqüência pelo Canal Brasil: "Mangueira – Amor á primeira vista”, “Amor quase perfeito” e “Amor que fica”.

Cena de Carnaval, bexiga, funk e sombrinha

O gênero documental também falou muito sobre o tema, como por exemplo em “Carnaval, bexiga, funk e sombrinha” (2006) sobre mais de 70 grupos de carnaval de rua e “As filhas da Chiquita” (2008), sobre um grupo de homossexuais que desfilam durante uma festa religiosa de uma cidade nordestina.

Até o cinema pornográfico dos anos 80 se “esbaldou” durante as festas de carnaval: “Carnaval do sexo” (1986), “Carnaval erótico no ano 2000” (1987) com Silvio Jr. e “Carnaval 87 – Só deu bumbum” (1987 com o casal Walter e Eliana Gabarron. Sem contar os filmes produzidos para lançamento direto em vídeo como “Carnaval no salão” e coisas afins produzidas anualmente durante os anos 90.


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

BRINCANDO NOS CAMPOS DO SENHOR


Depois do sucesso internacional de "O beijo da mulher aranha" de 1984 (pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor diretor), Hector Babenco foi para os Estados Unidos, onde dirigiu em 1987, o filme "Ironweed" com Meryl Streep e Jack Nicholson e em seguida voltou para o Brasil onde dirigiu na Floresta Amazônica essa co-produção EUA/Brasil com elenco dos dois países (apesar de os protagonistas serem todos americanos. O filme foi injusto fracasso de crítica e público quando foi lançado nos cinemas.

É a adaptação do romance homônimo de Peter Mathiessen e foi inteiramente filmado na Amazônia, ao contrário de outros filmes americanos como "O curandeiro da selva" em que eles filmam no México ou nos Estados Unidos e dizem que é a Amazônia.

Um casal de evangélicos (Aidan Quinn e Kathy Bates) juntamente com seu filho pequeno, embrenham-se na selva amazônica para catequizar os índios brasileiros ainda arredios à palavra de Deus. Na missão também está outro casal (Tom Berenger e Daryl Hannah), este mais fanático e disposto a retirar qualquer resquício católico deixado pelos padres jesuítas. No caminho encontram Lewis Moon (Tom Berenger) um descendente de índios americanos que depois de ser contratado para bombardear uma aldeia indígena, se arrepende e resolve voltar às suas origens. É ele que explica o título do filme quando está alucinado dentro do avião e lhe perguntam por rádio o que ele está fazendo e ele responde que está brincando nos campos do Senhor.

O filme tem mais de três horas de duração, mas em nenhum momento fica repetitivo ou cansativo. Fala da dificuldade que as pessoas têm em aceitar o que é diferente e a tentativa incansável de torná-los iguais (custe o que custar) e da eterna briga entre as religiões, onde os evangélicos acham que são os donos da verdade e os católicos também não ficam atrás.

Todo o elenco está bem, incluindo os brasileiros falando inglês: Stênio Garcia está quase irreconhecível como um cacique; Kathy Bates um ano depois de ganhar o Oscar por "Louca obsessão" tem cenas de grande impacto; Aidan Quinn mostra que não é só um rosto bonito e chega a roubar o filme para si. Daryl Hannah ainda no auge da beleza tem cena de nudez, bem como Tom Berenger quando decide se juntar à tribo de índios; já John Lithgow não me deixou grandes impressões.

Gosto muito dos filmes de Babenco (Lúcio Flávio - O passageiro da agonia, Pixote - A lei do mais fraco, O beijo da mulher aranha, Carandiru e agora Brincando nos campos do Senhor) pois ele consegue unir histórias impactantes e inteligentes ao gosto do público, provando que filme bom não precisa ser chato.



quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

AS NOVAS TECNOLOGIAS E EU


Não sou contra a modernidade, mas devo confessar que sou meio atrasado quanto às novas tecnologias.

Explico: os LPs já estavam quase deixando de ser fabricados e lançados comercialmente quando eu ganhei de meus pais em 1993, meu primeiro aparelho de som, um 3 em 1, que tocava além dos LPs, as velhas fitas K-7 (quanta pirataria!). A coleção de discos de vinil foi comprada nos sebos, já que as lojas não vendiam mais as “bolachas pretas”. Hoje esse som não funciona mais. Uma pena!
As fitas VHS chegaram ao Brasil em 1987, mas só comprei um videocassete em 2002, quando essas fitas já estavam quase em “extinção”, mesmo assim usei o aparelho por muito tempo, principalmente para gravar os filmes que passaram durante a madrugada: Intercine, Corujão. Não escapava um filme. O aparelho até que ainda funciona, mas não uso mais.

Usei disquete por muito tempo, perdi vários documentos quando eles deixavam de funcionar, até um trabalho da faculdade, então resolvi me render aos pen-drives. Muito mais prático.

Queria aposentar o videocassete, mas os aparelhos de DVD ainda não gravaram, por isso passei um bom tempo esperando para comprar um DVD, até que rendi a um gravador, quando ele se tornou acessível. Gravei centenas de filmes, quase tanto quanto na época do VHS. Só não gravei mais porque o aparelho parou de funcionar. Infelizmente os gravadores nunca foram tão populares quanto os velhos videocassetes. O DVD surgiu no Brasil em 2001, mas só comprei um em 2008!
A TV por assinatura apareceu por aqui no início da década de 90, mas só conheci essa “novidade” uns 15 anos depois influenciado pela curiosidade em poder assistir ao Canal Brasil. Primeiro arrisquei com uma empresa fajuta (melhor não citar o nome), depois com uma consagrada. Na época da faculdade não tinha tempo de assistir e cancelei minha assinatura. Até hoje (uns três anos depois) ainda não “voltei”.


Fiz o curso de datilografia e usei a máquina de escrever (manual) por muito tempo (até 2001), quando fui obrigado a enfrentar o “bicho de sete cabeças” que era o computador, máquina que eu nem sabia ligar. Fiz o curso de informática e hoje tudo parece simples.

Só fui me familiarizar com a internet em 2008 e percebi suas grandes vantagens. No ano seguinte criei este blog, que está entre as coisas que eu mais gosto de fazer na net, juntamente com a visita nos blogs amigos e a descoberta de novas pérolas da blogosfera.

Ninguém gosta muito de assumir, mas eu baixo filmes na internet (e quem não baixa?). Antes convertia para DVD e gravava. Fui juntando pilhas de filmes que não tinham muita utilidade, já que eu não revejo a maioria desses filmes. Hoje salvo tudo no pen-drive e apago depois de assistir. Bendito o aparelho de DVD com entrada USB.

E além das citadas, tem coisas que eu ainda nem conheço. Nunca assisti a um filme em BLuray, não tenho MP3 e nenhum dos MPs que surgiram depois; não tenho TV LCD, LED ou 3D; a internet que uso é de 400 Kbps... Será que sou retrógrado?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

MORRE WHITNEY HOUSTON


Morreu no sábado (11/02) à noite, aos 48 anos a diva Whitney Houston. Seu corpo foi encontrado dentro de uma banheira por seu assistente no Beverly Hilton Hotel. A polícia está investigando, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.

Whitney nasceu Newark, Nova York em 09 de agosto de 1963. Sua mãe foi cantora gospel e ela sobrinha de Dionne Worwick e parente distante de Aretha Franklin. A música estava em seu sangue. Aos 11 anos começou a cantar músicas gospel na Igreja Batista de Nova Esperança.

Seu primeiro LP Whitney Houston lhe deu 40 discos de ouro e de platina e foi sete vezes consecutivas numero um nas paradas. Vendeu 14 milhões de cópias e entrou para o Guiness Book. Deste álbum saíram singles como "How Will I Know", "You Give Good Love" e "Saving All My Love for You". Seu discos seguintes também fizeram bastante sucesso e lhe deram vários prêmios.

Com Kevin Costner em O guarda costas

Em 1992 estreou no cinema com o clássico moderno O guarda-costas, co-estrelado por Kevin Costner que trazia o hit I will Always I love you, que vendeu 23 milhões de cópias e foi o single mais vendido de todos os tempos, ficando por 14 semanas na lista da Billboard. A música já tinha sido gravada anteriormente pela cantora/atriz Dolly Parton, entretanto sem o mesmo sucesso.

Com Denzel Washington em Um anjo em minha vida

Já em 1995 participou de Falando de amor, dirigido pelo ator Forest Whitaker; no ano seguinte da refilmagem de Um anjo em minha vida (1996) na qual fazia par romântico com Denzel Whashington e em 1997 uma versão moderna do conto de fadas Cinderella, feito para a televisão. Ficou 15 anos afastada da atuação, até esse ano quando participou de Sparkle, estrelado por Mike Epps e Derek Luke e que deve estrear em agosto.

Com Angela Bassett, Loretta Devine e Lela Rochon em Falando de amor

Com Brandy em Cinderella

Após anos de rumores que ofuscavam o brilho de sua carreira, Whitney abriu o coração em uma entrevista à rede de tv ABC, onde revelou que era viciada em drogas. Sua carreira começou a declinar, já que ela teve grande dificuldades para conviver ou mesmo se recuperar do vício. Em 2009 declarou que estava recuperada.

Não vou negar que era fã de Whitney, adoro O guarda-costa e até seus outros filmes que nunca chegaram nem perto do sucesso deste. Gosto de suas músicas, principalmente de Greatest Love of all e Saving all my love for you, além de I will Always i love you.







domingo, 12 de fevereiro de 2012

JESUS DE MONTREAL


Em 1989, um ano depois de Scorsese lançar “A última tentação de Cristo”, Dennys Arcand lançou essa parábola sobre uma encenação ao ar livre na cidade de Montreal (Canadá) da Paixão de Cristo, intitulada “A paixão na montanha”.

Um rapaz, Daniel Coulombe, é convidado por um sacerdote que adora teatro (ele chega a citar uma montagem de Ricardo III com Alec Guiness) a dirigir e estrelar uma modernização da Paixão de Cristo, já que a montagem anterior já durava 35 anos. Daniel convida quatro amigos atores e a montagem é um sucesso, apesar da oposição da Igreja Católica que não concorda com algumas “liberdades” tomadas pelo autor.

O filme coloca em dúvida vários dogmas da igreja sobre a vida de Cristo, como onde ele nasceu, com quantos anos morreu; que seu verdadeiro nome teria sido Yeshu Ben Panthera, que ele seria filho de um soldado romano e que a Virgem Maria teria sido mãe solteira (e não teria dado a luz virgem) ou que talvez Cristo nem tivesse existido.


A peça é encenada ao ar livre, enquanto duas das atrizes comentam alguns fatos mal explicados da vida de Jesus, como os evangelhos escritos um século depois de seu nascimento, como se passou muito tempo, os autores podem ter mentido, enfeitado e até se esquecido de algumas coisas e que os milagres que Ele fazia eram mais populares que seus sermões.

“Jesus de Montreal” tem em comum com “A última tentação de Cristo”, o fato de chocar o espectador com novos fatos, ficcionais ou não, sobre a vida de Cristo, apesar de que em Jesus de Montreal os fatos polêmicos são narrados, enquanto em A última tentação de Cristo, eles são mostrados. No filme de Dennys Arcand, o sacerdote deixa claro em uma fala, a necessidade que as pessoas têm de acreditar em Deus e em Cristo, como Pedro havia feito no filme de Scorsese.

_ Eles não se importam com as descobertas arqueológicas no Oriente Médio. Querem ouvir que Jesus os ama e os aguarda.

E depois:

_ Nem todo mundo pode pagar um psicanalista. Então eles vêm aqui para que eu lhes diga: “Vão em paz, seus pecados estão perdoados”. Lhes conforta um pouco. Já é algo. Aqui é onde tocamos o fundo da solidão, das enfermidades e da loucura.


É possível fazer um paralelo entre Daniel Coulombe e o próprio Cristo. Primeiramente quando ele quebra várias coisas durante um teste para um comercial de cerveja em que Mireille, sua namorada, é convidada a participar com os seios de fora e como ele não concorda, fica descontrolado, como se o corpo dela estivesse sendo vendido, lembrando a ira de Cristo quando descobre que o templo foi transformado em um mercado. Em seguida quando Daniel está “pregado” na cruz durante a peça e alguém enfurecido durante uma blitz da polícia, que tentava impedir a encenação, derruba a cruz ele bate com a cabeça, já que a cruz cai em cima dele. Já no hospital ele começa a falar como Cristo e a sua morte ocorre num leito em forma de cruz. Daniel é o salvador de algumas vidas, já que seus órgãos são doados e várias pessoas são beneficiadas. Sua ressurreição acontece nessas pessoas que ganham uma nova vida.


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

10 FILMES QUE EU LEVARIA PARA UMA ILHA DESERTA

Clark Gable e Vivien Leigh em E o vento levou

Visitando o blog Veludo Azul me peguei com a dúvida: quais filmes eu levaria para uma ilha deserta? Dez parece pouco já que o tempo ocioso seria muito. Mas vamos a eles, deixando claro que nem todos são os meus preferidos, mas são ideais para momentos específicos:

Amanda Seyfried e Meryl Streep em Mamma Mia - O filme
1. Mamma Mia – Para os momentos em que eu quiser cantar.

Fernanda Montenegro e Vinícius de Oliveira em Central do Brasil

2. Central do Brasil – Para as horas em que chorar for inevitável.

3. E o vento levou – Para os momentos de sonho.


4. Sete noivas para sete irmãos – Para acabar com o tédio.


5. Mulher Objeto – Para os momentos de desespero




6. Tudo sobre minha mãe – Para matar a saudade da minha mãe.


7. Cantando na chuva – Para as horas de chuva.


8. Grease – Nos tempos da brilhantina – Para os dias de sol.


9. Náufrago – Para me inspirar em alguém também isolado.

10. Dumbo – Para não me sentir o único estranho.