terça-feira, 4 de março de 2014

MARCHINHAS DE CARNAVAL


Infelizmente as marchinhas de carnaval não fazem tanto sucesso entre o público quanto antigamente. Não sei se é porque somos pessoas tão diferentes das gerações passadas, ou se é por causa dos trios elétricos que tomaram conta do carnaval. 

O carnaval acabou se confundindo na maioria dos lugares, com uma festa qualquer. Na minha cidade, por exemplo, a festa acontece os cinco dias mas não difere em nada de um baile automotivo qualquer, onde as fantasias foram abolidas e as adoráveis marchinhas não existem mais.

Mas quem não se lembra dessas marchinhas que ficaram tão conhecidas pelos filmes da Atlântida? Elas eram lançadas primeiramente nesses filmes, e todos os detalhes como figurinos, cenários e os trejeitos exagerados dos atores em poses burlescas, faziam crer que no Brasil era carnaval o ano inteiro.


Vamos relembrar as mais conhecidas:
Gosto muito de "A pipa do vovô não sobe mais", que era de duplo sentido e fazia o público rir do vovô que ficou impotente:
"A pipa do vovô não sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás."

Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva, 1936) eternizada na voz da diva Carmem Miranda:
"Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar"

A singela, A jardineira (Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938):
"Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu."


Cachaça (Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953), uma das mais características pro evento, já que todo folia costuma beber até não se aguentar em pé:
"Você pensa que cachaça é água

Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique 
E água vem do ribeirão."

Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963), que insinuava a homossexualidade do personagem, só porque ele tinha o cabelo comprido:
"Olha a cabeleira do Zezé

Será que ele é?
Será que ele é?

Será que ele é bossa nova
Será que ele é Maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é"


Ô balancê (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936), que eu fui conhecer vários anos depois, na voz de Gal Costa:
"Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê

Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê."

Me dá um dinheiro aí (Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959), muito comum na época da "quebradeira" ou mesmo da inflação:
"Ei, você aí! 
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!

Não vai dar? 
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!"

E "Abre alas" (Chiquinha Gonzaga, 1899), que parece ser a mais antiga delas:
"Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar."



Um comentário:

  1. Oi, Gilberto. Apesar de não curtir muito pular Carnaval, já brinquei bastante quando pequena e amava as marchinhas. Meu pai sempre cantarolava, minha falecida tia também, sempre me causa ótimas lembranças. Já Carnaval atrás de trio elétrico não curto mesmo! Um abraço!

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