quinta-feira, 29 de novembro de 2012

VERA FISCHER, 61


A estrela Vera Fischer completou nessa semana 61 anos de muito sucesso e algumas polêmicas.

Vera nasceu em Blumenau, SC em 27 de novembro de 1951. Em 1969 foi eleita Miss Brasil e em seguida começou a atuar como jurada nos programas de TV. Sua beleza chamou a atenção dos produtores de cinema, onde estreou em “Sinal vermelho: as fêmeas” (1972), fazendo em seguida “O anjo loiro” (1973), “A superfêmea” (1973), “Essa gostosa brincadeira a dois” (1973), “As delícias da vida” (1974), “As mulheres que fazem diferente” (1974), “Macho e fêmea” (1974) e “Intimidade” (1976).


Foi a primeira musa da pornochanchada, já que fez só filmes eróticos até 1977, quando estreou na televisão, na novela “Espelho mágico”. Sofreu muito preconceito por acharem que ela era apenas um rosto bonito sem nenhum talento dramático. Depois disso não parou mais de atuar na televisão e conseguiu provar que tem talento participando de várias novelas e minisséries, como “Brilhante” (1981), “Mandala” (1987) onde viveu Jocasta e eternizou a música ‘O amor e o poder” de Rosana (ficando então conhecida como uma “deusa”) e conheceu seu futuro marido Felipe Camargo – “Riacho Doce” (1990), “Perigosas Peruas” (1992), “Agosto” (1993), “Pátria minha” (1995) – quando começaram os problemas pessoais, os atrasos nas gravações, o casamento conturbado e o envolvimento com as drogas que fizeram com que ela e Felipe saíssem da novela. Depois de superar os problemas e acabar o casamento, retornou no ano seguinte em “O rei do gado” (1996), o remake fadado ao fracasso “Pecado Capital” (1998), os sucessos de “Laços de família” (2000), “O Clone” (2001) e “Caminho das Índias” (2009).


Em 2008 e 2009, lançou os livros de Memórias “Vera, a pequena Moisi” e “Um leão por dia”, onde não esconde nenhum fato de sua vida e carreira. No final do ano passado se internou novamente para desintoxicação e agora recuperada, brilha em outra trama de Glória Perez, Salve Jorge, como uma das vilãs, que é traficante de escravas brancas, mas estou achando seu papel meio apagado. Vera merece mais.





terça-feira, 27 de novembro de 2012

O ESPECTADOR DESATENTO



Lendo o texto de Jonathan Crary sobre a visão que se desprende, cabe analisar também o nível de atenção do espectador do cinema atual. O texto já previa que a atenção era um problema moderno. E realmente o é. Com a modernidade vieram diversas coisas para tirar a atenção do espectador: celulares, tablets, mp3, 4, 5...

É comum encontrar no cinema, pessoas falando nos celulares, mandando mensagens de texto, conversando coisas banais, dormindo e consequentemente roncando. Coisas que tiram a atenção de quem foi ali para ver um bom e se abstrair por duas horas. Eu sei que alguns filmes são chatos (ou não o filme inteiro, mas alguns momentos) e que a gente acaba “voando” em alguns momentos, pois imagina que não vai perder nada de importante nesse tempinho, mas isso não quer dizer que deve incomodar as outras pessoas, só porque não está prestando atenção no filme. Se quiser conversar ou fazer todas essas coisas que algumas pessoas fazem no cinema, é só ficar na praça de alimentação dos shoppings, ou melhor: em casa.


Um cinema de Londres encontrou uma solução interessante para calar as pessoas que conversam ou atendem o celular durante a projeção. Pessoas fantasiadas de ninja calam as pessoas que não se comportam durante a sessão. São voluntários que fazem isso para não papar entrada no cinema. Alguma rede podia tentar isso aqui no Brasil também...

Depois quando essas pessoas são interrogadas sobre o filme que viram não conseguem lembrar nem o nome, quanto mais detalhes importantes da trama. Mas isso acontece em todos os lugares, até em casa, quando vão ver filmes em DVD, com a vantagem de que lá podem parar o filme quando quiserem e não quiserem prestar atenção, pelo menos não vão incomodar ninguém.

Mas por que a atenção se tornou algo tão efêmero? Será que alguns pensam que dentre tantas coisas para pensar, nada merece nossa atenção por tanto tempo? E olha que nas salas de aula também é assim, mas isso é uma outra história...

Participe da caminhada pela doação de medula óssea, 
mas se não puder participar, apenas doe.


domingo, 25 de novembro de 2012

A VISÃO QUE SE DESPRENDE: MANET E O OBSERVADOR ATENTO NO FIM DO SÉCULO XIX

Resumo do texto de Jonathan Crary



O surgimento da visão subjetiva (1810 – 1840) foi um dos desenvolvimentos mais importantes da história da cultura visual (visualidade). O funcionamento da visão tornou-se dependente da constituição fisiológica, o que tornou a visão imperfeita, discutível e arbitrária. A visão ou qualquer um dos sentidos, não podia mais reivindicar uma objetividade ou certeza essenciais. Por volta de 1860, foram definidos os contornos de uma crise epistemológica, na qual a experiência perceptiva perdera as garantias em relação à criação do conhecimento.

Um regime disciplinar de atenção foi imposto pela lógica do capitalismo que tornou o problema da atenção fundamental devido à crise contínua sofrida por ela com a introdução de novos produtos, novas fontes de estímulo e fluxos de informação, respondendo com novos métodos de administrar a percepção.

O sistema econômico emergente demandava atenção em relação a uma ampla gama de novas tarefas produtivas, pois o capitalismo e a modernidade exigem que mudemos nossa atenção rapidamente de uma coisa para outra.


O problema da atenção é moderno. A atenção era o local de observação, classificação e mensuração, através da qual muitos conhecimentos foram acumulados.

A atenção e a distração não eram dois estados essencialmente diferentes, mas conviviam juntas. A atenção se intensificava e diminuía, subia e descia, de acordo com um conjunto de variáveis. Ela foi descrita como o que impede nossa percepção de ser um fluxo caótico de sensações. É muito mais que uma questão de contemplação, de olhar, de oticidade. A visão é a camada de um corpo que pode ser capturado.

Vários estudos sobre atenção a distinguem em duas formas. A primeira era a atenção consciente e voluntária, orientada por tarefas e associada a comportamentos mais desenvolvidos. A segunda era a atenção automática ou passiva, que incluía as áreas da atividade habitual, fantasias, devaneios. Mas essa teoria nunca foi totalmente confirmada.


É possível fazer uma conexão entre a atenção e um quadro do pintor Edouard Manet (pintor francês nascido em 1832 e falecido em 1883). Uma das figuras mais importantes da arte do século XIX. Suas principais obras foram: Almoço na relva ou Almoço no campo, Olímpia, A sacada, O tocador de pífaro, A execução de Maximiliano e Na estufa (Dans la serre) de 1879, que será analisado aqui.

“Na estufa” foi exposto no Salão de 1879 e provocou reações fortes e críticas por Manet ter se afastado de seu estilo mais ambicioso e por fazer concessões ao público ao pintar mãos e faces com mais cuidado que o normal. Outros consideram esta obra mais conservadora por trazer  pouco da inventividade e audácia de outros quadros. Talvez ele tenha modificado seu estilo, para uma maior aceitação, depois da rejeição sofrida no Salão de 1970.

O quadro é como um mapeamento complexo das ambigüidades da atenção visual.

Foi denominada de facialidade o predomínio da face nos quadros. Manet pintou  cuidadosamente a face feminina. Essa parecia ser uma mudança em sua prática. Em grande parte da obra de Manet, a impressão e a atmosfera da face tornam-se um terreno novo e inquietante.

Alguns pontos de compressão e restrição prendem a mulher, como o espartilho, cinta, pulseira, luva e anel. Em contraponto com a figura curvada e encolhida do homem. O que indica sujeição e coação numa corporalidade organizada e inibida. Os potes  de vasos e flores também representam uma clausura, como um instrumento de domesticação. Até mesmo a grade do banco é um pequeno eco da figura cilhada da mulher, como se a madeira estivesse comprimida por uma presilha.



A sensação de estar preso, também é devido ao emaranhado de verde atrás das figuras. Manet aplicou uma camada de tinta tão espessa na vegetação, que ela parece estar mais próxima de nós do que o homem e a mulher.

A temática da pressão e compressão é sugerida pelo título do quadro Dans la serre. A palavra francesa serre, “estufa”, significava um lugar fechado e é também uma forma do verbo serrer que significa apertar, segurar com força, prender com firmeza.

A figura da mulher é um exemplo de palidez do vazio psicológico ou do descomprometimento relacionado a Manet? Ela está perdida em pensamentos, em absorção vazia ou em um quase transe? Nos é mostrado um corpo cujos olhos estão abertos, mas não vêem, não aprendem, não fixam. É possível vê-la como uma apresentação pública de domínio impassível do ego.

Há semelhança entre a posição das figuras no quadro e uma das primeiras formas de prática terapêutica: um método de ficar atrás dos pacientes histéricos e murmurar-lhes enquanto eles pareciam estar desatentos.


Manet sugere uma atenção e/ou distração ambíguas na forma como pintou os olhos do homem. Seus dois olhos são mostrados como separados. Um olho aberto, olhando além e talvez acima da mulher, enquanto do outro olho só se vê as pálpebras, talvez esteja olhando para o guarda-chuva da mulher, sua mão enluvada ou para o anel em seu dedo. São dois eixos óticos díspares, onde a pontualidade da visão é desfeita.

A energia de ligação vem das duas alianças de casamento, próximas uma da outra, perto do centro do quadro. Seria um par conjugal (os modelos para o quadro também eram casados), ou um encontro ilícito entre um homem e uma mulher casados com terceiros? Os anéis de casamento estão relacionados a desejo contido e canalizado como o torso com cinto e espartilho da mulher. É possível sugerir que o fato de as figuras estarem separados pela grade do banco, sem comunicação, represente uma noiva e um solteirão enredados por uma incompletude perpétua.

O não-acontecimento também é sugerido pelos dedos que por pouco não se tocam, uma tatilidade que se tornou anestesiada ou paralisada, mesmo que a mão da mulher esteja sem luva, pronta para iniciar ou receber uma carícia.

A efemeridade da atenção entrou em jogo com o surgimento do mundo mercantil da moda, como um comportamento produtivo da modernização. A figura da mulher adornada como uma flor entre as flores ou da moda como um avanço florescente, representa que a mercadoria é parte da organização sufocante do quadro.

O declínio do observador pontual ou ancorado aconteceu pelo sujeito atento instável. Um sujeito que irá se tornar o objeto de todas as indústrias da imagem e do espetáculo no século XX, incluindo o cinema.

* Todas as pinturas presentes nesta postagem são de autoria de Edouard Manet e o texto de Jonathan Crary.


Doe Medula Óssea. Doe vida para seu próximo:
Rodrigo Faro também apoia essa ideia.




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O FENÔMENO AMANHECER



Confesso que nunca fui fã da saga Crepúsculo, mas mesmo assim assisti a todos os filmes, influenciado pela avassaladora maioria. O primeiro deles era quase insuportável, mas a série foi melhorando com o passar do tempo e a mudança de diretores, sempre prestigiados, mas que nunca deixaram sua marca, talvez para não espantar o público, se é que isso seria possível.

Este é o quinto filme. Os anteriores foram Crepúsculo (2008), Lua nova (2009), Eclipse (2010) e Amanhecer – Parte 1 (2011) renderam um bilhão de dólares nos Estados Unidos e 2,5 bilhões no resto do mundo e serviram para transformar em astros Robert Pattinson, Kristen Stewart e Taylor Lautner.


O Brasil tem mais de 2.300 salas de cinema, das quais 1300 foram ocupadas com o filme que tem o quilométrico título de A saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2 – O final. E devido a essa maciça ocupação, conseguiu atrair 3.147.557 espectadores de quinta-feira a domingo (15 a 18/11/2012), o que não deve ser diferente nessa semana. Não tem mais pra nenhum outro filme enquanto essa febre não passar e todos os fãs ou curiosos tiverem assistido.

Ontem, sete dias depois da estréia, pensei que já tinha diminuído um pouco a lotação das salas e fui com três amigos (Roberto, Rennan e Lucélia) ao Araguaia Shopping, mas ainda continuam do mesmo jeito: filas enormes com todos esperando para ver Amanhecer. Ninguém queria ver outro filme.

Toda a crítica especializada o louva como o melhor da série. Se isso é verdade? É sim. A parte inicial é meio chatinha, mas quando a ação começa, o filme melhora muito. O público que lotava a sala chegava a aplaudir quando os vilões levavam a pior ou morriam, como se estivéssemos em um teatro e os atores pudessem ouvir os aplausos.


O filme começa exatamente quando termina a parte 1 com Bella acordando e tomando conhecimento da filha Renesmee que é meio humana, meio vampira, o que causa o maior conflito quando todos pensam que ela é uma ameaça e tentam destruí-la. Os vampiros e os lobos reúnem-se para a luta e tem até uns índios brasileiros bem fajutos para ajudá-los no momento chave. Toda vez que as duas índias da Amazônia apareciam o público ria, pois está na cara que elas não são brasileiras e até o figurino é equivocado. É um bom filme, apesar de uma reviravolta inesperada decepcionar um pouco, mas como disse meu amigo, a emoção do momento anterior já tinha valido a pena. Apesar de ter gostado, ainda bem que a saga acabou.


Do elenco principal todos tentam alçar voos mais altos e prosseguir com o sucesso além da série e provando que tem talento. Isso é um pouco mais complicado e talvez ainda leve um tempo. Pattinson chegou a participar de Harry Potter e o cálice de fogo (2005) antes de Crepúsculo e depois no subestimado Lembranças (2010), Água para elefantes (2011), Cosmópolis (2012) e Bel Ami – O sedutor (2012).


Kristen Stewart já tinha feito vários filmes, como Os Flintstones em Viva Rock Vegas (2000), O quarto do pânico (2002), Ninguém segura essas crianças (2004), Zathura – Uma aventura espacial (2005), Na natureza selvagem (2007) e depois da saga, Férias frustradas de verão (2009), Corações perdidos (2010), Na estrada (2012), onde aparece até nua e Branca de neve e o caçador (2012), que causou a maior polêmica quando foram divulgadas fotos suas com o diretor do filme, o que abalou seu romance com Pattinson, mas agora tudo parece estar normal e já foi anunciada a continuação desse filme.


Taylor Lautner participou de As aventuras de Sharkboy e Lavagirl (2005), Doze é demais 2 (2005) e depois Sem saída (2012). No ano que vem será lançado Gente grande 2. Se nem o primeiro era bom, imagina o segundo! Dos três, foi o que teve menos visibilidade depois da série.

Vendo toda aquela lotação na sala e pessoas empolgadas, fiquei relembrando as sessões com salas vazias que eu presenciei, como quando assisti À beira do caminho em Ribeirão Preto e não havia ninguém além de mim na sala. Pensei que nem iam exibir o filme só para mim, mas o fizeram. Isso aconteceu outras vezes, mas o fato de eu ir mais ao cinema à tarde colabora para isso, já que as salas costumam lotar mais à noite ou nos finais de semana.


E doe medula óssea para ajudar quem precisa...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA NEGRA NO CINEMA BRASILEIRO


20 de novembro é o Dia da Consciência Negra. Muitos não sabem, mas o Brasil é atualmente o segundo país do mundo em população negra, superado apenas pela Nigéria e a frente da Etiópia, do Congo e da África do Sul. 

Favela dos meus amores (1935) de Humberto Mauro foi o primeiro filme brasileiro a tratar do assunto, mas mesmo assim a maioria dos atores é branca ou morena clara. O filme foi censurado por mostrar muitos pobres e consequentemente negros. Que absurdo! Como se isso devesse ser escondido.

O ébrio (1945) de Gilda de Abreu também trazia três personagens negros, mas todos estereotipados em papéis de empregados ingênuos e inverossímeis de tão bondosos.

As chanchadas sempre trouxeram vários personagens negros, mas a maioria também de forma estereotipada. Em O caçula do barulho (1949), um comediante  branco se recusa a seduzir uma criada negra e gorda porque a acha parecida com um chimpanzé. Em E o mundo se diverte (1949), um negro atende o telefone e uma mulher pede que ele se descreva e ele diz que é loiro, bonito e de olhos azuis. A dupla do barulho (1953) mostra o problema racial nitidamente. Nele, uma dupla de comediantes (um branco e um negro), o negro sente-se preterido, abandona tudo e torna-se alcoólatra. 

Mas antes disso, Também somos irmãos (1949), já tinha tratado do assunto. São dois irmãos negros, um advogado e outro marginal e esse segundo sente na pele o preconceito racial por não ter a mesma posição do irmão. Rio zona norte (1957) e Bahia de todos os santos (1960), influenciados pelo neorealismo italiano também tratavam de personagens marginais.

Pode-se destacar também Sinhá Moça (1953), Barravento (1960), Ganga zumba (1964), Compasso de espera (1964), Um é pouco, dois é bom (1970), O amuleto de Ogum (1974), Xica da Silva (1976), As aventuras amorosas de um padeiro (1976), Tenda dos milagres (1977), A deusa negra (1979), Na boca do mundo (1979),  A longa noite de prazer (1984), Chico rei (1985), A negação do Brasil, Atabaque Nzinga, As filhas do vento (2005), Vamos fazer um brinde (2011),

O livro O negro no cinema brasileiro de ficção de João Carlos Rodrigues, trata especificamente do assunto.

Atores negros de grande destaque no cinema brasileiro:


Mussum

Milton Gonçalves

Ruth de Souza

Léa Garcia

Zezé Mota

Taís Araújo

Grande Otelo

Lázaro Ramos


Além disso:

domingo, 18 de novembro de 2012

VEJA AGORA MAIS UM FILME BRASILEIRO


Completei agora 1400 filmes nacionais assistidos e o 1400º foi a coprodução Brasil/ França/ EUA, Na estrada dirigido por Walter Salles.

Nem me lembro como começou a minha paixão pelo cinema nacional. Talvez pelos filmes dos Trapalhões e da Xuxa exibidos incessantemente na Sessão da Tarde da Globo, mas tudo se intensificou em 1995, quando a Globo exibiu a série “100 anos luz” sobre os 100 anos do cinema e eu descobri que eu não sabia ou entendia quase nada sobre o assunto. Me lembro especificamente de um episódio que falava sobe o cinema brasileiro, que eu não conhecia quase nada até então. Nesse episódio foram exibidas cenas de “Índia – A filha do sol” e “Gabriela”. Talvez a paixão por cinema nacional tenha começado ali. Morro de vontade de rever esse especial.


Ou talvez tenha começado por aquela curiosidade comum aos adolescentes de ver coisas eróticas, tão comuns nas pornochanchadas. Foram elas o maior chamariz de início, com os filmes do Made in Brazil da Band. Em seguida veio a TVE Brasil com o “Cadernos de Cinema” que após a exibição dos filmes, levava convidados para debater o longa sob o comando da jornalista Vera Barroso. A rede Globo, naquela época só exibia filmes brasileiros na primeira semana do ano com o Festival Nacional, mas isso ainda era pouco para mim que consumia avidamente esses filmes.


Depois o Cine Brasil TV, um canal de produção independente que passa vários filmes e o melhor de tudo: é exibido em sinal aberto no satélite para quem quiser assistir. Foi nesse canal que conheci quase todos os filmes do diretor Carlos Hugo Christensen, como “O menino e o vento”, “Enigma para demônios”, “Anjos e demônios”, “Viagem aos seios de Duília” e do diretor e ator Carlo Mossy (foto), um dos reis da pornochanchada, além de tantos outros filmes imperdíveis dos anos 60 aos anos 90. O canal é dirigido por Tereza Trautman (que tive a oportunidade de conhecer e é um amor de pessoa) que nos anos 70 e 80 dirigiu filmes como “Os homens que eu tive” e “Sonhos de menina moça”.

O Canal Brasil ainda continuava sendo um sonho, quando descobri a TV por assinatura “Astral Sat” e virei assinante só por causa desse canal. Oito meses depois o canal foi retirado e ela logo faliu. Reclamei muito, mas não adiantou nada. Estava de novo órgão do Cinema Brasileiro quando resolvi assinar a Sky, pois dali acho que o canal não sai. Quando comecei a faculdade, cancelei minha assinatura e até hoje não voltei a ser assinante.

As trocas de filmes brasileiros com colecionadores também ajudaram muito. Descobri várias pérolas, muitos com ótima qualidade, apesar da maioria ter sido gravada do VHS original. A maioria desses filmes também eram pornochanchadas.

Othon Bastos em Deus e o diabo na terra do sol

E por último, os downloads. Depois que descobri os macetes de se baixar filmes na internet, nunca mais faltou filmes para eu assistir e é claro que os filmes brasileiros são prioridade e eu não deixo de baixar um filme nacional pra baixar qualquer filme estrangeiro que seja. Apesar que os próprios internautas tem preconceito com os filmes brasileiros e upam muito mais os filmes estrangeiros, principalmente os americanos. O Markito fazia um trabalho primordial nesse quesito com o blog Acervo Nacional, mas infelizmente ele morreu e até agora não apareceu outro substituto. Apesar que o blog Eu gosto é de filmes brasileiros se aproxima muito do Acervo, mas foca mais nos filmes eróticos e pornôs, ao contrário do Acervo que tinha filmes de todos os tipos.

No início tinha preconceito com as chanchadas e os filmes da Mazzaropi, mas hoje os adoro e já vi 28 dos 32 filmes que Mazzaropi fez. Acho alguns filmes do Cinema novo meio chatos, bem como quase todos os de Glauber Rocha, mas mesmo assim ainda vejo todos com grande prazer.


O cinema marginal me agrada muito. Adoro O pornográfico; O cangaceiro é o melhor entre os filmes de cangaço; Pixote – A lei do mais fraco, um dos melhores da Embrafilme; os filmes de sexo explícito da boca do lixo também me agradam, pois sempre contavam uma história (mesmo que tosca) e a trilha sonora era de música clássica como Chopin e Beethoven. Alfredo Sternheim é o meu diretor preferido dessa época; Alma Corsária, um dos melhores da fatídica Era Collor; Central do Brasil, o melhor da retomada e o meu preferido de todos os tempos, mas gosto também de todos os outros, até os da Globo Filmes  que todos dizem que parece novela.

Carolina Ferraz e Bertrand Duarte em Alma Corsária

Queria encontrar alguém tão apaixonado por cinema nacional quanto eu e que visse todos os filmes nacionais que encontrasse pela frente, mas até agora isso não aconteceu. Continuo procurando. Se for algum leitor dessa postagem, entre em contato para trocarmos experiências.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A PRIMAVERA


Já falei um pouco sobre a primavera aqui, quando publiquei a letra da música Manhãs de setembro de Vanusa. E agora para a Primavera pensei inicialmente em Primavera (Vai chuva) do Tim Maia, que é belíssima, mas procurando no Vagalume encontrei essa bela música de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, cantada por Maria Bethania, que eu simplesmente adoro!

A PRIMAVERA
Vinícius de Moraes e Carlos Lyra

O meu amor sozinho,
É assim como um jardim sem flor,
Só queria poder ir dizer a ela,
Como é triste se sentir saudade.

É que eu gosto tanto dela,
Que é capaz dela gostar de mim,
Acontece que eu estou mais longe dela,
Do que a estrela a reluzir na tarde.

Estrela, eu lhe diria,
Desce à terra, o amor existe,
E a poesia só espera ver nascer a primavera,
para não morrer,
Não há amor sozinho,
É juntinho que ele fica bom,
Eu queria dar-lhe todo o meu carinho,
Eu queria ter felicidade.

É que o meu amor é tanto,
Um encanto que não tem mais fim,
No entanto ela não sabe que isso existe,
É tão triste se sentir saudade.

Amor,eu lhe direi,
Amor que eu tanto procurei,
Ah! quem me dera eu pudesse ser,
A tua primavera e depois morrer.





Vamos ajudar nosso próximo, tanto na primavera, 
quanto nas outras estações:



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DAMOLÂNDIA: CIDADEZINHA CHEIA DE GRAÇA

Eu em frente ao ponto turístico de minha cidade


Minha terra natal e onde ainda vivo, Damolândia (GO), completa hoje 54 anos. Pela tradição das pessoas mais velhas, ficou conhecida como a cidade do carro-de-boi, devido àqueles que todos os anos fazem o percurso de mais de 70 km até a cidade de Trindade (GO) de carro-de-boi, relembrando os velhos tempos em que todos viviam do serviço do campo e eram muito pobres.


Damolândia é uma cidade pequena, com pouco mais de 2.700 habitantes e sem muitas opções de lazer. Não há cinema, teatro, shoppings ou boates. Só alguns barezinhos, muito manjados. Mas tem a vantagem de ser uma cidade muito pacata. Quase não há roubos ou mesmo casos de violência e todo mundo se conhece e sabe da vida um do outro, o que em certo ponto até atrapalha, pois gera a temida fofoca, que só atrapalha a vida de todo mundo, causada por aqueles que não tem muito o que fazer, ou mesmo tendo, fazem questão de destilar um pouco de veneno.

Não há muitas opções de emprego, então alguns tem que se mudar para Goiânia, mas na primeira oportunidade retornam, pois todo mundo gosta muito daqui.  

O poema que melhor representa Damolândia é Cidadezinha cheia de graça, que parece que foi feito pra ela:



Cidadezinha cheia de graça

Mário Quintana

Cidadezinha cheia de graça…
Tão pequenina que até causa dó!
Com seus burricos a pastar na praça…
Sua igrejinha de uma torre só.
—-
Nuvens que venham, nuvens e asas,
Não param nunca, nem um segundo…
E fica a torre sobre as velhas casas,
Fica cismando como é vasto o mundo!…
—-
Eu que de longe venho perdido,
Sem pouso fixo ( que triste sina!)
Ah, quem me dera ter lá nascido!
Lá toda a vida poder morar!
Cidadezinha… Tão pequenina
Que toda cabe num só olhar…





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

13º PROJETA BRASIL CINEMARK

João Miguel e Vinícius Nascimento em À beira do caminho

A rede Cinemark promove hoje em todas as suas 466 salas, o 13º Projeta Brasil, que como todos os anos, exibe em uma segunda-feira de novembro só filmes brasileiros a preços populares. Esse ano será cobrada a quantia simbólica, cuja renda será revertida para projetos de incentivo e apoio ao cinema nacional.

Foram selecionados 22 filmes lançados entre novembro de 2011 e outubro de 2012, alguns que já saíram de cartaz e outros lançamentos como Gonzaga - De pai pra filho. Veja a lista completa:


  • Gonzaga, de pai para filho, de Breno Silveira 
  • À Beira do caminho, de Breno Silveira
  • Até que a sorte nos separe, de Roberto Santucci
  • Totalmente inocentes, de Rodrigo Bittencourt 
  • Xingu, de Cao Hamburger
  • E aí, comeu?, de Felipe Joffily
  • 31 minutos, de Álvaro Díaz e Pedro Peirano
  • O Diário de Tati, de Mauro Farias 
  • Vou rifar meu coração, de Ana Rieper 
  • E a vida continua, de Paulo Figueiredo
  • Paraísos artificiais, de Marcos Prado
  • As Aventuras de Agamenon, o repórter, de Victor Lopes
  • 2 Coelhos, de Afonso Poyart
  • Billi Pig, de José Eduardo Belmonte
  • Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca
  • Reis e Ratos, de Mauro Lima
  • Corações Sujos, de Vicente Amorim 
  • Soberano 2, de Carlos Nader e Maurício Arruda
  • Heleno, de José Henrique Fonseca
  • Tropicália, de Marcelo Machado 
  • Curitiba Zero Grau, de Elói Pires
  • Luto em luta, de Pedro Serrano

As 12 edições anteriores atraíram 1,6 milhão de espectadores. Só no ano passado foram 133 mil. Todos os anos planejo ir e nunca dá certo... Da lista já vi 12 filmes e quero ver os outros 10!