Hoje
apresento a vocês a entrevista que fiz com a crítica de cinema (e amiga)
Tacilda Aquino. Conhecemos-nos no curso de Especialização em Cinema e Educação
e devo confessar que aprendi muito com ela, já que ela fez da crítica
cinematográfica a sua vida, trabalhando por mais de 30 anos no jornal de maior
circulação no estado de Goiás, “O Popular”. E é alguém que entende muito mais
de cinema do que eu...
Como começou sua paixão por cinema?
Não
sei bem. Acho que veio do meu pai. Ele era alfaiate em Barreiras, na Bahia e
quando veio para Goiás se empregou no antigo Cine Santa Maria (no Centro de
Goiânia) como porteiro. E assistia aos filmes que podia. Quando nasci, estava
em cartaz Floradas na Serra, que tinha sido lançado dois anos antes. O filme
era dirigido pelo italiano Luciano Salce com roteiro baseado em romance
homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, produzido pelos estúdios Vera Cruz. O
filme era estrelado por Cacilda Becker e Jardel Filho. Meu pai queria me
registrar como Cacilda, em homenagem a Cacilda Becker, mas como já tinha meu
irmão Tackson, minha mãe o convenceu a trocar o C pelo T.
Quando cursou jornalismo, você já
pensava em trabalhar como crítica de cinema ou foi algo que surgiu com o tempo?
Na
realidade não. Sempre gostei de jornalismo cultural, mas passei por todas as
editorias no jornal e também trabalhei em rádio, no jornalismo e na produção
executiva de programação. A crítica apareceu como uma das diversas atividades
quando fui para o Caderno Dois, primeiro no jornal Folha de Goyaz e depois em O
Popular. Quando o Tadeu Porto, que era o titular da coluna de cinema de O
Popular deixou o jornal, fiquei escrevendo no lugar dele e fui ficando. Tempos
depois, quando fui transferida pela a editoria de Informática, continuei
escrevendo para o Caderno 2.
Além de A noite americana, quais seus
filmes preferidos?
Difícil
eleger um filme predileto. Tenho alguns que me tocaram mais e tiveram
significados especiais porque foram visto em momentos especiais de minha
vida. A pergunta remete à anterior. Para
você ter uma idéia, em 1977 (ano em que entrei na faculdade) assisti A Garota
do Adeus, de Herbert Ross e me apaixonei por Marsha Mason e Richard Dreyfuss. E
antes de entrar na faculdade já tinha me apaixonado por Clint Eastwood em Dirty
Harry, que apareceu pela primeira vez na telona em 1971. E também por Perversa
Paixão que já revelava Eastwood como um diretor que prometia. Adoro Bye bye
Brasil, de Cacá Diegues, A Hora da Estrela, principalmente pela interpretação
de Marcela Cartaxo, de Mulher Objeto, de Sílvio de Abreu, O Homem do Pau
Brasil, de Joaquim Pedro de Andrade.
Gosto
muito de um filme do Neil Jordan, de 1981, chamado O Doce Sabor de um Sorriso
(Only When I Laugh), com Marsha Mason, que fala do relacionamento entre uma
atriz alcoólatra que está tentando parar de beber e a sua filha adolescente.
Este filme foi feito dois anos depois de A Garota do Adeus, com a mesma Marsha
Mason e Richard Dreyfuss.
Adoro
os filmes de Krzysztof Kiéslowski, principalmente Não Matarás, e Não Amarás.
Gosto de um filme iraniano A Caminho de Kandahar de Mohsen Makhmalbaf, O Jarro
do também iraniano Ebrahim Foruzesh. Gostei imensamente de
Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lynne Ramsay com Tilda Swinton, que está
excepcional. Não entendi porque ela não foi indicada ao Oscar. Tá vendo o gosto
é diversificado. Assim fica difícil dizer que esse ou aquele é o predileto.
Conte-nos sobre os atores e diretores
que conheceu. Quais os que mais te impressionaram por sua simpatia e quais os
que te decepcionaram?
Ninguém
me decepcionou porque na verdade não esperava nada além do que eles tinham para
dar. Estavam aqui para divulgar seus filmes e sempre eram simpáticos. Gostei
imensamente de conversar com Alan Parker quando da realização de Coração
Satânico (1987). Ele estava trabalhando na pré-produção de Mississipi em
Chamas, que realizaria no ano seguinte e conversamos despretensiosamente sobre
o filme e também sobre A Chama que Não se Apaga (Shoot The Moon), que ele tinha
feito em 1982 e não tinha alcançado o resultado esperado. Eu tinha gostado
muito do filme e Parker disse que era um de seus prediletos. Isso rendeu boas
conversas. Claro que adorei conversar com a musa de A Noite Americana,
Jacqueline Bisset. Infelizmente não tinha sido por conta do filme. A conversa
foi sobre Hig Season (1988), de Clare Peploe, esposa de Bernardo Bertollucci,
que estava se aventurando na direção. O interessante é que o filme tinha uma
ponta de Kenneth Branagh. Gostei demais de conversar com C. C. H. Pounder, de
Bagdá Café, que infelizmente não deslanchou na telona, mas que pode ser vista
na TV.
Continua...
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