sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

ENTREVISTA COM A CRÍTICA DE CINEMA TACILDA AQUINO


Hoje apresento a vocês a entrevista que fiz com a crítica de cinema (e amiga) Tacilda Aquino. Conhecemos-nos no curso de Especialização em Cinema e Educação e devo confessar que aprendi muito com ela, já que ela fez da crítica cinematográfica a sua vida, trabalhando por mais de 30 anos no jornal de maior circulação no estado de Goiás, “O Popular”. E é alguém que entende muito mais de cinema do que eu...


Como começou sua paixão por cinema?

Não sei bem. Acho que veio do meu pai. Ele era alfaiate em Barreiras, na Bahia e quando veio para Goiás se empregou no antigo Cine Santa Maria (no Centro de Goiânia) como porteiro. E assistia aos filmes que podia. Quando nasci, estava em cartaz Floradas na Serra, que tinha sido lançado dois anos antes. O filme era dirigido pelo italiano Luciano Salce com roteiro baseado em romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, produzido pelos estúdios Vera Cruz. O filme era estrelado por Cacilda Becker e Jardel Filho. Meu pai queria me registrar como Cacilda, em homenagem a Cacilda Becker, mas como já tinha meu irmão Tackson, minha mãe o convenceu a trocar o C pelo T.


Quando cursou jornalismo, você já pensava em trabalhar como crítica de cinema ou foi algo que surgiu com o tempo?

Na realidade não. Sempre gostei de jornalismo cultural, mas passei por todas as editorias no jornal e também trabalhei em rádio, no jornalismo e na produção executiva de programação. A crítica apareceu como uma das diversas atividades quando fui para o Caderno Dois, primeiro no jornal Folha de Goyaz e depois em O Popular. Quando o Tadeu Porto, que era o titular da coluna de cinema de O Popular deixou o jornal, fiquei escrevendo no lugar dele e fui ficando. Tempos depois, quando fui transferida pela a editoria de Informática, continuei escrevendo para o Caderno 2.


Além de A noite americana, quais seus filmes preferidos?

Difícil eleger um filme predileto. Tenho alguns que me tocaram mais e tiveram significados especiais porque foram visto em momentos especiais de minha vida.  A pergunta remete à anterior. Para você ter uma idéia, em 1977 (ano em que entrei na faculdade) assisti A Garota do Adeus, de Herbert Ross e me apaixonei por Marsha Mason e Richard Dreyfuss. E antes de entrar na faculdade já tinha me apaixonado por Clint Eastwood em Dirty Harry, que apareceu pela primeira vez na telona em 1971. E também por Perversa Paixão que já revelava Eastwood como um diretor que prometia. Adoro Bye bye Brasil, de Cacá Diegues, A Hora da Estrela, principalmente pela interpretação de Marcela Cartaxo, de Mulher Objeto, de Sílvio de Abreu, O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro de Andrade.

Gosto muito de um filme do Neil Jordan, de 1981, chamado O Doce Sabor de um Sorriso (Only When I Laugh), com Marsha Mason, que fala do relacionamento entre uma atriz alcoólatra que está tentando parar de beber e a sua filha adolescente. Este filme foi feito dois anos depois de A Garota do Adeus, com a mesma Marsha Mason e Richard Dreyfuss.

Adoro os filmes de Krzysztof Kiéslowski, principalmente Não Matarás, e Não Amarás. Gosto de um filme iraniano A Caminho de Kandahar de Mohsen Makhmalbaf, O Jarro do também iraniano Ebrahim Foruzesh. Gostei imensamente de Precisamos Falar Sobre o Kevin de Lynne Ramsay com Tilda Swinton, que está excepcional. Não entendi porque ela não foi indicada ao Oscar. Tá vendo o gosto é diversificado. Assim fica difícil dizer que esse ou aquele é o predileto.


Conte-nos sobre os atores e diretores que conheceu. Quais os que mais te impressionaram por sua simpatia e quais os que te decepcionaram?

Ninguém me decepcionou porque na verdade não esperava nada além do que eles tinham para dar. Estavam aqui para divulgar seus filmes e sempre eram simpáticos. Gostei imensamente de conversar com Alan Parker quando da realização de Coração Satânico (1987). Ele estava trabalhando na pré-produção de Mississipi em Chamas, que realizaria no ano seguinte e conversamos despretensiosamente sobre o filme e também sobre A Chama que Não se Apaga (Shoot The Moon), que ele tinha feito em 1982 e não tinha alcançado o resultado esperado. Eu tinha gostado muito do filme e Parker disse que era um de seus prediletos. Isso rendeu boas conversas. Claro que adorei conversar com a musa de A Noite Americana, Jacqueline Bisset. Infelizmente não tinha sido por conta do filme. A conversa foi sobre Hig Season (1988), de Clare Peploe, esposa de Bernardo Bertollucci, que estava se aventurando na direção. O interessante é que o filme tinha uma ponta de Kenneth Branagh. Gostei demais de conversar com C. C. H. Pounder, de Bagdá Café, que infelizmente não deslanchou na telona, mas que pode ser vista na TV.

 Continua...

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