quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

BIBI FERREIRA MORRE AOS 96 ANOS



A atriz e cantora Bibi Ferreira, diva dos musicais brasileiros, morreu nesta quarta-feira (13), aos 96 anos, no Rio. Também apresentadora, diretora e compositora, ela foi um dos maiores fenômenos artísticos do país.

Segundo Tina Ferreira, filha única de Bibi, a artista morreu no início da tarde em seu apartamento no Flamengo, Zona Sul do Rio. A atriz acordou e a enfermeira que a acompanhava percebeu que o batimento cardíaco estava baixo e, por isso, chamou um médico. Tina acredita que a mãe morreu dormindo.

"Ela amanheceu normal, acordou tomou seu café da manhã e tudo. Depois ela só se queixou que estava se sentindo um pouco com falta de ar. Então como tem enfermeira, tem tudo, tiramos a pressão, o pulso estava fraco. Imediatamente chamamos o Pró-Cardíaco. Eles vieram muito rápido, muito rápido mesmo, ambulância, médico, tudo, mas quando chegaram ela já tinha partido. Ela morreu dormindo, tranquila", explicou Tina.

Bibi Ferreira era uma artista completa: atriz, cantora, diretora e compositora. Foram 77 anos de uma carreira intensa e inesquecível.

Dizer que Bibi Ferreira passou a vida inteira no palco não é nenhum exagero. Afinal, quando estreou no teatro ela tinha apenas 24 dias de vida. Talvez fosse um sinal do destino, a bebê ter sido escalada para substituir às pressas uma boneca.

A menina Abigail, filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo, não tinha como escapar da vida artística, mesmo não gostando muito da ideia.

“O teatro não me chamava atenção, de maneira nenhuma. Não tinha a mínima ideia de que seria atriz de comédia. Mas a mamãe, que queria que ficar perto do papai, inventou que eu tinha que ser de palco”.

E assim, ela estreou como atriz profissional ao lado do pai.


Bibi Ferreira ainda era uma jovem atriz quando criou a própria companhia de teatro e levou para o elenco nomes como Cacilda Becker e Maria Della Costa.

Na verdade, atriz era pouco, Bibi era uma artista completa: atuava, tocava, dançava, dirigia, compunha e cantava.

“O importante no canto está tudo aqui. Saber respirar, respirar e ir em frente."
E se revelou uma das mais incríveis atrizes de musicais do Brasil.

Elegeu o trabalho mais marcante da carreira: foi na peça “Gota 'água”, escrita por Chico Buarque e pelo marido Paulo Pontes, que morreu enquanto estava em cartaz. O musical - adaptação de uma tragédia grega para o cotidiano da vida brasileira - fez sucesso nos anos 70 em plena ditadura militar.

Depois de encenar “Gota d'água”, Bibi Ferreira se afastou dos palcos. Considerava a peça uma obra-prima e dizia que que só voltaria ao teatro se fosse para interpretar um texto tão bom quanto aquele.

Ficou oito anos fora de cena até que a história triste de uma mulher forte convenceu Bibi a voltar aos palcos. Era o início da relação entre Bibi Ferreira e a personagem que ela interpretou por quase três décadas: a cantora francesa Edith Piaf.

Da música francesa para os fados portugueses. Bibi também interpretou a cantora Amália Rodrigues.

Também homenageou o cantor preferido: Frank Sinatra.

Sem dúvida, a maior diva dos musicais brasileiros. A vida pessoal não foi menos intensa: casou oito vezes e teve uma única filha. Com ela e com a neta, chegou a dividir o palco.

Celebrou a vida em frente às luzes e cenários sem dar sinais de que a idade a faria brilhar menos. Aos 80 anos, mantinha a alegria, os cuidados com a voz e a disposição.

“Eles pensam que a gente está com tanta idade, e que está coisa caquética e que não está dando conta do recado. E aí é quando eu surpreendo”.

Aos 95 anos ainda estava no palco com o espetáculo “Bibi - Por toda a minha vida”, um espetáculo em que relembrava histórias e canções que marcaram a carreira. A voz continuava firme e o amor pelo teatro mais vivo do que nunca.

“Se você me perguntasse o que eu consegui com a minha carreira, fama, isso e aquilo, eu acho que é credibilidade. Tudo que eu fiz eu tentei fazer bem feito, com dignidade, acho isso muito importante na vida”.

A última aparição pública não foi no palco, mas na plateia, de onde Bibi assistiu a própria vida recontada no musical. Uma vida que merece todos os aplausos.



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