Completei agora 1400
filmes nacionais assistidos e o 1400º foi a coprodução Brasil/ França/ EUA, Na estrada dirigido por Walter Salles.
Nem me lembro como
começou a minha paixão pelo cinema nacional. Talvez pelos filmes dos Trapalhões
e da Xuxa exibidos incessantemente na Sessão da Tarde da Globo, mas tudo se
intensificou em 1995, quando a Globo exibiu a série “100 anos luz” sobre os 100
anos do cinema e eu descobri que eu não sabia ou entendia quase nada sobre o
assunto. Me lembro especificamente de um episódio que falava sobe o cinema
brasileiro, que eu não conhecia quase nada até então. Nesse episódio foram
exibidas cenas de “Índia – A filha do sol” e “Gabriela”. Talvez a paixão por
cinema nacional tenha começado ali. Morro de vontade de rever esse especial.
Ou talvez tenha começado
por aquela curiosidade comum aos adolescentes de ver coisas eróticas, tão
comuns nas pornochanchadas. Foram elas o maior chamariz de início, com os
filmes do Made in Brazil da Band. Em seguida veio a TVE Brasil com o “Cadernos de Cinema” que
após a exibição dos filmes, levava convidados para debater o longa sob o
comando da jornalista Vera Barroso. A rede Globo, naquela época só exibia
filmes brasileiros na primeira semana do ano com o Festival Nacional, mas isso
ainda era pouco para mim que consumia avidamente esses filmes.
Depois o Cine Brasil TV, um canal de
produção independente que passa vários filmes e o melhor de tudo: é exibido em
sinal aberto no satélite para quem quiser assistir. Foi nesse canal que conheci
quase todos os filmes do diretor Carlos Hugo Christensen, como “O menino e o
vento”, “Enigma para demônios”, “Anjos e demônios”, “Viagem aos seios de
Duília” e do diretor e ator Carlo Mossy (foto), um dos reis da pornochanchada, além de
tantos outros filmes imperdíveis dos anos 60 aos anos 90. O canal é dirigido
por Tereza Trautman (que tive a oportunidade de conhecer e é um amor de pessoa) que
nos anos 70 e 80 dirigiu filmes como “Os homens que eu tive” e “Sonhos de
menina moça”.
O Canal Brasil ainda continuava sendo
um sonho, quando descobri a TV por assinatura “Astral Sat” e virei assinante só
por causa desse canal. Oito meses depois o canal foi retirado e ela logo faliu.
Reclamei muito, mas não adiantou nada. Estava de novo órgão do Cinema
Brasileiro quando resolvi assinar a Sky, pois dali acho que o canal não sai.
Quando comecei a faculdade, cancelei minha assinatura e até hoje não voltei a ser assinante.
As trocas de filmes brasileiros com
colecionadores também ajudaram muito. Descobri várias pérolas, muitos com ótima
qualidade, apesar da maioria ter sido gravada do VHS original. A maioria desses
filmes também eram pornochanchadas.
Othon Bastos em Deus e o diabo na terra do sol |
E por último, os downloads. Depois
que descobri os macetes de se baixar filmes na internet, nunca mais faltou
filmes para eu assistir e é claro que os filmes brasileiros são prioridade e eu
não deixo de baixar um filme nacional pra baixar qualquer filme estrangeiro que
seja. Apesar que os próprios internautas tem preconceito com os filmes
brasileiros e upam muito mais os filmes estrangeiros, principalmente os
americanos. O Markito fazia um trabalho primordial nesse quesito com o blog
Acervo Nacional, mas infelizmente ele morreu e até agora não apareceu outro
substituto. Apesar que o blog Eu gosto é de filmes brasileiros se aproxima
muito do Acervo, mas foca mais nos filmes eróticos e pornôs, ao contrário do
Acervo que tinha filmes de todos os tipos.
No início tinha preconceito com as chanchadas
e os filmes da Mazzaropi, mas hoje os adoro e já vi 28 dos 32 filmes que
Mazzaropi fez. Acho alguns filmes do Cinema novo meio chatos, bem como quase
todos os de Glauber Rocha, mas mesmo assim ainda vejo todos com grande prazer.
O cinema marginal me agrada muito.
Adoro O pornográfico; O cangaceiro é o melhor entre os filmes de cangaço;
Pixote – A lei do mais fraco, um dos melhores da Embrafilme; os filmes de sexo
explícito da boca do lixo também me agradam, pois sempre contavam uma história
(mesmo que tosca) e a trilha sonora era de música clássica como Chopin e
Beethoven. Alfredo Sternheim é o meu diretor preferido dessa época; Alma
Corsária, um dos melhores da fatídica Era Collor; Central do Brasil, o melhor da
retomada e o meu preferido de todos os tempos, mas gosto também de todos os outros, até os da Globo Filmes que todos dizem que parece novela.
Queria encontrar alguém tão
apaixonado por cinema nacional quanto eu e que visse todos os filmes nacionais
que encontrasse pela frente, mas até agora isso não aconteceu. Continuo procurando.
Se for algum leitor dessa postagem, entre em contato para trocarmos experiências.
É que você pegou uma época de ouro no cinema brasileiro.
ResponderExcluirHoje já podemos contar com filmes de melhor qualidade. O som deu uma melhorada de 100%.
Beijos!!!!
Bom dia, Gilberto!
ResponderExcluirConfesso que nunca fui e (ainda não sou...) apaixonada pelo cinema nacional embora reconheça seu valor, desde os tempos das chanchadas (quando ia com meu pai) em que se fazia um bom trabalho com os pouquíssimos recursos técnicos daquela época.
A mim, me "marcaram" O AUTO DA COMPADECIDA, CENTRAL DO BRASIL e ((para minha surpresa...) O MISTÉRIO DE FEIURINHA.
Consegui ver uma desmistificação de algumas coisas, como o "religioso sabe-tudo" ("Não sei! só sei que foi assim..."); muito da VIDA pode ser reconhecido num terminal de transporte coletivo popular;
e a antítese do "felizes para sempre".
OBS: Meu temperamento é muito mais pragmático do que passional:-)))
Abração
Jan
Gilberto, como vai? Infelizmente não me encaixo no perfil das aficionadas por filmes brasileiros, mas fiquei encantada lendo sua trajetória. Os que mais perduram em minha memória são os dos Trapalhões. Um abraço!
ResponderExcluirGilberto, também sou fã do cinema nacional. Tenho uma coleção de cerca de 400 filmes. Só não engulo a pornochanchada e o cinema underground. Sou louco para rever "O Menino e o Vento". Christensen era muito bom. Já vi "A Intrusa" muitas vezes. Ontem comprei O Palácio dos Anjos" e "As Deusas" de Khouri. Abraços,
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Tenho alguns filmes nacionais em casa, Gilberto. Vou preparar um sessão para homenagear alguns. É sempre bom valorizar o que é nosso. Um abraço...
ResponderExcluirCara, também sou um grande fã do cinema nacional. Vi muita coisa e os meus diretores favoritos são Khouri e Person. Tem um site chamado Making Off que é o paraíso do cinema nacional. Pena que ele é fechado e precisa de convite para acessar. Ando sem convites, mas quando tiver um sobrando, passo para você.
ResponderExcluirAbração!!
Gilberto, você está de parabéns por este post tão sensacional. O Cinema Nacional merece a nossa memória e prestígio sempre. Abraços.
ResponderExcluirBom, eu não sou radical no ´a favor` nem no ´contra` quando o assunto é Cinema Brasileiro. Porque eu vejo gente que ama e gente que odeio as produções brasileiras.
ResponderExcluirEu não fico de um lado nem do outro: gosto de alguns filmes brasileiros e não gosto de outros.
Mas vamos lembrar que certos filmes brasileiros mais antigos, que HOJE nós vemos como cult, foram tratados como lixo na época em que foram feitos, né? As pornochanchadas, por exemplo, geralmente eram vistas como filmes classe Z até os anos 80. Só um grupo muito específico de fãs desses filmes é que formava o público deles. Aliás, popularmente, esses filmes nem eram chamados de ´´pornochanchadas`` na época deles: eram chamados de ´´filmes de sacanagem``, de tão mal vistos que eles eram e de tão pouco importância que se dava a eles.
Janice, eu peguei todas as épocas do cinema brasileiro. Gosto de todas elas.
ResponderExcluirJan, esses filmes que você citou são mesmo muito bons.
Bia, também gosto muito dos filmes dos trapalhões, principalmente os mais antigos.
Antonio, Fiquei muito feliz em saber que você também é apaixonado pelo cinema nacional e coleciona filmes, tendo cerca de 400 deles. Além de DVDs originais, onde você você compra os filmes mais raros? Nos sites especializados? Eu devo ter cerca de 300 filmes nacionais...
Maxwell, mal posso esperar pela sua resenha sobre os filmes nacionais.
Celo, mal posso esperar por esse convite do Making off.
M, com certeza o cinema nacional merece nosso prestígio.
Léo, eu fico do lado do cinema brasileiro... Com certeza as pornochanchadas eram e ainda são tratadas com preconceito. Muitos assistiam mas não tinha coragem de assumir.
Comecei há uns três meses a assistir à Sessão Cinemateca da TV Justiça, que passa só filmes nacionais antigos. Com ela já descobri algumas pérolas como "Tico-Tico no Fubá" com Anselmo Duarte galã e "Na Senda do Crime", um verdadeiro noir brasileiro.
ResponderExcluirAbraços!
Excelente postagem Gilberto,também gosto de filmes brasileiros,só não suporto pornochanchadas.Atualmente acho que estão com bem mais qualidade e também mais prestigiados.Grande abraço querido amigo.SU.
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