quarta-feira, 12 de junho de 2013

METADE


Pensei em uma postagem especial para o dia de hoje, o dia dos namorados, mas depois cheguei à conclusão que além de cinema, nunca falei de outra coisa aqui que não fosse amor. As músicas são de amor, os poemas são de amor e os filmes também são de amor, porque metade de mim é cinema e a outra metade, amor. 
Li um poema tão bonito de Oswaldo Montenegro, que acabei criticando há poucos dias por sua estreia como diretor de cinema com Léo e Bia. Mais uma prova que ele é melhor como cantor e compositor...





METADE
                                             Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…
Que a música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…

Que a mulher que eu amo
seja para sempre amada

mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece

e nem repetidas com fervor,

apenas respeitadas,
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos.

Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz

que eu mereço.

E que essa tensão
que me corrói por dentro

seja um dia recompensada.
Porque metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo

se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso,

que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim
é a lembrança do que fui,

a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso
mais do que uma simples alegria

para me fazer aquietar o espírito.

E que o teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.

E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade

para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade…

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4 comentários:

  1. Ola querido amigo,adorei tua visitinha.Que lindo presente nos destes no dia dos namorados nos brindando com este belo poema de Oswaldo Montenegro. Meu muito carinhoso abraço.SU

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  2. Oi, Gilberto. Lindo esse poema de Oswaldo Montenegro. Lindo demais. Não sei se conhece o de Ferreira Gullar, "Traduzir-se", muito parecido, há até uma contenda entre os dois. O dia dos namorados para mim não significa nada além de comércio, até porque, eu não tenho namorado, rs.

    Senti falta daqui. Estou de volta dentro do possível.

    um abração.

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  3. Ah, Gilberto, esse é um dos poemas que mais me encantam...há uma gravação com música ao fundo onde ele declama esse poema que particularmente, me traduz muito bem. Gostei do que disse e realmente é o que se percebe por aqui: filmes e amor combinam muito bem contigo. Um abraço!

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