A diretora Adriana Dutra aborda o
tempo – e a falta dele – em documentário com depoimentos de pensadores,
cientistas e escritores como André Comte-Sponville, Domenico De Mais, Nélida Piñon e Marcelo Gleiser
Quanto tempo o
tempo tem, de Adriana L. Dutra, dá continuidade a uma trilogia de
documentários de tons autorais iniciada com Fumando
espero, escrito, dirigido e produzido por ela em 2008. Nesta nova obra, ela
investiga as principais linhas de nossa consciência sobre o tempo ouvindo
filósofos, físicos, arquitetos, neurocientistas, transumanistas e até uma monja
budista para realizar uma profunda reflexão sobre a civilização e o futuro do
tempo da existência humana. O documentário entra em cartaz no Rio e em São
Paulo a partir do dia 31 de março.
Quanto tempo o
tempo tem parte de um conflito interno da diretora sobre o tema. “Todos
vivem correndo contra o tempo, com uma rotina intensa de compromissos. Vivemos
um tempo diferente. Corremos sempre, corremos sem motivo, corremos por nada. É
como se o tempo tivesse ficado mais rápido. Tudo sugere velocidade, urgência,
nossas vidas estão sempre atadas ao dever de alguma tarefa. Mas, afinal de
contas, por que o tempo parece tão curto?”, questiona.
Assim, por meio de personagens riquíssimos – entre os
entrevistados estão André Comte-Sponville, Domenico De Masi, Nélida
Piñon e Marcelo Gleiser, entre muitos outros –, Adriana
Dutra encontra uma forma de tentar explicar as diversas relações do ser humano
com o tempo.
Nessa discussão, o documentário aborda ainda as
relações com as novas tecnologias e a globalização – que acontece com um
aumento da produção constante, crescente e simultânea de conteúdo e de
informação. O compartilhamento da privacidade por meio de redes sociais também
é analisado: atualmente, via celulares, computadores, facebooks, twitters e
conference calls, a identidade se multiplica e se faz presente em todos os
lugares ao mesmo tempo. O simples ato de contemplar perdeu-se diante da imensa
quantidade de estímulos oferecidos.
Quanto tempo o
tempo tem conta com a codireção e direção de fotografia de Walter Carvalho
e a distribuição para cinema pela EH Filmes. O documentário está licenciado
para exibição em TV pelo Canal Curta! e conta com a distribuição internacional
pela Synapse. Recentemente foi convidado para apreciação da seleção oficial do
Festival de Berlim, além de ter sido selecionado para o 17ème Festival du
Cinéma Brésilien de Paris e estreia nos cinemas hoje. Recebi um convite para a pré-estreia do filme na Cinemateca do MAM. Uma pena morar tão longe e não poder ir.
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