sexta-feira, 22 de novembro de 2013

O AMOR AO PRÓXIMO MORREU?


Quando estava pesquisando um texto sobre consciência negra para uma professora de História, descobri esse belíssimo poema de Bertold Brecht (1898 - 1956), chamado Intertexto. Achei o título meio estranho, já que intertexto é uma conversa entre textos. 

O poema fala do amor ao próximo (ou da falta dele), do aqui se faz aqui se paga (como diz o ditado popular), do cada um por sim e Deus por todos...

INTERTEXTO
                                                                     Bertold Brecht


Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso
Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei

Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.


2 comentários:

  1. O poema continua atual, infelizmente ainda vivemos no "cada um por si".

    Abraço

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  2. O se importar um com o outro está ficando cada vez mais raro... triste, não? É o velho ditado: "pimenta nos olhos dos outros é refresco". Um abraço"

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