Infelizmente as marchinhas de carnaval não fazem tanto sucesso entre o público quanto antigamente. O Fantástico até que tenta emplacar novamente essa "moda", mas não consegue. Não se é porque somos pessoas tão diferentes das gerações passadas, ou se é por causa dos trios elétricos que tomaram conta do carnaval.
O carnaval acabou se confundindo na maioria dos lugares, com uma festa qualquer. Na minha cidade, por exemplo, a festa acontece os cinco dias mas não difere em nada de um baile automotivo qualquer, onde as fantasiais foram abolidas e as adoráveis marchinhas não existem mais.
Mas quem não se lembra dessas marchinhas que ficaram tão conhecidas pelos filmes da Atlântida? Elas eram lançadas
primeiramente nesses filmes, e todos os detalhes como figurinos, cenários e
os trejeitos exagerados dos atores em poses burlescas, faziam crer que no Brasil era carnaval o ano inteiro.
Vamos relembrar as mais conhecidas:
Gosto muito de "A pipa do vovô não sobe mais", que era de duplo sentido e fazia o público rir do vovô que ficou impotente:
"A pipa do vovô não sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás."
Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva, 1936) eternizada na voz da diva Carmem Miranda:
"Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a
chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar"
A singela, A jardineira (Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938):
"Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a
camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu."
Cachaça (Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953), uma das mais características pro evento, já que todo folia costuma beber até não se aguentar em pé:
"Você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vem do
alambique
E água vem do ribeirão."
Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963), que insinuava a homossexualidade do personagem, só porque ele tinha o cabelo comprido:
"Olha a cabeleira do Zezé
Será que ele é?
Será que ele é?
Será que ele
é bossa nova
Será que ele é Maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu
não sei se ele é"
Ô balancê (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936), que eu fui conhecer vários anos depois, na voz de Gal Costa:
"Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô
balancê balancê
Quando por mim você passa
Fingindo que não me
vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê."
Me dá um dinheiro aí (Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959), muito comum na época da "quebradeira" ou mesmo da inflação:
"Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!
Não vai
dar?
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer
bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!"
E "Abre alas" (Chiquinha Gonzaga, 1899), que parece ser a mais antiga delas:
"Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da
lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar."
Doe Medula Óssea:
Show sua viagem pela história do carnaval. Adorava marchinchas....pena que hoje o universo perdeu seu lado carinhoso sobre festa, alegria.
ResponderExcluirabs
São tempos dourados que não voltam mais infelizmente
ResponderExcluirBateu uma nostalgia!!!!
ResponderExcluirMas, "não me leve a mal... hoje é carnaval".
Abração Jan
Sou da época dos bailes de carnaval com marchinhas. Bom tempos mesmo.
ResponderExcluirAs marchinhas eram o encanto do Carnaval! MUito lindas de vê-las também nos filmes da Atlântida.
ResponderExcluirAqui na Paraíba 98% é marchinha de carnaval.
ResponderExcluirPor aqui as marchinhas também caíram em desuso, pelo menos no desfile principal. Gosto muito das músicas citadas, todas criativas e adoráveis. Por isso que no Carnaval só escuto Carmen Miranda!
ResponderExcluirAbraços!
Aqui no Rio eu também não tenho mais visto marchinhas nos últimos anos.
ResponderExcluirMas uma tradição do Carnaval que tinha sumido daqui e voltou com força total há uns 5 anos é o pessoal sair na rua fantasiado.
Ninguém mais fazia isso e agora a gente vê direto.
Oi, Gilberto, como vai? Tem razão, o Carnaval perdeu muito da sua essência, entre fantasias e marchinhas que já não tem tanto espaço. São dois itens que me lembram minha infância, quando eu ainda aproveitava a festa.
ResponderExcluirEstou contigo: acho um barato "A pipa do vovô não sobe mais"...sempre me lembro do Silvio Santos cantando essa música, hahaha.
Lindo o poema sobre o amor, a postagem anterior...
Um abraço!
Oi, Gilberto. Pois é, marchinha de carnaval é coisa do passado, mas um passado que nem está tão longe assim, todo mundo conhece e se lembra até das mais antigas, as clássicas, rs. Olha, há coisas no Carnaval que eu gosto, e há as que eu detesto. Nem vou falar disso aqui... mas das marchinhas e dos bailes eu tenho saudade.
ResponderExcluirBem legal o post, divertido, rs.
Um abraço pra você.
Ps.: Gilberto, o que houve com o blog do Antonio Nahud? Eu não consigo entrar lá, está restrito aos autores... Não entendi...
Pois é, Renato, Marcelo, Jan, Celo, M, Janice, Lê, Léo e Bia. O carnaval já não é mais o mesmo infelizmente.
ResponderExcluirLigeia, o blog do Antonio Nahud foi excluído ou ele teve que excluí-lo, mas disse que está preparando um site. O e-mail dele é ofalcaomaltes41@gmail.com, escreve prestando suas condolências.
Abraços a todos.