quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

UMA TARDE NO CINEMA


Quando percebi que O casamento de Gorete e Irmã Dulce estavam quase saindo de cartaz, não sosseguei enquanto não fui no Araguaia Shopping assisti-los, no domingo passado e não me arrependi.


O CASAMENTO DE GORETE

O ator Paulo Vespúcio estreia como diretor nessa comédia debochada estrelada pelo comediante do Zorra Total Rodrigo Sant’anna.
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É a história de um garoto do interior que é rejeitado pelo pai por ser homossexual. Ele se muda e vira um famoso radialista (Rodrigo Sant’anna), sempre cercado pelas amigas vividas por Tadeu Melo e Ataíde Arcoverde, que são como suas fadas madrinhas, sempre dando conselhos e apoiando.


Tudo se complica quando o pai de Gorete (Ricardo Blat) está morrendo e exige que ela se case para poder receber a herança. Só que ela não quer se casar já que ainda está apaixonada pelo amor de infância e não está disposta a mudar de ideia, nem quando Carlos Bonow surge em seu caminho, totalmente apaixonado.

Fiquei bastante interessado do início ao fim e até bastante surpreso. O casamento de Gorete é um filme totalmente gay. Quase todos os personagens são gays e os outros são simpatizantes, as cores são berrantes e tudo é bastante exagerado, mas o público não se importa nem um pouco com isso. Parece ser uma prova de que o preconceito diminuiu bastante. Claro que o fato de ser uma comédia ajuda muito na aceitação, mas em momento algum os gays são tratados de forma pejorativa ou como mera desculpa para deboche.

Letícia Spiller é uma das produtoras e vive a drag queen Rochanna, numa caracterização hilária de voz e figurino, até com enchimento para parecer um homem.

Há algumas piadas dispensáveis de banheiro e excremento, mas isso é só um detalhe, no fundo o filme é um conto de fadas sobre o amor verdadeiro, a diferença é que a Cinderela é um homossexual e o príncipe não vem num cavalo.


IRMÃ DULCE
Alguns achavam que Irmã Dulce seria o novo Dois filhos de Francisco, a cinebiografia de Zezé di Camargo e Luciano, que levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas. Eu tinha minhas dúvidas. O filme estreou primeiro nas regiões norte e nordeste, onde ela era mais conhecida, mas mal chegou a 30.000 espectadores na primeira semana. Em seguida estreou no resto do país, mas não adiantou depois de 5 semanas, ainda não alcançou 200 mil.

Quando o assisti é que fui entender porque o grande público não ficou tão interessado. Irmã Dulce fala da pobreza, é triste em vários momentos e está bem longe do padrão de filmes que atrai grande público ao cinema.

Em sua primeira cena, a menina Dulce fica chocada quando está com sua mãe (Glória Pires) e vê vários pobres se estapeando por comida e isso fica marcado em sua vida.


Já adolescente e vivida por Bianca Comparato (que me surpreendeu por sua interpretação convincente, inclusive com sotaque baiano) ela salva um menino doente, encontra outro de nome João, que se torna seu protegido por toda a vida, inclusive com algumas incursões pela vida do crime. Convence a madre a transformar um galinheiro num dos maiores hospitais beneficentes do país que atende milhares de pessoas carentes por dia.

Já na segunda fase e interpretada por Regina Braga, o filme tenta justificar com suas boas ações, o porque de ela ter ficado conhecida como o Anjo Bom da Bahia e querida por todos, inclusive pelos bandidos e por uma mãe-de-santo, que eu pensei que ela faria um barraco quando vê seu protegido num terreiro de macumba, mas ela age na maior calma, como devia ser de sua índole.

A Revista Preview chamou o filme de chapa branca por só mostrar seu lado bom, o que é estranho por ninguém ser perfeito, mas eu acredito que há exceções e Irmã Dulce deve ser uma dessas exceções, tanto que foi beatificada em 2011.


Momentos emocionantes não faltaram na vida dessa grande mulher, inclusive o fato de não ter sido escolhida para ver o Papa nos anos 80, mas uma manifestação popular faz com que ela seja convidada. No final são mostradas cenas reais de Irmã Dulce, que mesmo com a saúde frágil, viveu 78 anos, sempre ajudando o próximo.

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Se Irmã Dulce fez tanto, porque você não pode fazer só isso?

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