Reinaldo Glioche
Não se
espantem se virem Regina Casé
seguindo os passos de Fernanda
Montenegro e sendo indicada ao Oscar de melhor atriz no dia 14
de janeiro de 2016. A
apresentadora e atriz, afinal, é a alma de “Que horas ela volta?”, filme
brasileiro destacado pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil no
Oscar. O anúncio, feito nesta quinta-feira (10), indubitavelmente reforça as
chances de Casé, uma
vez que o filme já recebe atenção da mídia especializada americana e deve
receber um boom promocional nos próximos meses.
A obra de Anna Muylaert é, sob muitos aspectos,
o filme mais bem preparado do Brasil a concorrer a uma vaga entre as produções
finalistas na categoria de filme estrangeiro em muitos anos. Cheio de
sutilezas, não é mais um registro cultural do que um olhar tenro à maternidade.
O roteiro é um triunfo da lapidação. Em entrevista à rádio BandNews FM nesta
quinta, Muylaert
destacou a burilamento pelo qual o texto passou. “Esse projeto tem 27 anos. A
primeira versão dele trazia apenas a visão da empregada. Até seis meses antes,
a Jéssica não vinha
estudar na faculdade, mas trabalhar como cabeleireira e depois se tornava babá.
Acabei mudando com os laboratórios que eu fiz”, revelou.
Diferentemente
de candidatos brasileiros de outros anos, “Que horas ela volta?”, reúne
potencial comercial – é coproduzido pela Globo Filmes e estrelado pela popular Regina Casé, com pujança artística.
Uma combinação que somente esteve presente em “Cidade de Deus” (2002). O
candidato do ano passado, “Hoje eu quero voltar sozinho”, era muito bom e a
exemplo do escolhido deste ano, experimentado em festivais internacionais. Com
mais filmes brasileiros em festivais mundo afora, aclamação crítica nesses
eventos pode ser um critério bem-vindo para substituir aquele intermitente e
duvidoso jogo de adivinhação do que a academia gosta ou de que tendência
seguir.
Competição
Muitos países
já definiram seus representantes e tem candidatos que, assim como “Que horas
ela volta?”, gozam de prestígio junto à crítica internacional. São os casos de
“Son of Saul”, da Hungria, prêmio do júri em Cannes, “The assassin” (Taiwan),
“Um pombo pousou no galho refletindo sobre a existência” (Suécia), “Xênia”
(Grécia), “Goodnight Mommy” (Áustria), entre outros. Não há, porém, a presença
de nenhum autor consagrado entre os concorrentes confirmados de momento. O que
reforça as chances da produção brasileira repetir o feito de “Central do
Brasil” (1998), “O que é isso companheiro?” (1997), “O quatrilho” (1994) e “O
pagador de promessas” (1963) e ingressar no rol de filmes brasileiros indicados
ao Oscar de melhor produção estrangeira.
Não é a
primeira vez que Regina Casé
estrela uma produção nacional que tenta chegar ao Oscar. “Eu, tu, eles”, de Andrucha Waddington, foi o
selecionado do país em 2001. Dessa vez, porém, a atuação extraordinária de Casé, premiada no festival de
Sundance, pode impulsionar o filme além da categoria de produções estrangeiras
em uma época de internacionalização do colegiado que compõem a academia. Neste
ano, vale lembrar, que embora a produção belga “Dois dias, uma noite” não tenha
ficado entre os finalistas da categoria, a atriz Marion Cotillard foi lembrada entre
as atrizes.
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