domingo, 2 de dezembro de 2018

OS FILMES DE TERROR BRASILEIROS

José Mojica Marins


José Mojica Marins inaugurou o cinema de terror no Brasil com A meia noite levarei a sua alma, que iniciou a saga do Zé do Caixão em 1964 e teve sua continuação em 1967, com Esta noite encarnarei no teu cadáver e em 2008 o fim da trilogia com Encarnação do demônio. Mas nesse período, Mojica continuou sempre dirigindo filmes de terror como O exorcismo negro (1974), Inferno Carnal (1977),Delírios de um anormal (1978) e Demônios e maravilhas (1987).

Cena de A mulher do desejo

Cineastas renomados como Carlos Hugo Christensen e Walter Hugo Khouri contribuíram de maneira importante para o gênero. Christensen realizou dois excelentes filmes: Enigma para demônios e A mulher do desejo. Khouri mergulhou no terror mais introspectivo com O anjo da noite e As filhas do fogo.

Nos anos 70 e 80, o gênero existiu de maneira mais consistente nos filmes da Boca do Lixo de São Paulo. Alguns diretores se destacaram, como Jean Garret, ex-assistente de Mojica, que dirigiu Amadas e violentadas (1976) e A força dos sentidos (1980). John Doo, com os perturbadores Ninfas diabólicas (1978) e Excitação diabólica (1982). Juan Bajon com O estripador de mulheres (1978); Luiz Castillini com A reencarnação do sexo (1982) e Fauzi Mansur com Belas e Corrompidas (1978), Karma - Enígma do medo (1988), Atração satânica (1989) e Ritual macabro (1991).


Cena de As boas maneiras
A produção independente também passou a ganhar espaço graças a tecnologia digital que reduziu custos de produção. A liberdade de produção permitiu que cineastas como Peter Baiestorf, Paulo Biscaia Filho e Paulo Aragão pudessem expressar sua liberdade. Baiestorf dirigiu Zombio (1999) e Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013). Biscaia com Morgue Story - Sangue, baiacu e quadrinhos (2009), o impressionante Nervo craniano zero (2012) e O coração que falava demais (2013). Aragão persegue os filmes de monstros e zumbis, como Mangue negro (2008), A noite do chupacabras (2011), Mar Negro (2013) e As fábulas negras (2015), dirigido em parceria com Mojica, Aragão e Baiestorf.

Até o cinema comercial se rendeu ao gênero como Isolados, Quando eu era vivo, Gata velha ainda mia, O amuleto e Condado Macabro e As boas maneiras que participaram de vários festivais e foram lançados nos cinemas.

Cena de Nervo Craniano Zero

Além de A misteriosa morte de Pérola de Guto Parente, que é um suspense psicológico no estilo de Polanski, Diário de um exorcista, de Renato Siqueira, estrelado por Ewerton de Castro, 13 histórias estranhas, uma antologia de relatos curtos de 13 diretores diferentes, a sequência de A capital dos mortos: Mundo Torto de Tiago Belotti, Deserto Azul de Eder Santos, A percepção do medo de Kapel Furman, Armando Fonseca e Gurcius Gewdner e Toda la noche de Jimena Monteoliva e Tamae Garategy, uma coprodução Argentina/ Brasil e o já citado As fábulas negras.

Cena de As fábulas negras

Outro representante brasileiro é Ivan Cardoso que criou o “terrir”, os filmes que terror que fazem rir, como O segredo da múmia (1981), As sete vampiras (1986), O escorpião escarlate (1991) e Um lobisomem na Amazônia (2008).

O horror brasileiro ainda não tem um estilo definitivo, mas ele não vive apenas com o Zé do Caixão. Ele conta com vários realizadores dedicados que enfrentam muitos obstáculos (como o preconceito do público com o gênero), mas sem nunca desistir. Ainda bem.



2 comentários:

  1. Acho que os filmes de terror brasileiros ainda não se definiram em termos de estilo exatamente porque eles não são produzidos em grande escala, como nos Estados Unidos.
    Nos últimos anos, parece que algumas produções desses tipo se tornaram mais comuns no Brasil, mas parece que cada uma atirou pra um lado diferente em termos de estilo

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    1. Hãm... e ???? Isso chama-se criatividade.

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