A atriz e cineasta Norma Bengell
morreu na madrugada de hoje. Ela estava internada desde o último sábado no
Hospital Rio Laranjeiras no Rio, por problemas respiratórios causados por um câncer
no pulmão direito diagnosticado há seis meses.
Durante a internação, Norma estava lúcida,
mas não reconhecia alguns pessoas. Passava por problemas de saúde desde 2010,
quando sofreu duas quedas no banheiro e estava em uma cadeira de rodas. Como
estava desempregada, não tinha dinheiro para pagar a empregada, as sessões de
fisioterapia ou mesmo o aluguel da cadeira, que é de R$ 150,00. Seu último
trabalho foi como a Daisy Coturno do seriado Toma lá, dá cá da Rede Globo e como o último episódio foi ao ar no
final de 2009, imaginei que ela ainda estivesse contratada pela Rede Globo.
Nasceu Norma Aparecida Almeida Pinto
Guimarães D’Áurea Bengell (ufa!) em 21 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro
(RJ). Começou a carreira artística como vedete dos shows de Carlos Machado e no
cinema em O homem do Sputinik (1959),
onde satirizava Brigitte Bardot. O sucesso aconteceu quando ela participou de O
pagador de promessas (1962) de Anselmo Duarte que venceu a Palma de Ouro no
Festival de Cannes e depois em Os cafajestes (1962) em que protagonizou o
primeiro nu frontal do cinema brasileiro, numa cena bastante longa e que deu o
que falar.
Toda essa visibilidade a levou para o
cinema italiano, onde protagonizou diversos filmes e se casou com Gabriele
Tinti, com quem tinha atuado em
Noite Vazia (1964). Lá trabalhou com cineastas como Latuada
(O mafioso) e Mario Bava (O planeta dos vampiros). Quando voltou ao Brasil foi
perseguida pelo Governo Militar, de quem aguarda receber uma indenização hoje
em dia, bem como a sua aposentadoria.
Essa perseguição não fez com que ela
parasse de atuar, muito pelo contrário. Participou de Edu coração de ouro (1968), Palácio
dos Anjos (1970), Paixão na praia
(1971), A casa assassinada (1971), Mar de rosas (1978), Eros, o deus do amor (1981), A idade da Terra (1981), Rio Babilônia (1983) e Tensão no Rio (1984).
Em 1988 estreou como diretora em Eternamente Pagu estrelado por Carla Camurati e
em 1996 dirigiu O Guarani com Márcio
Garcia. O filme foi um fracasso e no ano 2000, ela teve problemas com o
Ministério da Cultura, que questionou o uso das verbas que ela recebeu para
produzir O Guarani. Hoje está proibida de atuar como produtora devido a esse
processo.
Seus últimos filmes como atriz foram (por
enquanto) o longa Vagas para moças de
fino trato (1992) de Paulo Thiago e o curta Banquete (2002) de Marcelo Lafitte.
Norma planeja dirigir um
média-metragem sobre o cartunista J. Carlos, que seria produzido Silvio
Tendler.
O cinema brasileiro ficou muito mais
pobre hoje.
Uma pena. Conheci ela assistindo Noites Vazias que me marcou muito.
ResponderExcluirSeu trabalho como atriz deixou uma bela carreira, mas o problema com o financiamento de "O Guarani" e suas dificuldades financeiras no fim da vida mostraram que tratar com dinheiro não era seu forte.
ResponderExcluirAbraço
Grande artista, sem dúvida.
ResponderExcluirMas fico pensando em como ela conseguiu perder tanto dinheiro assim de uma vez só. Ou será que com tantos trabalhos importantes ao longo da carreira ela não conseguiu fazer nenhuma economia?