quinta-feira, 2 de abril de 2015

O EVANGELHO SEGUNDO SÃO MATEUS


Apesar da forma transgressora com que encarnava o sexo tanto em sua vida quanto em seus filmes, Píer Paolo Pasolini era católico e dirigiu no início de sua carreira, uma adaptação fiel da vida de Jesus baseada no Evangelho de São Mateus.

O elenco é formado totalmente por camponeses, muitos deles apáticos e inconvincentes em seus papéis. O filme começa com o anúncio de que Maria conceberá e dará a luz ao filho de Deus, passando pela rejeição inicial de José e a perseguição de Herodes. Essa primeira parte é mais rápida, ainda bem, pois é mais irregular, sendo formada por cenas ligeiras em que depois de mostrar algumas paisagens, os atores são focalizados e num repente dizem seus diálogos.

A segunda parte é bem mais longa, começando com Jesus aos 30 anos, quando Ele começou a pregar e vai até a sua crucificação, mas é também o melhor do filme. Pasolini inovou ao mostrar Jesus de cabelos curtos, ao contrário da maioria dos outros filmes sobre Sua vida, como Jesus de Nazaré e O rei dos reis. Todos os diálogos já são conhecidos de quem lê a Bíblia ou freqüenta alguma igreja, sem muitas novidades.

O evangelho segundo São Mateus não deixa de ser um filme longo com seus 131 minutos, contemplativo e muitas vezes cansativo, mas mesmo assim curioso por ser o único filme religioso de Pasolini, que depois faria Teorema (1968), sobre um homem que muda a vida de todas as pessoas de uma casa; a adaptação de clássicos eróticos da literatura mundial que deu origem à trilogia da vida: Decameron (1971), Os contos de Canterbury (1972 e As mil e uma noites (1973); além de seu último filme, o escatológico Salò ou os 120 dias de Sodoma.



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