Apesar da forma transgressora com que
encarnava o sexo tanto em sua vida quanto em seus filmes, Píer Paolo Pasolini
era católico e dirigiu no início de sua carreira, uma adaptação fiel da vida de
Jesus baseada no Evangelho de São Mateus.
O elenco é formado totalmente por
camponeses, muitos deles apáticos e inconvincentes em seus papéis. O filme
começa com o anúncio de que Maria conceberá e dará a luz ao filho de Deus,
passando pela rejeição inicial de José e a perseguição de Herodes. Essa
primeira parte é mais rápida, ainda bem, pois é mais irregular, sendo formada
por cenas ligeiras em que depois de mostrar algumas paisagens, os atores são
focalizados e num repente dizem seus diálogos.
A segunda parte é bem mais longa,
começando com Jesus aos 30 anos, quando Ele começou a pregar e vai até a sua
crucificação, mas é também o melhor do filme. Pasolini inovou ao mostrar Jesus
de cabelos curtos, ao contrário da maioria dos outros filmes sobre Sua vida,
como Jesus de Nazaré e O rei dos reis. Todos os diálogos já são conhecidos de
quem lê a Bíblia ou freqüenta alguma igreja, sem muitas novidades.
O evangelho segundo São Mateus não
deixa de ser um filme longo com seus 131 minutos, contemplativo e muitas vezes
cansativo, mas mesmo assim curioso por ser o único filme religioso de Pasolini,
que depois faria Teorema (1968), sobre um homem que muda a vida de todas as
pessoas de uma casa; a adaptação de clássicos eróticos da literatura mundial
que deu origem à trilogia da vida: Decameron (1971), Os contos de Canterbury
(1972 e As mil e uma noites (1973); além de seu último filme, o escatológico
Salò ou os 120 dias de Sodoma.
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