sexta-feira, 14 de setembro de 2012

CÉSIO 137: 25 ANOS


O acidente com o Césio 137, que teve início em 13 de setembro de 1987 em Goiânia, foi o maior acidente radiológico do Brasil e o maior do mundo ocorrido fora das usinas nucleares.

A curiosidade de dois catadores de lixo e a falta de informação fizeram com que eles vasculhassem os destroços do antigo Instituto Goiana de Radiologia (também conhecido como Santa Casa de Misericórdia) e encontraram um aparelho de radioterapia abandonado. Então recolheram essa máquina com a ajuda de um carrinho de mão e levaram para a casa de um deles.

O maior interesse deles era a venda do chumbo e do metal para  os ferros-velhos da cidade. Após retirarem as peças de seu interesse, venderam o que restou para Devair, o dono de um ferro-velho que desmontou a máquina e expôs 19,26 g de césio-137 (CsCi), um pó branco parecido com sal de cozinha que brilha no escuro.

Encantado com o brilho azul, resolveu expor a peça aos familiares, amigos e a vizinhança, que pensaram se tratar de algo sobrenatural. Alguns até levaram  amostras para a casa, o que fez com que a área de risco aumentasse consideravelmente.

Leide das Neves de 6 anos foi a primeira vítima do Césio 137
Após algumas horas, as vítimas apareceram com os primeiros sintomas, como vômitos, diarreia, náusea e tontura. Dias se passaram até que se descobrisse que se tratava de uma síndrome aguda de radiação quando em 29 de setembro a esposa do dono do ferro-velho levou parte da máquina à Vigilância Sanitária.

Detectada a radiação na rua Rua 57 e imediações, um físico acionou a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A primeira medida foi separar todas as roupas das pessoas expostas e lavá-las com água e sabão para descontaminação externa e depois tomaram um quelante denominado "azul da Prússia" que faria com que eles eliminassem as partículas do césio pela urina e fezes, mas isso não evitou que várias pessoas morressem, como a menina Leide das Neves, seu pai Ivo, Devair, sua esposa Gabriela e dois funcionários do ferro-velho. Posteriormente várias outras pessoas que tiveram contato com o material também morreram.

A retirada de todo o material contaminado rendeu 6000 toneladas de lixo, que rendeu 1200 caixas, 2900 tambores e 14 contêineres que estão em um aterro na cidade de Abadia de Goiás, onde deve ficar por aproximadamente 180 anos. 

Em 1996, a justiça condenou por homicídio culposo (quando não há intenção de matar), três sócios e funcionários do Instituto Goiano de Radiologia  a 3 anos e 2 meses de prisão. Pena que foi substituída por prestação de serviços.

Em 1990, o diretor Roberto Pires dirigiu o filme Césio 137 - O pesadelo de Goiânia, contando essa triste história. O elenco conta com Nelson Xavier, Joana Fomm, Paulo Gorgulho e Stepan Nercessian.







E para não esquecer:



6 comentários:

  1. Belo filme para analisar amigo. Sua importância é histórica e não pode ser esquecida.

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  2. Eu me lembro bem de quando isso aconteceu. Foi trágico mesmo.

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  3. Como fora comentado acima, não se deve ser esquecido mesmo. Eu, na realidade, não conhecia estes fatos. Mas enfim, o encontro com a hisyória pode geralmente ser significativo. Abraços

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  4. Eu não conhecia o filme sobre o caso.
    este é um dos períodos mais tristes de nossa história recente, que deixou marcas que estão provocando dores até hoje.

    http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2012/09/on-road-o-livro.html

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