quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

MEU PAI


Gilberto Carlos



Meu pai não é de falar muito
Mas eu consigo entender os seus silêncios
Todos eles
E sei respeitá-los.

Às vezes acho que há um oceano entre nós
Que impede a comunicação e o entendimento
Depois percebo que só há um corregozinho
Facinho de transpor e que somos muito parecidos.

Nas horas em que eu não quero ver ninguém
Posso entender o seu isolamento
E sua revolta pelas coisas imutáveis
Se é que elas existem

Já cheguei a duvidar do seu amor
Por ele não ser explícito como o da minha mãe
Mas é porque ele tem dificuldades para lidar com os sentimentos
E guarda tudo para si.

Talvez por isso sofra tanto:
por não conseguir demonstrar o que sente
Sabendo disso posso amá-lo como ele é
E chegar até o seu coração.





6 comentários:

  1. Serei pai em março.....e tenho medo e alegria com o que me espera.

    Abraços

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  2. Jé que você percebeu onde ele esta,
    pegue o remo e vá até ele.
    Beijos!!!

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  3. A grande maioria dos pais têm dificuldade de demonstrar sentimentos ( os mais jovens,não, segue oconselho da Janice, vai até ele, mesmo que não corresponda efusivamente ao abraço, ele vai ficar feliz!
    Abraço!
    Sonia

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  4. Bom, existem pais e pais.
    Mas o fato de qualquer pessoa (pai ou outra pessoa) não manifestar afetividade explicitamente, não significa que ela não goste de você. Muitas pessoas são, por natureza, mais discretas ao manifestar sentimentos.

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  5. Lindo o que você escreveu! <3
    As marcas que um pai deixa sempre é assunto para se refletir.
    O que nos leva realmente a questionar se existem coisas imutáveis e irreversíveis na vida. Um abraço!

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  6. A distância entre pai e filhos me parece a mesma em várias famílias, mas na verdade acho que é o sentimento de respeito. Por outro lado, são aqueles com quem sempre podemos contar. Lindo texto, ótima semana!

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