segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O TEMPO QUE RESTA


O que fazer quando não há nada a ser feito nem mesmo tempo para se fazer? Um fotógrafo de 31 anos (Melvin Poupaud) descobre que tem um câncer inoperável e poucos meses de vida, então se recusa a fazer quimioterapia pelo sofrimento que isso causaria e pelas ínfimas chances de sucesso.

Muitos filmes já trataram sobre esse tema, falando de pessoas que resolvem aproveitar ao máximo o tempo que lhes resta: viajam, amam ou tentam fazer as outras pessoas felizes. O que não é o caso de nosso protagonista que se fecha, briga com o namorado e com os pais, humilha a irmã e só tem coragem de contar que vai morrer para a avó (a diva Jeanne Moreau) que também está perto do mesmo fim. O fato de contar aos mais próximos sobre sua doença, não resolveria o problema, mas poderia ajudá-lo a conviver melhor com ele, pelo apoio que eles lhe forneceriam. Mas ninguém pode condená-lo por seus atos, pois esse é um assunto que todos evitam.


O que cada um de nós faria se estivesse no lugar desse fotógrafo? Viajaria pelo mundo? E se não houvesse dinheiro para pagar essas viagens? Reuniria os amigos para uma festa inesquecível? E se não houvessem amigos para serem convidados? Amaria todos que cruzassem seu caminho? Faria sexo com todo mundo que te atraísse e com os que não te atraíssem também? Ou simplesmente enlouqueceria? A última opção é uma das mais prováveis, pois mesmo sabendo que vamos morrer um dia, nos conformamos em saber que não vai ser agora ou pelo menos rezamos (oramos) para que quando esse dia chegar que seja rápido e sem dor.

Apesar do tema triste, O tempo que resta nos faz refletir sobre essa questão tão delicada. O protagonista descobre aos poucos e à sua maneira como aproveitar o tempo: a possibilidade de ter um filho, a conversa emocionante com o pai, um dia na praia... François Ozon (Oito mulheres, Gotas d’água em pedras escaldantes) construiu um filme conciso (77 minutos) que consegue emocionar e passar a sua mensagem: aproveite o seu tempo, mesmo porque você não sabe quanto dele ainda lhe resta.




Um comentário:

  1. Parece ser um filme triste mas que nos faz pensar, vou procurar por ele. Valeu pela a dica.

    coisastriviais.blogspot.com

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