O ator, autor e diretor Domingos Oliveira morreu por
volta das 14h do sábado passado (23) no Rio de Janeiro, aos 82 anos. Segundo
informações da família, o artista estava em sua casa, no Leblon, quando se
sentiu mal e não resistiu.
Domingos se consagrou com filmes como "Todas as mulheres
do mundo" e "BR, 716", em quase 60 anos de carreira no teatro,
na televisão e no cinema. Apesar de doente na última década – sofria de Mal de
Parkinson – e com dificuldades para andar, o artista nunca parou de produzir.
Diversos amigos, familiares e artistas, como Maitê Proença e
Caio Blat, participam da cerimônia. A atriz Fernanda Montenegro fez um discurso
emocionante sobre a vida de Domingos Oliveira, segundo a GloboNews.
Domingos nasceu no Rio de Janeiro em 28 de setembro de 1936.
Entrou para a Globo em 1963, para fazer a programação da emissora que estrearia
dois anos depois. Integrou a equipe de autores de séries de sucesso nos anos
1970.
Nome seminal da história do cinema, teatro e televisão
brasileira, Domingos Oliveira até pensou em enveredar pela Engenharia Elétrica,
na qual se formou. No entanto, logo após fazer um curso com um diretor da
escola americana de teatro Actor's Studio, sua vida seguiu o caminho da arte –
caminho que já havia começado a ser trilhado na escola quando, aos 12 anos,
interpretou um cardeal português na peça "A ceia dos cardeais", de
Júlio Dantas.
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Leila Diniz e Paulo José em Todas as mulheres do mundo |
Depois de 1966, Domingos Oliveira sai da Globo para se
dedicar ao cinema. Na época, dirigiu aquele que, para muitos, é o grande filme
de sua carreira: "Todas as mulheres do mundo" (1967), produção que
recebeu 12 prêmios no Festival de Brasília e estrelada por Leila Diniz e Paulo
José.
Em seguida, dirigiu os filmes "Edu, coração de
ouro" (1968), "As duas faces da moeda" (1969), "É
Simonal" (1970) e "A culpa" (1971). Este último recebeu a
Estatueta Dama del Paraguas por sua fotografia, no Festival de Barcelona, em
1972.
Em 1990, fez um remake para a televisão de seu filme
"Todas as mulheres do mundo". A princípio, a produção seria uma
minissérie. Porém, acabou sendo transmitida como um especial. No elenco estavam
Pedro Cardoso e Fernanda Torres, nos papéis que haviam sido vividos no cinema
por Leila Diniz e Paulo José, em 1967.
Domingos chegou a fazer um outro remake de filme, "As
duas faces da moeda", que seria exibido no Teletema. O programa, porém,
não chegou a ser transmitido.
Em 1992, Domingos de Oliveira atuou na minissérie "As
noivas de Copacabana", escrita por Dias Gomes. No ano seguinte, escreveu a
minissérie "Contos de verão", da qual também participou como ator,
interpretando o personagem Jonas. Em 1994, foi o responsável pelo argumento da
novela "74.5 - Uma onda no ar", uma produção independente da TV Plus,
exibida pela TV Manchete.
Dois anos depois, Domingos assumiu a direção do Teatro do
Planetário, onde colocou em cartaz diversas peças escritas ou dirigidas por
ele. "Amores", espetáculo que marcou o início dessa fase, recebeu o
Prêmio Shell de melhor texto de 1996.
"Todo mundo tem problemas (sexuais)", peça escrita
com o psicanalista Alberto Goldin que estreou no final de 2000, foi sua 14ª
montagem na direção do Teatro do Planetário e a 44ª peça de sua carreira.
Em 1998, após 20 anos sem produções no cinema, Domingos
Oliveira dirigiu o filme "Amores", baseado em sua peça homônima.
O filme – que contou com a colaboração de Maria Mariana,
Priscilla Rozenbaum, Clarice Niskier, Angèle Fróes, Márcia Derraik e Eva
Mariani – recebeu os prêmios da crítica, do público e especial do júri no
Festival de Gramado daquele ano.
Pela peça "Separações", Domingos Oliveira foi
indicado, em 2000, ao Prêmio Shell nas categorias autor, diretor e ator. O
texto seria adaptado para o cinema em 2003. Em 2008, entrou em cartaz sua peça
"Confissões das mulheres de 30".
A montagem foi inspirada no grande sucesso "Confissões
de Adolescente", peça de 1992 dirigida por Domingos Oliveira e escrita por
sua filha, Maria Mariana. Em 2010, o dramaturgo reestreou sua peça
autobiográfica "Do fundo do lago escuro", desta vez participando como
ator em um papel feminino, o de sua própria avó.
Em junho de 2001, depois de sete anos afastado dos trabalhos
em televisão, participou do programa Brava Gente, transmitido pela Globo. Ao
lado de Camila Amado, atuou no episódio "Boca de lixo", escrito por
Jackie Vellego e dirigido por Teresa Lampreia.
Em 2005, lançou mais dois filmes: "Carreiras", com
Priscila Rozenbaum, e "Feminices", com Priscilla Rozenbaum, Dedina
Bernadelli, Clarice Niskier e Cacá Mourthé.
Em 2008, assinou o roteiro e a direção da versão para o cinema
de sua peça "Todo mundo tem problemas (sexuais)". Dois anos depois,
Domingos lançou o livro "Minha vida no teatro".
Em seguida ainda dirigiu quatro filmes, sendo o último
lançado BR 716. Fiquei emocionado quando viajei ao Rio de Janeiro e fiquei hospedado
na Rua Barata Ribeiro e lembrei dele e do filme.
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Com Sophie Charlote em BR 716 |
FILMOGRAFIA COMPLETA
(Como sempre, os que estão sublinhados e em negrito
são os
que assisti)