Quando percebi que O casamento de
Gorete e Irmã Dulce estavam quase saindo de cartaz, não sosseguei enquanto não
fui no Araguaia Shopping assisti-los, no domingo passado e não me arrependi.
O CASAMENTO DE GORETE
O ator Paulo Vespúcio estreia
como diretor nessa comédia debochada estrelada pelo comediante do Zorra Total
Rodrigo Sant’anna.
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É a história de um garoto do
interior que é rejeitado pelo pai por ser homossexual. Ele se muda e vira um
famoso radialista (Rodrigo Sant’anna), sempre cercado pelas amigas vividas por
Tadeu Melo e Ataíde Arcoverde, que são como suas fadas madrinhas, sempre dando
conselhos e apoiando.
Tudo se complica quando o pai de
Gorete (Ricardo Blat) está morrendo e exige que ela se case para poder receber
a herança. Só que ela não quer se casar já que ainda está apaixonada pelo amor
de infância e não está disposta a mudar de ideia, nem quando Carlos Bonow surge
em seu caminho, totalmente apaixonado.
Fiquei bastante interessado do
início ao fim e até bastante surpreso. O casamento de Gorete é um filme
totalmente gay. Quase todos os personagens são gays e os outros são
simpatizantes, as cores são berrantes e tudo é bastante exagerado, mas o público
não se importa nem um pouco com isso. Parece ser uma prova de que o preconceito
diminuiu bastante. Claro que o fato de ser uma comédia ajuda muito na
aceitação, mas em momento algum os gays são tratados de forma pejorativa ou
como mera desculpa para deboche.
Letícia Spiller é uma das
produtoras e vive a drag queen Rochanna, numa caracterização hilária de voz e
figurino, até com enchimento para parecer um homem.
Há algumas piadas dispensáveis de
banheiro e excremento, mas isso é só um detalhe, no fundo o filme é um conto de
fadas sobre o amor verdadeiro, a diferença é que a Cinderela é um homossexual e
o príncipe não vem num cavalo.
IRMÃ DULCE
Alguns achavam que Irmã Dulce
seria o novo Dois filhos de Francisco, a cinebiografia de Zezé di Camargo e
Luciano, que levou mais de 5 milhões de pessoas aos cinemas. Eu tinha minhas
dúvidas. O filme estreou primeiro nas regiões norte e nordeste, onde ela era
mais conhecida, mas mal chegou a 30.000 espectadores na primeira semana. Em
seguida estreou no resto do país, mas não adiantou depois de 5 semanas, ainda
não alcançou 200 mil.
Quando o assisti é que fui
entender porque o grande público não ficou tão interessado. Irmã Dulce fala da
pobreza, é triste em vários momentos e está bem longe do padrão de filmes que
atrai grande público ao cinema.
Em sua primeira cena, a menina
Dulce fica chocada quando está com sua mãe (Glória Pires) e vê vários pobres se
estapeando por comida e isso fica marcado em sua vida.
Já adolescente e vivida por
Bianca Comparato (que me surpreendeu por sua interpretação convincente,
inclusive com sotaque baiano) ela salva um menino doente, encontra outro de
nome João, que se torna seu protegido por toda a vida, inclusive com algumas
incursões pela vida do crime. Convence a madre a transformar um galinheiro num
dos maiores hospitais beneficentes do país que atende milhares de pessoas
carentes por dia.
Já na segunda fase e interpretada
por Regina Braga, o filme tenta justificar com suas boas ações, o porque de ela
ter ficado conhecida como o Anjo Bom da Bahia e querida por todos, inclusive
pelos bandidos e por uma mãe-de-santo, que eu pensei que ela faria um barraco
quando vê seu protegido num terreiro de macumba, mas ela age na maior calma,
como devia ser de sua índole.
A Revista Preview chamou o filme
de chapa branca por só mostrar seu lado bom, o que é estranho por ninguém ser
perfeito, mas eu acredito que há exceções e Irmã Dulce deve ser uma dessas
exceções, tanto que foi beatificada em 2011.
Momentos emocionantes não
faltaram na vida dessa grande mulher, inclusive o fato de não ter sido
escolhida para ver o Papa nos anos 80, mas uma manifestação popular faz com que
ela seja convidada. No final são mostradas cenas reais de Irmã Dulce, que mesmo
com a saúde frágil, viveu 78 anos, sempre ajudando o próximo.
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Se Irmã Dulce fez tanto, porque você não pode fazer só isso?