Parece que foi
ontem. Eu estava na pós graduação há uns 8 anos e uma colega ficou encantada
quando eu disse que já tinha visto 1000 filmes brasileiros. O que ela diria
agora se eu disse que completei 3062?
A paixão pelo
Cinema Nacional surgiu há muitos anos, com certeza influenciada pelos filmes
dos Trapalhões e da Xuxa, que eram exibidos constantemente na Sessão da Tarde
da Rede Globo. Depois acompanhava o “Made in Brazil” da Band que exibia entre
outros filmes nacionais, as adoráveis pornochanchadas. Em seguida veio a TVE
Brasil com o Cadernos de Cinema que após a exibição dos filmes, levava
convidados para debater o longa sob o comando da jornalista Vera Barroso. A
rede Globo, naquela época só exibia filmes brasileiros na primeira semana do
ano com o Festival Nacional, mas isso ainda era pouco para mim que consumia
avidamente esses filmes.
Descobri o Cine
Brasil TV, um canal de produção independente que passa vários filmes e o melhor
de tudo: é exibido em sinal aberto no satélite para quem quiser assistir. Foi
nesse canal que conheci quase todos os filmes do diretor Carlos Hugo
Christensen, como “O menino e o vento”, “Enigma para demônios”, “Anjos e
demônios”, “Viagem aos seios de Duília” e do diretor e ator Carlo Mossy, um dos
reis da pornochanchada, além de tantos outros filmes imperdíveis dos anos 60
aos anos 90. O canal é dirigido por Tereza Trautman (que tive a oportunidade de
conhecer e é um amor de pessoa) que nos anos 70 e 80 dirigiu filmes como “Os
homens que eu tive” e “Sonhos de menina moça”.
O Canal Brasil
ainda continuava sendo um sonho, quando descobri a TV por assinatura “Astral
Sat” e virei assinante só por causa desse canal. Oito meses depois o canal foi
retirado e ela logo faliu. Reclamei muito, mas não adiantou nada. Estava de
novo órgão do Cinema Brasileiro quando resolvi assinar a Sky, pois dali acho
que o canal não sai, mas como não tinha muito tempo de assistir acabei
cancelando a assinatura e fiquei uns anos sem, hoje sou assinante da OI TV
simplesmente por causa do Canal Brasil, mas claro que nem por isso deixo de
fazer downloads para ver os filmes que não passam na tv.
No início tinha
preconceito com as chanchadas e os filmes da Mazzaropi, mas hoje os adoro e já
vi todos os filmes que Mazzaropi fez. Acho alguns filmes do Cinema novo meio
chatos, bem como quase todos os de Glauber Rocha, mas mesmo assim ainda vejo
todos com grande prazer.
O cinema
marginal me agrada muito. Adoro O pornógrafo; O cangaceiro é o melhor entre os
filmes de cangaço; Pixote – A lei do mais fraco, um dos melhores da Embrafilme;
os filmes de sexo explícito da boca do lixo também me agradam, pois sempre
contavam uma história (mesmo que tosca) e a trilha sonora era de música
clássica como Chopin e Beethoven. Alfredo Sternheim é o meu diretor preferido
dessa época; Alma Corsária, um dos melhores da fatídica Era Collor; Central do
Brasil, o melhor da retomada e o meu preferido de todos os tempos.
As trocas de
filmes brasileiros com colecionadores também ajudaram muito nessas
“descobertas”. Descobri várias pérolas, muitos com ótima qualidade, apesar da
maioria ter sido gravada do VHS original. A maioria desses filmes também eram
pornochanchadas.
E por último, os
downloads. Depois que descobri os macetes de se baixar filmes na internet,
nunca mais faltou filmes para eu assistir e é claro que os filmes brasileiros
são prioridade e eu não deixo de baixar um filme nacional pra baixar qualquer
filme estrangeiro que seja. Apesar que os próprios internautas tem preconceito
com os filmes brasileiros e upam muito mais os filmes estrangeiros,
principalmente os americanos.
Brinquei com um
amigo, que quando vejo um filme americano é como se estivesse traindo a minha
mulher (P.S. Não sou casado). Ele riu já que como a maioria das pessoas,
prefere os yankees.
Que venham os 4.000.