sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

JESUS DE MONTREAL (Jésus de Montréal, Canadá/França, 1989)

Direção: Denys Arcand. Com: Lothaire Bluteau, Katherine Wilkening. Drama, 118 min.

Em 1989, um ano depois de Scorsese lançar “A última tentação de Cristo”, Dennys Arcand lançou essa parábola sobre uma encenação ao ar livre na cidade de Montreal (Canadá) da Paixão de Cristo, intitulada “A paixão na montanha”.

Um rapaz, Daniel Coulombe, é convidado por um sacerdote que adora teatro (ele chega a citar uma montagem de Ricardo III com Alec Guiness) a dirigir e estrelar uma modernização da Paixão de Cristo, já que a montagem anterior já durava 35 anos. Daniel convida quatro amigos atores e a montagem é um sucesso, apesar da oposição da Igreja Católica que não concorda com algumas “liberdades” tomadas pelo autor.

O filme coloca em dúvida vários dogmas da igreja sobre a vida de Cristo, como onde ele nasceu, com quantos anos morreu; que seu verdadeiro nome teria sido Yeshu Ben Panthera, que ele seria filho de um soldado romano e que a Virgem Maria teria sido mãe solteira (e não teria dado a luz virgem) ou que talvez Cristo nem tivesse existido.

A peça é encenada ao ar livre, enquanto duas das atrizes comentam alguns fatos mal explicados da vida de Jesus, como os evangelhos escritos um século depois de seu nascimento, como se passou muito tempo, os autores podem ter mentido, enfeitado e até se esquecido de algumas coisas e que os milagres que Ele fazia eram mais populares que seus sermões.

“Jesus de Montreal” tem em comum com “A última tentação de Cristo”, o fato de chocar o espectador com novos fatos, ficcionais ou não, sobre a vida de Cristo, apesar de que em Jesus de Montreal os fatos polêmicos são narrados, enquanto em A última tentação de Cristo, eles são mostrados. No filme de Dennys Arcand, o sacerdote deixa claro em uma fala, a necessidade que as pessoas têm de acreditar em Deus e em Cristo, como Pedro havia feito no filme de Scorsese.
_ Eles não se importam com as descobertas arqueológicas no Oriente Médio. Querem ouvir que Jesus os ama e os aguarda.
E depois:
_ Nem todo mundo pode pagar um psicanalista. Então eles vêm aqui para que eu lhes diga: “Vão em paz, seus pecados estão perdoados”. Lhes conforta um pouco. Já é algo. Aqui é onde tocamos o fundo da solidão, das enfermidades e da loucura.


É possível fazer um paralelo entre Daniel Coulombe e o próprio Cristo. Primeiramente quando ele quebra várias coisas durante um teste para um comercial de cerveja em que Mireille, sua namorada, é convidada a participar com os seios de fora e como ele não concorda, fica descontrolado, como se o corpo dela estivesse sendo vendido, lembrando a ira de Cristo quando descobre que o templo foi transformado em um mercado. Em seguida quando Daniel está “pregado” na cruz durante a peça e alguém enfurecido durante uma blitz da polícia, que tentava impedir a encenação, derruba a cruz ele bate com a cabeça, já que a cruz cai em cima dele. Já no hospital ele começa a falar como Cristo e a sua morte ocorre num leito em forma de cruz. Daniel é o salvador de algumas vidas, já que seus órgãos são doados e várias pessoas são beneficiadas. Sua ressurreição acontece nessas pessoas que ganham uma nova vida.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

XUXA EM O MISTÉRIO DE FEIURINHA X LULA, O FILHO DO BRASIL







X









Ao contrário do que previam os especialistas, a biografia do Presidente Lula, O filho do Brasil não alcançou a bilheteria esperada. Com um orçamento de 16 milhões de reais, sendo 4 deles destinados apenas ao marketing e produzido pela Globo Filmes, esperava-se que o filme fosse um novo recorde da retomada do Cinema Brasileiro, que aconteceu a partir de 1995, com o filme Carlota Joaquina – Princesa do Brazil. Lula – O filho do Brasil alcançou 818. 337 espectadores até 07/02/2010, com uma arrecadação de R$ 6.927.871,00 com 6 semanas em cartaz, mas esperava-se que alcançasse pelo menos 5 milhões de espectadores. O presidente Lula é muito querido pelo povão, mas parece que estes não se interessaram tanto pela sua história. Claro que a concorrência desleal de AVATAR também atrapalhou, bem como as críticas negativas que recebeu desde a sua exibição apressada no Festival de Brasília.

Já o filme da Rainha dos Baixinhos, Xuxa em O mistério de Feiurinha alcançou até o dia 21/02, 1.173.340 espectadores e uma arrecadação de R$ 7.873.360,00, já em sua 9ª semana em cartaz, ainda está sendo exibido em 117 salas, apesar da arrecadação semanal ter diminuído muito e não estar mais em cartaz em algumas capitais, como Goiânia. Assisti ao filme há duas semanas e pensei que encontraria a sala só com crianças, mas ao contrário, a maioria do público era de adultos, talvez fãs dos áureos tempos da Rainha dos baixinhos em seu Xou nas manhãs da Rede Globo.

O filme de Xuxa, foi o primeiro nacional a passar a marca de 1 milhão de espectadores, nesse ano, por enquanto fraco para o cinema brasileiro, onde além dos dois filmes citados, o único que conseguiu entrar na lista dos 20 filmes mais assistidos nos cinemas, foi a versão brasileira do musical High School Musical – O desafio, com 201.926 espectadores em 3 semanas de exibição.

Mas o filme de Lula ainda vai ter mais algumas chances de se reabilitar. Parece que o DVD vai ser lançado a preços populares, o que deveria acontecer com todos os filmes e não só com o filme do presidente. E depois a exibição da tv por assinatura e consequentemente na Rede Globo que é a produtora.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

MULHER OBJETO (Brasil, 1981) ****


Direção: Silvio de Abreu. Com: Helena Ramos, Nuno Leal Maia, Kate Lyra, Maria Lúcia Dahl, Danton Jardim, Hélio Souto, Yara Amaral, Wilma Dias, Fábio Villalonga. Drama, 125 min.

Em vários filmes da pornochanchada, a mulher sempre foi tratada como mero objeto de desejo, tanto dos personagens, quanto dos espectadores que iam ao cinema para vê-la. E em Mulher Objeto, o último e melhor filme de Silvio de Abreu não é diferente. Só que esse fala de uma mulher que é desejada por vários homens, mas ela mesma não consegue sentir prazer. Regina (Helena Ramos) e Hélio (Nuno Leal Maia) são casados há dois anos e passam por uma crise no casamento, já que ela não gosta de sexo e não deixa que o marido se aproxime, mas mesmo assim fantasia que tem relações com outros homens que encontra e pelos quais sente atração, como o sobrinho de uma amiga, um médico e um encanador. Só que nem nas fantasias, consegue se satisfazer, pois se sente sempre incomodada por pombos e por traumas do passado. “É um impedimento para a realização de algo que ela anseia e não simplesmente vontade de realizar uma cena erótica, o que trouxe ao filme uma dimensão maior.”

Hélio não aguenta mais aquela situação e sugere que a mulher procure uma analista. Com o decorrer das consultas, as duas vão desvendando todo o mistério: a educação repressora que Regina teve num convento e a relação conturbada com o pai.


Mulher Objeto tem cenas bastante ousadas, com nu frontal, tanto masculino, quanto feminino, cenas de lesbianismo, sadomasoquismo, ménage à tróis, simulação de sexo bastante ousada, além de uma cena de penetração vista por Hélio em um filme antigo, mas tudo bastante refinado e em nenhum momento vulgar.

Sílvio de Abreu foi fundo no lado obscuro dessa mulher insatisfeita, mas por incrível que pareça e apesar de ser roteirista, os diálogos aqui não são seus. O argumento é de Alberto Salvá (A menina do lado) e o roteiro de Jayme Cardoso.

Helena Ramos em seu melhor papel não era a primeira escolha do diretor que pensou antes em Sonia Braga, Vera Fischer, Bruna Lombardi e Sandra Bréa, mas todas recusaram. Em nenhum momento ele queria dar o papel a Helena, pois ela tinha feito alguns filmes ruins e tinha o nome relacionado só à pornochanchadas e ele queria elevar o nível do gênero. Só aceitou quando percebeu que ela tinha muita garra e era capaz de interpretar qualquer papel. Ela sabia da responsabilidade, que se tratava de um filme mais pretensioso e se dedicou integralmente, lendo sobre sexualidade .

O filme foi exibido no Festival de Cannes e vendido para vários países. No Brasil conseguiu 2.031.520 espectadores, além do reconhecimento da crítica. Depois dele, Silvio de Abreu não dirigiu mais nada e passou a se dedicar somente às novelas.
 
 
 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

EU TE AMO (Arnaldo Jabor, 1981) ****




Direção: Arnaldo Jabor. Com: Sonia Braga, Arnaldo Jabor, Tarcísio Meira, Vera Fischer, Regina Casé,Maria Lúcia Dahl e Guará Rodrigues. Drama, 110 min.

Em 1981, o diretor Arnaldo Jabor dirigiu EU TE AMO, sobre um casal discutindo a relação e suas crises existenciais. O filme deu o prêmio de melhor atriz a Sonia Braga. Em um momento ele (Paulo César Pereio) a chama de burra por não ter feito faculdade e ela diz que fez Letras na PUC, mas essa é só uma de muitas falas, nesse filme cheio de diálogos maravilhosos. Assisti há algum tempo e guardo boas lembranças, principalmente da música tema que é linda e foi gravada por Chico Buarque.


EU TE AMO
Tom Jobim

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que ainda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Me conta como ei de partir


Link para baixar a música:
http://www.4shared.com/file/100646381/78b4aa95/Chico_Buarque_-_Eu_Te_Amo.html?s=1

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

MALUCA PAIXÃO (EUA, 2009) ***


DIREÇÃO: Phil Traill. Com: Sandra Bullock, Thomas Haden Church, Bradley Cooper. Comédia, 98 min.

Resolvi ir contra a maré e falar bem do filme Maluca Paixão com Sandra Bullock que foi indicado a vários prêmios Framboesa de Ouro, inclusive de pior atriz e pior filme.

A personagem de Sandra Bullock (Mary Horowitz) é mesmo uma chata de galocha, daquelas quase insuportáveis de ficar perto na vida real. E esse fato foi um dos mais criticados no filme. Ela cria palavras cruzadas para um jornal local e por isso, fala o tempo inteiro, inclusive sozinha, tornando-se intolerável.

Seus pais marcam um encontro às escuras pra ela com Steve (Bradley Cooper), um jornalista/câmera de TV. Quando ele percebe que ela parece uma louca, dá um jeito de cair fora logo, mas como ela se apaixona, fica correndo atrás dele pelos Estados Unidos, achando que ele também a quer.

O filme melhora substancialmente quando ela cai em buraco e tem a possibilidade de salvar uma criança muda que tinha ficado perdida durante um desmoronamento. Nesse momento, Mary percebe o quanto é querida, pois as pessoas se juntam para torcer pela sua salvação, inclusive Steve se arrepende de ter a desprezado e o público também entende sua solidão e seu jeito diferente de ser.

Numa fala final ela explica que os criadores de palavras cruzadas tentam preencher o vazio que sentem com palavras e cruzadas e ela tentou preencher o vazio que sentia com Steve, mas que não resolveu pois ela tinha que ter procurado alguém "normal" como ela, pois nem todas as pessoas aceitam muito bem quem é dirente. E ainda dá um conselho: "Se você ama alguém, deixe-o livre, pois se tiver que ficar correndo atrás, é porque não era pra ficarem juntos".

Um elogio aos diferentes, inteligentes e até chatos, mas no fundo ótimas pessoas. Conheça!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

NÃO AMARÁS (Polônia, 1988) ****


Direção: Krzysztof Kiéslowski. Com: Grazyna Szapolowska, Olaf Lubaszenko, Drama, 82 min.

Em 1988, o diretor polonês Krzysztof Kiéslowski realizou uma das mini-séries de TV mais famosas de todos os tempos, O DECÁLOGO, com 10 episódios de 50 minutos cada, baseados nos mandamentos da lei de Deus. Foi laureado no 46º Festival de Veneza e se tornou uma obra prima e consagrou o diretor internacionalmente. Dois desses episódios foram estendidos e lançados nos cinemas, este e “Não matarás” no ano seguinte.

Não Amarás representa o 6º mandamento “Não pecar contra a castidade”. É a história de um rapaz de 19 anos, virgem que trabalha como carteiro e é apaixonado por uma mulher mais velha que mora no prédio em frente ao seu, mas como não tem coragem de se declarar, fica espionando sua amada por um binóculo até que deixa claro seu amor.

O filme mostra de uma maneira singela e bastante sensível, os mecanismos da paixão. O garoto esnobado pela mulher mais velha, que aos poucos vai ficando encantada com todo aquele amor e acaba se apaixonando também. A situação se complica com uma tentativa de suicídio, quando ela percebe que pode ter colocado tudo a perder. É muito bonita a cena em que ela literalmente chora sobre o leite derramado.

Há muitos silêncios nessa história introspectiva. Em um momento, a dona do apartamento em que o rapaz mora, lhe explica porque as pessoas choram e sofrem. A última cena deixa um fio de esperança, apesar de parecer uma alucinação.

O título original Krótki film o milosci, quer dizer “Um pequeno filme sobre o amor” e é na verdade um belo filme sobre um amor não correspondido, ou mais que isso, um amor correspondido que não dá certo.

Descubra o mais rápido possível esse filme, bem como o violento e belo “Não matarás”, a mini-série que deu origem a eles e a trilogia das cores de Kiéslowski, em especial “A liberdade é azul” e “A fraternidade é vermelha” que são primorosos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

DON'T CRY DADDY

















Gosto de todas as músicas de Elvis Presley, mas tenho um carinho especial por algumas e Don't cry daddy está entre elas. A seguir, a letra, a tradução.

DON'T CRY DADDY
Today I stumbled from my bed
With thunder crashing in my head
My pillow still wet
From last night tears
And as I think of giving up
A voice inside my coffee-cup
Kept crying out
And ringing in my ears

Don't cry daddy
Daddy, please don't cry
Daddy, you've still got me and little Tommy
Together we'll find a brand new mommy
Daddy, daddy, please laugh again
Daddy ride us on your back again
Oh, daddy, please don't cry

Why are children always first
To feel the pain and hurt the worst
It's true, but somehow
It just don't seem right
'Cause ev'ry time I cry I know
It hurts my little children so
I wonder will it be the same tonight

Don't cry daddy
Daddy, please don't cry
Daddy, you've still got me and little Tommy
Together we'll find a brand new mommy
Daddy, daddy, please laugh again
Daddy ride us on your back again
Oh, daddy, please don't cry
Oh, daddy, please don't cry


NÃO CHORES PAPAI

Hoje eu tropecei da minha cama
Com um trovão caindo na minha cabeça
O meu travesseiro ainda molhado
Das lágrimas da noite passada
E quando penso em desistir
Uma voz dentro da minha xícara de café
Continuou a chorar
E a tocar em meus ouvidos

Não chores papai
Papai, por favor, não chore
Papai, você me tem e ao pequeno Tommy
Juntos vamos encontrar uma nova mãe
Papai, papai, por favor, ria de novo
Papai nos leve em suas costas novamente
Oh, papai, por favor, não chores

Por que as crianças são sempre as primeiras
A sentir a dor e temer o pior
É verdade, mas de alguma maneira
Simplesmente não parece certo
Pois toda vez choro eu sei que
Machuca tanto meus filhinhos
Me pergunto se vai ser o mesma hoje a noite

Não chores papai
Papai, por favor, não chore
Papai, você me tem e ao pequeno Tommy
Juntos vamos encontrar uma nova mãe
Papai, papai, por favor, ria de novo
Papai nos leve em suas costas novamente
Oh, papai, por favor, não chores
Oh, papai, por favor, não chores

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SAINDO DO ARMÁRIO (Inglaterra, 1998) ****


Direção: Simon Shore. Com: Ben Silverstone, Brad Gorton, Charlotte Brittain, Stacy Hart, Tim Harris. Drama, 110 min.

“Queria que os outros gostassem de mim pelo que eu sou, não pelo que eu finjo que sou”

Essa é a frase dita por Steven (Bem Silvertone) no momento em que ele realmente resolve sair do armário, durante um discurso na escola e completa: “O que importa é o amor. Qual a diferença? Ele tem 16 anos e passa pela angústia juvenil de se descobrir homossexual e o sofrimento que isso lhe causa, principalmente por ter que esconder dos outros quem ele é. A primeira a saber é Linda, uma amiga gordinha que serve como alívio cômico entre os momentos dramáticos.

Steven começa sua vida sexual num banheiro público, com um homem que depois ele descobre ser casado, mas seu verdadeiro amor é John Dixon (Brad Gorton) um campeão de corridas e o garoto mais bonito da escola. De início o romance parece impossível, mas com o tempo passa a ser correspondido, apesar do medo de John de ser descoberto pelos outros, já que tem namorada e não está preparado para se aceitar.

Saindo do armário é uma produção inglesa aclamada como um dos melhores filmes sobre a descoberta e principalmente sobre a aceitação da condição de homossexual. O filme é totalmente crível, com exceção do momento do discurso de Steven em que todos entendem e o aplaudem. Um pouco de exagero, é claro. A aceitação existe, mas nunca chega a 100%, como nessa cena. Os personagens são reais e poderiam ser seus vizinhos. As situações poderiam acontecer com qualquer um e exalam uma sensibilidade impressionante.

Não é destinado a nenhum público específico, mas sim a todos, pois prega a auto-estima e a aceitação do que é diferente e por isso causa medo à primeira vista, já que as pessoas temem o que não conhecem. Então conheça essa adaptação da peça de Patrick Wilde, adaptada pelo próprio autor. Um detalhe: não há cenas de sexo, só beijos e nem são muitos.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

FANTASIA (EUA, 1940) ***


Reunião de oito segmentos em desenho animado ao som de música clássica:

• Tocata em fuga em ré menor de Bach;
• Quebra-nozes de Tchaikowsky;
• Aprendiz de feiticeiro de Dukas;
• A dana das horas de Ponchielli;
• Ritual de primavera de Stravinsky;
• Sinfonia pastoral de Beethoven;
• Uma noite no monte Calvo de Mussorgsky;
• Ave Maria de Gonoud.

Era sonho de Walt Disney fazer um desenho animado sem estrutura narrativa, uma tentativa de dar forma aos sons. Foi o segundo longa metragem em animação da Disney e custou US$ 3 milhões, uma fortuna na época, o que quase levou o estúdio à falência pois foi fracasso de bilheteria. Só conseguiu se pagar nos anos 70, quando foi reconhecido como um verdadeiro clássico, mas nunca foi um filme de grandes plateias.

Interessante por mostrar às crianças de uma forma divertida, o gosto pela música clássica. Mas talvez elas achem o filme longo demais e um pouco chato. Os menores devem gostar mais. São inesquecíveis os segmentos: “Aprendiz de feiticeiro”, protagonizado pelo camundongo Mickey, que já foi exibido várias vezes nas manhãs da Globo e é o mais conhecido deles; “A dança das horas”, com a valsa dos avestruzes, hipopótamos, elefantes e jacarés – o melhor episódio; e também “Sinfonia Pastoral” com a dança dos cavalos voadores.

Os dois piores episódios são os dois últimos, que são muito tenebrosos e podem assustar as crianças menores, apesar da bela música Ave-Maria do último. Há uma figura muito parecida e que deve ter inspirado o personagem Vingador do desenho animado em série "Caverna do dragão", exibido na tv aberta até hoje.

Para os professores que querem usar o filme em sala de aula, como ferramenta para enriquecer suas aulas, poderiam ser mostrados apenas os três episódios citados no parágrafo anteiror para que as crianças não se sintam entediadas. Mas tudo é uma questão de tentativa. As crianças de hoje em dia estão muito acostumadas com a velocidade e a adrenalina com que as coisas acontecem nos filmes atuais, principalmente nos hollywoodianos, mas o desenho animado e os personagens conhecidos podem chamar sua atenção. Mas os adultos com certeza devem gostar bem mais do filme e lembrar com saudade de sua infância.

Disney queria criar várias “Fantasias” ao longo dos anos, mas não concretizou, já que o primeiro foi um fracasso na época. Só em 2000, 33 anos depois de sua morte, foi lançado “Fantasia 2000” com novos episódios e a repetição de “Aprendiz de feiticeiro” em versão restaurada. A repercussão foi bem menor e o filme foi considerado inferior, mas eu achei bem interessante, principalmente o episódio "Pompa e circunstância".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A UM PASSO DA ETERNIDADE (EUA, 1953) ****

(From here to eternity)

Direção: Fred Zinnemann. Com: Burt Lancaster, Montgomery Clift, Deborah Kerr, Frank Sinatra, Donna Reed e Ernest Bornigne. Drama, 118 min.

A um passo da eternidade acontece no Hawaii em 1941, ou seja, durante a 2ª guerra mundial, pouco antes dos ataques japoneses a Pearl Harbor. Mas o que menos importa aqui é a guerra e sim a vida desses soldados que estão em uma base militar aguardando para entrar em ação, em especial dois deles, Roberto E. Lee Prewitt (Montgomery Clift), que é tocador de corneta e lutador de boxe, mas se recusa a continuar fazendo isso depois que cega um amigo durante uma luta; e um sargento que está feliz dessa forma e não quer se tornar oficial (Burt Lancaster) e se apaixona pela mulher mal amada de um comandante (Deborah Kerr). Tornou-se inesquecível e um dos takes mais lembrados do cinema, a cena dos dois se beijando na areia da praia, banhados pelas ondas. Cena muito bela, mas que resulta rápida demais na tela.

O filme venceu 8 Oscars: Filme, Diretor, Roteiro, Ator coadjuvante (Frank Sinatra), Atriz Coadjuvante (Donna Reed), Fotografia, Montagem e Som e ainda foi indicado a outros quatro: Ator (Montgomery Clift, Burt Lancaster), Atriz (Deborah Kerr) e Som.

Por não querer lutar num torneio de boxe, Robert sofre humilhações e faz serviços pesados e numa de suas folgas conhece a prostituta de bom coração, Lorene (Donna Reed) por quem se apaixona, mas ela se recusa a casar com ele, por não achar a profissão de soldado muito digna. Montgomery Clift vive mais um de seus personagens atormentados por atos do passado que prefere ser humilhado a se submeter aos outros.

Nos treze minutos finais, acontece o ataque dos japoneses. Algumas cenas de explosão parecem de arquivo e são muito escuras, mas o bombardeio à base parece real. É nesse momento que o título do filme é explicado, pois Robert gosta tanto de ser soldado que mesmo machucado, faz de tudo para lutar. O nome de Burt Lancaster aparece primeiro nos créditos, mas o verdadeiro protagonista é Montgomery Clift.

Os clássicos são sempre indispensáveis. Este pela história de guerra, mas quase sem querra, o elenco impecável, a cena da praia e Montgomery Clift carismático como sempre.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

INDICADOS AO OSCAR 2010

Foram indicados os concorrentes às 24 categorias da 82ª edição do Oscar. A atriz Anne Hathaway (Alice no País das Maravilhas) e o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Tom Sherak, fizeram o anúncio na manhã de terça-feira, no teatro Samuel Goldwyn, em Beverly Hills.

A novidade do Oscar 2010 é a indicação de dez produções, em vez das cinco tradicionais, ao prêmio de Melhor Filme. Os favoritos, Avatar e Guerra ao Terror, concorrem ambos em nove categorias. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, teve sete indicações.

A surpresa das indicações é para a animação da Disney, Up - Altas Aventuras, que recebeu cinco indicações , incluindo Melhor Filme, Roteiro Original e Animação.

A premiação, que será conduzida por Alec Baldwin e Steve Martin, será realizada no dia 7 de março de 2010 e transmitida ao vivo para mais de 200 países e aqui no Brasil pelo canal pago TNT.

Confira a lista de indicados ao 82º Oscar:

Melhor Filme
Avatar
Um Sonho Possível
Distrito 9
Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa - Uma História de Esperança
Um Homem Sério
Up - Altas Aventuras
Amor Sem Escalas

Melhor Diretor
Jason Reitman (Amor sem Escalas)
James Cameron (Avatar)
Quentin Tarantino (Bastardos Inglórios)
Lee Daniels (Preciosa - Uma História de Esperança)
Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror)

Melhor Ator
Jeff Bridges, por Coração Louco
George Clooney, por Amor Sem Escalas
Colin Firth, por Direito de Amar
Morgan Freeman, por Invictus
Jeremy Renner, por Guerra ao Terror

Melhor Atriz
Sandra Bullock, por Um Sonho Possível
Helen Mirren, por The Last Station
Gabourey "Gabby" Sidibe por Preciosa - Uma História de Esperança
Carey Mulligan, por Educação
Meryl Streep, por Julie & Julia

Melhor Ator Coadjuvante
Matt Damon, por Invictus
Christopher Plummer, por The Last Station
Woody Harrelson, por O Mensageiro
Stanley Tucci, por Um Olhar no Paraíso
Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios

Melhor Atriz Coadjuvante
Maggie Gyllenhaal, por Coração Louco
Mo'Nique, por Preciosa - Uma História de Esperança
Anna Kendrick, por Amor Sem Escalas
Vera Farmiga, por Amor Sem Escalas
Penélope Cruz, por Nine

Melhor Roteiro Original
Up - Altas Aventuras
Bastardos Inglórios
Guerra ao Terror
O Mensageiro
Um Homem Sério

Melhor Roteiro Adaptado
Distrito 9
Educação
In the Loop
Preciosa - Uma História de Esperança
Amor Sem Escalas

Melhor Filme Estrangeiro
Ajami
O Segredo de Seus Olhos
A Teta Assustada
Un Prophète
A Fita Branca

Melhor Animação
Up - Altas Aventuras
The Secret of Kells
Coraline e o Mundo Secreto
A Princesa e o Sapo
O Fantástico Sr. Raposo

Melhor Fotografia
Avatar
Harry Potter e o Enigma do Príncipe
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
A Fita Branca

Melhor Direção de Arte
Avatar
O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus
Nine
Sherlock Holmes
The Young Victoria

Melhor Figurino
Brilho de uma Paixão
Coco Antes de Chanel
O Imaginário Mundo do Dr. Parnassus
Nine
The Young Victoria

Melhor Som
Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Up - Altas Aventuras

Melhor Efeitos Sonoros
Avatar
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Star Trek
Transformers: A Vingança dos Derrotados

Melhor Montagem
Avatar
Distrito 9
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Preciosa

Melhor Efeitos Visuais
Avatar
Distrito 9
Star Trek

Melhor Maquiagem
Il Divo
Star Trek
The Young Victoria

Melhor Trilha Sonora
O Fantástico Sr. Raposo
Guerra ao Terror
Sherlock Holmes
Up - Altas Aventuras
Avatar

Melhor Canção
Almost There, de A Princesa e o Sapo
Down in New Orleans, de A Princesa e o Sapo
Loin de Paname, de Paris 36
Take It All, de Nine
The Weary Kind, de Coração Louco

Melhor Curta-Metragem (animação)
French Rost
Granny O'Grimm's Sleeping Beauty
The Lady and the Reaper
Logorama
A Matter of Loaf and the Death

Melhor Curta-Metragem
The Door
Instead of Abracadabra
Kavi
Miracle Fish
The New Tenants

Melhor Curta-Metragem (documentário)
China's Unnatural Disaster: The Tears of Sichuan Province
The Last Campaign of Governor Booth Gardner
The Last Truck: Closing of a GM Plant
Music by Prudence
Rabbit à la Berlin

Melhor Documentário
VJs de Mianmar - Notícias de um País Fechado
The Cove
Food, Inc.
Which Way Home
The Most Danger Man in America: Daniel Ellsberg and the Pentagon Papers


Fonte: Cineclick

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

INDICADOS AO FRAMBOESA DE OURO

Foi divulgada a lista dos indicados ao FRAMBOESA DE OURO, uma premiação aos piores do ano na categoria do cinema. Há uma lenda que o prêmio foi criado em 1980, para "premiar" o filme XANADU com Olivia Newton-John.

Pior Filme de 2009
Maluca Paixão
G.I. Joe - A Origem de Cobra
O Elo Perdido
Surpresa em Dobro (ainda inédito no Brasil)
Transformers: A Vingança dos Derrotados

Pior Ator de 2009
Todos os três Jonas Brothers (Jonas Brothers 3D - O Show)
Will Ferrell (O Elo Perdido)
Steve Martin (A Pantera Cor-de-rosa 2)
Eddie Murphy (Imagine Só!)
John Travolta (Surpresa em Dobro)

Pior Atriz de 2009
Beyonce (Obsessiva)
Sandra Bullock (Maluca Paixão)
Miley Cyrus (Hannah Montana - O Filme)
Megan Fox (Garota Infernal e Transformers: A Vingança dos Derrotados)
Sarah Jessica Parker (Cadê os Morgans?, ainda inédito no país)

Pior Dupla de 2009
Quaisquer dois (ou mais) Jonas Brothers (Jonas Brothers 3D - O Show)
Sandra Bullock & Bradley Cooper (Maluca Paixão)
Will Ferrell & qualquer ator, criatura ou "alívio cômico" (O Elo Perdido)
Shia Lebouf & Megan Fox ou qualquer Transformer (Transformers: A Vingança dos Derrotados)
Kristen Stewart & Robert Pattinson ou Taylor Lautner (Lua Nova)

Pior Atriz Coadjuvante de 2009
Candice Bergen (Noivas em Guerra)
Ali Larter (Obsessiva)
Sienna Miller (G.I. Joe - A Origem de Cobra)
Kelly Preston (Surpresa em Dobro)
Julie White, como a mãe (Transformers: A Vingança dos Derrotados)

Pior Ator Coadjuvante de 2009
Billy Ray Cyrus (Hannah Montana - O Filme)
Hugh Hefner, interpretando a si mesmo (Miss Março - A Garota da Capa)
Robert Pattinson (Lua Nova)
Jorma Taccone, como Cha-Ka (O Elo Perdido)
Marlon Wayans (G.I. Joe - A Origem de Cobra)

Pior Refilmagem ou Sequência
G.I. Joe - A Origem de Cobra
O Elo Perdido
A Pantera Cor-de-rosa 2
Transformers: A Vingança dos Derrotados
Lua Nova

Pior Diretor de 2009
Michael Bay (Transformers: A Vingança dos Derrotados)
Walt Becker (Surpresa em Dobro)
Brad Silberling (O Elo Perdido)
Stephen Sommers (G. I. Joe - A Origem de Cobra)
Phil Traill (Maluca Paixão)

Pior Roteiro de 2009
Maluca Paixão
G.I. Joe - A Origem de Cobra
O Elo Perdido
Transformers: A Vingança dos Derrotados
Lua Nova

Pior Filme da Década
A Reconquista (2000) - Indicado a 10 Framboesas, vencedor de 8 (incluindo Pior Drama de Nossos Primeiros 25 anos)
Fora de Casa (2001) - Indicado a 9 Framboesas, vencedor de 5
Contato de Risco (2003) - Indicado a 10 Framboesas, vencedor de 7 (incluindo Pior Comédia de Nossos Primeiros 25 anos)
Eu Sei Quem Me Matou (2007) - Indicado a 9 Framboesas, vencedor de 8
Destino Insólito (2002) - Indicado a 9 Framboesas, vencedor de 5

Pior Ator da Década
Ben Affleck - indicado a 9 Framboesas, vencedor de 2
Eddie Murphy - indicado a 12 Framboesas, vencedor de 3 Mike Myers - indicado a 4 Framboesas, vencedor de 2
Rob Schneider - indicado a 6 Framboesas, vencedor de 1
John Travolta - indicado a 6 Framboesas, vencedor de 2

Pior Atriz da Década
Mariah Carey - a "vitória" mais expressiva da década, com mais de 70% dos votos por Glitter - O Brilho de uma Estrela
Paris Hilton - Indicada a 5 Framboesas, vencedora de 4
Lindsay Lohan - Indicado a 5 Framboesas,
vencedora de 3
Jennifer Lopez - indicada a 9 Framboesas,
vencedora de 2
Madonna - indicada a 6 Framboesas, vencedora de 4

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

SE NADA MAIS DER CERTO (Brasil, 2009) *


Direção: José Eduardo Belmonte. Com: Cauã Reymond, Caroline Abras, João Miguel, Luiza Mariani, Milhem Cortaz, Leandra Leal e Murilo Grossi. Drama, 120 min.

Durante o V Festicine Goiânia, realizado em novembro de 2009, me senti arrependido de não ter podido assistir a SE NADA MAIS DER CERTO, mas agora consegui ver em DVD e qual não foi minha decepção. Esse é o segundo longa do diretor José Eduardo Belmonte e o estilo é o mesmo do primeiro, A CONCEPÇÃO, que eu tinha detestado.

A história é muito fragmentada, com personagens desequilibrados e subtítulos em cada fase. Leo (Cauã Reymond) é um jornalista fracasssado, casado com Angelina (Luiza Mariani), uma dependente de drogas em suposta recuperação, que conhecem a garota de programa Marcin (Caroline Abras) que se veste e porta como homem e Wilson (João Miguel), um motorista de taxi depressivo. Juntos e com o intuito de ganhar dinheiro de um jeito fácil, eles se envolvem em negócios ilegais, inclusive cometendo latrocínio.

Tudo é tão rápido que não dá nem pra se emocionar e além de tudo ainda é muito prolixo, com seus 120 minutos de duração. A melhor coisa do filme é a música TOCANDO EM FRENTE, executada nos créditos finais que tem muito a ver com o que eu estou passando atualmente.

TOCANDO EM FRENTE
Almir Sater

Ando devagar por que já tive pressa
E levo esse sorriso por que já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe,
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Nada sei.

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou.

Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.

Todo mundo ama um dia todo mundo chora,
Um dia a gente chega, no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir.

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Cada um de nós compõe a sua história,
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz.