Assisti a “Um show de verão” com
Angélica e Luciano Huck e à chanchada “Garotas e samba” com Renata Fronzi,
Sônia Mamede e Zé Trindade. Foi quando me dei conta que o filme da Angélica
tenta imitar as velhas chanchadas da Atlântida, com a inclusão de números
musicais de cantores famosos da época entre as falas dos atores.
Um show de verão é a história de uma
moça (Angélica) que trabalha como atendente de telemarketing, mas parece ter
talento como cantora, o que um produtor (Luciano Huck) tenta convencê-la. Os
dois começaram o romance durante as filmagens. No meio dessa historinha boba
são inseridos dezenas de números musicais como Lulu Santos, Capital Inicial,
Jota Quest, Cidade Negra, Gabriel – O pensador, Detonautas, CPM 22, Felipe
Dylon e vários outros, todos cantando músicas feias e sem graça, inclusive as
de Angélica. O filme foi dirigido por Moacyr Góes que é rápido nas filmagens e
em poucos anos fez vários filmes, mas errou em muitas coisas, principalmente
por inclui cenas de erotismo e alguma nudez num filme que seria endereçado às
crianças e talvez por causa disso, tenha sido um fracasso de bilheteria e não é
adequado para todas as idades. O cinema não precisava de Um show
de verão.
Garotas e Samba é a história de duas
amigas do interior que sonham em fazer sucesso no rádio e vão morar em uma
tradicional pensão para moças, controlada por uma puritana vivida pela saudosa
Zezé Macedo, que é a melhor coisa do filme. A situação se complica quando uma
delas se apaixona por um rapaz do rádio. O filme tem momentos engraçados como
as peripécias de Zé Trindade para trair a esposa, o jeito espalhafatoso de
Renata Fronzi que parece um homossexual no corpo de uma mulher e as vozes
esganiçadas de Sônia Mamede e Berta Loran. Os números musicais intercalados com
a história são de Joel de Almeida, César de Alencar, Nora Ney, Isaurinha Garcia
e Francisco Carlos, nenhum deles muito famoso ou cantando algo que preste. O
filme resulta longo com mais de 100 minutos de duração e com certeza não está
entre as melhores chanchadas da Atlântida.
Parece uma heresia comparar “Um show
de verão” às chanchadas que são um gênero querido pelo público que até hoje as
revê no Canal Brasil, mas na realidade esses dois filmes são muito parecidos.
Claro que no futuro ninguém terá saudades do filme de Angélica, ou dos filmes
da Xuxa, como “Popstar” ou “Requebra” que usavam do mesmo artifício, como tem
saudados das chanchadas que nos deram clássicos como “Nem Sansão, nem Dalila”,
“O homem do Sputinik” e “A baronesa transviada”. Mas não vamos negar que a
chanchada também produziu filmes chatos com histórias bobinhas e que às vezes
eram usadas só para promover algum cantor da moda. Até naquela época para do
público tinha um pouco de preconceito com o gênero e o achava menor se
comparado aos filmes da Vera Cruz ou do Cinema Novo.
Já gostei de várias chanchadas e até
de alguns filmes musicais da Xuxa, mas não foi o que aconteceu com os filmes
analisados aqui.