Othon Bastos e Isabel Ribeiro em São Bernardo |
Quando eu comecei a pós graduação em Cinema e Educação (em 2009) e contei para uma amiga que já tinha visto 1000 filmes nacionais, ela riu e disse que apostava que eu só tinha visto filmes ruins e não conhecia os grandes clássicos do nosso cinema, como Deus e o diabo na terra do sol, São Bernardo, Vidas Secas. Respondi que com certeza já tinha visto sim, os filmes que ela citou, mas também filmes de todas as épocas da nossa cinematografia, como...
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As chanchadas da Atlântida: “Pintando o sete”, “Entrei de
gaiato”, “Dona Violante Miranda”, os filmes do Mazzaropi: “Jeca Tatu”, “Sai da
frente”, “Jecão – Um fofoqueiro no céu”, etc.
Ana Maria Magalhães e Tarcísio Meira em A Idade da Terra |
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Os filmes do Cinema Novo, difíceis mais indispensáveis:
“Terra em transe”, “Deus e o diabo na terra do sol”, “Menino de engenho”, “O
pagador de promessas”, “Assalto ao trem pagador”, “Vidas secas”, etc.
· O cinema marginal (underground ou
udigrudi): “O
bandido da luz vermelha”, “A margem”, “O anjo nasceu”, “Bang bang”, “O
pornógrafo”, “Os monstros de Babaloo,...
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Os filmes de cangaço: “A ilha das cangaceiras virgens”,
“Corisco – O diabo loiro”, “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”, etc.
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A era Embrafilme: “Toda nudez será castigada”, “Iracema – Uma transa amazônica”,
“Lição de amor”, “Dona Flor e seus dois maridos”, “Bye, bye Brasil”, “Pixote –
A lei do mais fraco”, etc.
David Cardoso, o rei da pornochanchada |
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As pornochanchadas: “Essa gostosa brincadeira a dois”,
“Quando as mulheres querem provas”, “Dezenove mulheres e um homem”, “A noite
das taras”, “As seis mulheres de Adão”, “Giselle”, “Mulher objeto”, “Convite ao
prazer”, “O bem dotado – O homem de Itu”, “Bordel – Noites proibidas, etc.
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Os filmes de sexo explícito da boca do lixo: “Coisas eróticas”, “Sexo proibido”,
“As ninfetas do sexo ardente”, “Colegiais em sexo coletivo”, “Sexo de todas as
formas”, “O ônibus da suruba”, etc.
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Os anos da crise (Era Collor): “Césio 137 – O pesadelo de
Goiânia”, “Inspetor Faustão e o Mallandro”, “Sua excelência – O candidato”, “A
maldição de Sampaku”, “Alma corsária”, “Capitalismo selvagem”, “A tv que virou
estrela”, “Beijo 2348/72”, “Sábado”, “Veja esta canção”...
Vinícius Oliveira e Fernanda Montenegro em Central do Brasil |
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A Retomada: “Carlota Joaquina – Princesa do
Brazil”, “O quatrilho”, “Terra estrangeira”, “Como nascem os anjos”, “O que é
isso companheiro?”, “Um céu de estrelas”, “Os matadores”, “Central do
Brasil”, “Hans Stadden”, “Paixão Perdida”, ...
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Os anos 2000: “Villa Lobos – Uma vida de paixão”,
“Amélia”, “Cronicamente inviável”, “Tolerância”, “Abril despedaçado”,
“Copacabana”, “Durval Discos”, “Deus é brasileiro”, “Viva voz”, “Olga”, “Tapete
vermelho”, “Carreiras”, “Achados e perdidos”, “Brasília 18%”, etc.
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Os filmes da Globo Filmes: “Orfeu”, “A dona da história”,
“Sexo, amor e traição”, Trair e coçar é só começar”, “Sexo com amor”, “O
coronel e o lobisomem”, “Se eu fosse você” 1 e 2, “Os normais” 1 e 2, “Cazuza –
O tempo não para”, “Verônica”, etc.
Mazzaropi |
Confesso que no início tinha um pouco de preconceito e não gostava das chanchadas da Atlântida, nem dos filmes de Mazzaroppi, mas uma amiga me disse: - "Que amante do cinema brasileiro é você, se não gosta desses filmes tão importantes?". Cheguei à conclusão que ela estava certa e vi todos os filmes de Mazzaropi, além de dezenas de chanchadas.
Também não gostava de documentários, os achava muito chatos e dava prioridade às ficções, mas hoje vejo todos os que encontro.
Estou em mais uma maratona de filmes nacionais. Da última vez vi 53 filmes consecutivos e só não ultrapassei esse número, porque os que eu tinha à minha disposição acabaram, mas agora quero completar no mínimo 60. Já estou no 47º.
O que diria a minha amiga agora, se soubesse que eu completei 1600 filmes brasileiros assistidos?