Quero homenagear
o Canal Brasil que completa hoje 18 anos. E pelo qual guardo grande apreço,
pois aliás, é o canal que mais assisto na Tv paga. Ao longo desse tempo já
foram exibidos mais de 1500 longas metragens, 200 médias, 1100 curtas e 200
shows, além de séries e programas, todos refletindo a pluralidade cultural
brasileira.
O Canal Brasil foi lançado em 18 de setembro de 1998 por Luiz
Carlos Barreto, Zelito Vianna, Marco Altberg, Roberto Farias, Anibal Massaini
Neto, Patrick Siaretta e Mendonça, nomes que se associaram à Globosat para
tirar do papel a ideia do canal (hoje, André Saddy também é um dos sócios).
Nos primeiros cinco anos, porém, a empresa funcionou no
vermelho, e ainda ganhou uma fama incômoda que demoraria a se dissipar: um
canal de filmes velhos — e muitos deles de conteúdo erótico.
O Canal tinha de cara 228 títulos, que eram de
responsabilidade dos sócios. Mas eram filmes basicamente de acervo, e essa
imagem de um canal velho não foi boa para a gente — lembra Mendonça. — Além
disso, o canal nasceu torto, ficamos com uma dívida grande. Em 2003, eles
negociaram essa dívida, com a promessa de pagá-la em dez anos. Em 2004, Paulo
Mendonça assumiu a gestão do canal, que até então era de responsabilidade da Globosat,
e fez um novo planejamento. Três anos depois, a dívida estava paga.
Uma das primeiras ações de Mendonça como diretor-geral do
canal foi evitar o que seria o padrão da televisão no Brasil. Foi assim, por
exemplo, que nasceram programas inusitados, como o “Sem frescura”, apresentado
por Paulo César Pereio, e o “Espelho”, de Lázaro Ramos.
Foram criados outros modelos, fazendo shows e produzindo
filmes. Um exemplo é o que faz o canal francês Arte — diz Mendonça. — Outra
vantagem foi a nova Lei da TV Paga. Pela necessidade das operadoras de terem um
canal de conteúdo nacional, de 31 de outubro para 1º de novembro de 2012, nós
fomos para os pacotes básicos de assinatura e pulamos de 3,5 milhões para 12
milhões de assinantes. Agora já temos 14,3 milhões.
Uma das sessões
de maior audiência (apesar do horário em que é exibida) e que existe desde a
estreia é o “Como era gostoso o nosso cinema” que exibe apenas pornochanchadas.
O primeiro filme exibido nessa sessão foi “A penúltima donzela” com a saudosa
Adriana Prieto.
Além de exibir
os filmes nacionais, o Canal Brasil ainda os recupera. Desde a estreia já foram
recuperados mais de 400 filmes que não possuíam fita para exibição em TV, como
era o caso de “Rio Fantasia” (1957) de Watson Macedo (que estava fora de
circulação há mais de duas décadas) e “São Paulo S/A” (1965) de Luís Sérgio
Person, que foram recuperados em 2001 e posteriormente “A dama da zona”, A
reencarnação do sexo” e “O clube das infiéis”, recuperados em 2006. O processo
de recuperação utilizado é o de telecinagem que consiste na transferência das
imagens da película cinematográfica para o sistema beta de vídeo, depois de
rastrearem os acervos em busca da película em melhores condições.
Em 2006 passou a
investir também na produção ou coprodução cinematográfica. Desde então foram
mais de 100 projetos apoiados, como os filmes Loki – Arnaldo Baptista (2009),
Canções do exílio – A labareda que lambeu tudo (2011), Waldick – Sempre no meu
coração (2008), Dzi Croquettes (2010), Rock Brasília – A era de ouro (2011),
além de vários outros num sistema de coprodução adotado pelo canal, que lhe dá
o direito de exibição exclusiva.
Inclusive para
comemorar o aniversário, a Seleção Brasileira que é exibida às terças às 22 h, com filmes inéditos coproduzidos pelo Canal, como “A morte de J. P. Cuenca”,
“A luneta do tempo”, “Mulheres no poder” e “Boi Neon”.
Outra mostra comemorativa são Os melhores filmes da crítica que está exibindo 20 filmes, todos alocados do livro "100 melhores filmes brasileiros", que conta com o apoio do Canal Brasil. A mostra é exibida às segundas e terças-feiras, sempre à 0h15:
12/09 – O Pagador de Promessas (1962), de Anselmo Duarte
13/09 – O Auto da Compadecida (1999), de Guel Arraes
19/09 – Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade
20/09 – Matou a Família e Foi ao Cinema (1969), de Júlio Bressane
26/09 – Eles Não Usam Black-Tie (1981), de Leon Hirszman
27/09 – Ônibus 174 (2002), de José Padilha
03/10 – O Bandido da Luz Vermelha (1968), de Rogério Sganzerla
04/10 – Que Horas Ela Volta? (2015), de Anna Muylaert
10/10 – Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto
11/10 – Assalto ao Trem Pagador (196), de Roberto Farias
17/10 – Cabra Marcado para Morrer (1984), de Eduardo Coutinho
18/10 – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral
24/10 – São Paulo, Sociedade Anônima (1965), de Luís Sérgio Person
25/10 – Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981), de Hector Babenco
31/10 – Bye Bye, Brasil (1979), de Carlos Diegues
01/11 – Os Cafajestes (1962), de Ruy Guerra
07/11 – Vidas Secas (1963), de Nelson Pereira dos Santos
08/11 – Central do Brasil (1998), de Walter Salles
14/11 – Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha
15/11 – Amarelo Manga (2002), de Cláudio Assis
Nem precisaria dizer que já vi todos os filmes dessa mostra e também da Seleção Brasileira.