segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

ROBIN HOOD NOS CINEMAS

Taron Egerton

Nos primórdios do cinema, começando em 1908, a lenda foi inicialmente adaptada no curta inglês “Robin Hood & His Merry Men” dirigido por Percy Stow, ainda no período silencioso. Em 1912, uma nova adaptação da lenda foi feita na America intitulada apenas “Robin Hood” com Robert Frazer no papel título. Ainda haveriam mais três versões entre 1912 e 1913, além de uma adaptação de “Ivanhoe” em 1913 até a versão mais famosa do período, de 1922 igualmente chamada “Robin Hood” e estrelada por Douglas Fairbanks.

Douglas Fairbanks

No final dos anos 30 a Warner e a MGM disputavam realizar a primeira versão falada, mas foi a Warner quem acabou levando a cabo sua realização. Convidando Douglas Fairbanks Jr para o papel central, mas este não estava disposto a repetir os feitos de seu pai. Foi então que o papel ficou com Errol Flynn, então com 28 anos, vindo do sucesso estrondoso alcançado em fitas como “Capitão Blood” (1935) e “A Carga da Brigada Ligeira” (1936), ambos dirigidos por Michael Curtiz e co-estrelado por Olivia DeHavilland. Curtiz foi chamado pela Warner para concluir as filmagens de “As Aventuras de Robin Hood”, iniciadas por William Keighley cuja lentidão nas filmagens ameaçava inflar orçamento e atrasar seu lançamento que veio a acontecer em maio de 1938.

Basil Rathbone

Curtiz e Flynn se odiavam e certa vez Flynn teria se ferido superficialmente quando um dos dublês, em cena de duelo, teria lutado sem a proteção na ponta da espada, isso sob ordens de Curtiz. Os duelos foram exímios e coreografados com perfeição sob a supervisão do especialista Fred Cavens, que também teria treinado Flynn e Basil Rathbone em “Capitão Blood”. Apesar de Flynn ter corpo atlético e de notável elasticidade para o manejo da espada, Rathbone era um espadachim superior em cena. A bilheteria do filme encheu os cofres da Warner e, além do público, a crítica deu sua benção ao filme com 4 indicações ao Oscar, levando 3 (melhor edição, trilha sonora e direção de arte). O elenco de coadjuvantes também brilhou: Claude Rains foi um odioso Príncipe John; Alan Hale repetiu o papel de João Pequeno que também fizera na versão de Fairbanks, e que repetiria anos depois em “O Cavaleiro de Sherwood” (1950) e Olivia De Havilland estava adorável como Marian. O filme foi um prodigioso roteiro equilibrando momentos cômicos com pura ação. Nos diálogos do roteiro de Norman Reilly Raine e Selton Miller momentos memoráveis como Robin (Flynn) dizendo “Normandos ou Saxões não importa, o que odeio é a injustiça”. A Warner chegou a cogitar fazer uma sequência, mas acabou não acontecendo.

 No entanto várias versões renovaram o ícone perante o público como Cornel Wilde, que interpretou Robert de Nottingham em “O Filho de Robin Hood” (The Bandit of Sherwood Forest) de 1946; John Hall em “Prince of Thieves” de 1948, adaptado do livro homônimo de Alexandre Dumas; e John Derek em “O Cavaleiro de Sherwood” (Rogues of Sherwood Forest) de 1950 com Derek também interpretando um descendente direto do lendário herói. 

Audrey Hepburn e Sean Connery

Em 1976, o ex-007 Sean Connery viveu um Robin Hood maduro ao lado de Audrey Hepburn como Maid Marian em “Robin & Marian”, com os personagens lidando com a inevitável passagem do tempo. Um ano antes o comediante Renato Aragão arrancou deliciosas risadas no filme “Robin Hood O Trapalhão da Floresta”. A Disney também fez sua versão animada personificando o herói como uma raposa em “Robin Hood”, segundo longa animado realizado após a morte de Walt Disney, trazendo em sua versão brasileira as vozes de Claudio Cavalcanti, Orlando Drummond e Juraciara Diacovo. Alguns anos antes o animador Ralph Bakshi realizou a versão futurista “Super Robin Hood” (Rocket Robin Hood), extremamente popular na Tv com 52 episódios. 

Kevin Costner

Em tempos mais recentes coube a Kevin Costner trazer a lenda para novas gerações em “Robin Hood o Príncipe dos Ladrões” (1991) em uma super produção com trilha pop de Bryam Addams. O efeito da câmera na flecha reproduzindo a visão do disparo desta causou sensação entre o público e o destacou de outra produção parecida lançada na mesma época chamada “Robin Hood o Heroi dos Ladrões” com Patrick Bergin e Uma Thurman nos papeis centrais. Ainda é digno de nota a parodia de Mel Brooks “A Louca História de Robin Hood” (1993) com Cary Elwes e “Robin Hood” (2010) com Russell Crowe e Cate Blanchet dirigido por Ridley Scott.

Atualmente está em cartaz nos cinemas a nova versão estrelada por Taron Egerton e Jamie Foxx que já passou dos $ 27 milhões de bilheteria nos Estados Unidos em duas semanas, o que não é muito para um blockbuster. No Brasil fez pouco mais de 600 mil espectadores, apesar de continuar em primeiro lugar nas bilheterias.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

A TRAJETÓRIA DE AQUAMAN

Jason Momoa


A primeira versão do Aquaman foi criada pelo escritor Mort Weisinger e pelo artista Paul Norris, aparecendo como herói secundário na More Fun Comics #73-107 da DC Comics (novembro de 1941 - fevereiro de 1946), depois que a série mudou para histórias de super-heróis e deixou de ser uma revista de humor. Depois de cinco anos de aventuras curtinhas na More Fun Comics e com o cancelamento da revista, Aquaman se mudou para outra antologia da DC, a Adventure Comics #103-284 (abril de 1946 - maio de 1961) onde permaneceu por 14 anos como complemento para as aventuras do Superboy.

Surpreendentemente, Aquaman levou quase 20 anos para realmente aparecer na capa de uma revista em quadrinhos. Isso não aconteceu até Brave and the Bold #28 (a estreia da Liga da Justiça, 1960).


Depois de quatro edições testes na bimestral Showcase (#30-33, fev-ago de 1961), Aquaman ganhou sua própria série pela primeira vez com a publicação de Aquaman #1 (jan-fev de 1962). Esta série durou 56 edições (fevereiro de 1962 - abril de 1971) e é retroativamente chamada de Aquaman vol. 1.

Uma minissérie de quatro edições, Aquaman vol. 2, foi lançada em 1986 (fevereiro-maio) com uma sequência one-shot, Aquaman Especial (1988). Outra one-shot, The Legend of Aquaman #1 (1989), foi lançada, seguida por uma minissérie de cinco edições, Aquaman vol. 3 (junho-outubro de 1989). Uma segunda série contínua, Aquaman vol. 4, publicou 13 edições (dezembro de 1991 - dezembro de 1992).

Aquaman (Volume 8) é a atual série regular do Rei dos Mares e faz parte da nova iniciativa da DC, Renascimento iniciada em 2016. A nova série foi iniciada através do especial de lançamento, Aquaman: Rebirth #1 publicado em 8 de Junho de 2016 e foi seguido pela edição #1 de Aquaman lançada em 22 de Junho de 2016.


Aquaman faz uma ponta no filme Batman vs Superman: A Origem da Justiça, sendo interpretado pelo ator havaiano Jason Momoa. Quando Diana Price acessa os arquivos de Lex Luthor sobre meta humanos encontra uma filmagem de uma câmera submarina catalogando um navio naufragado. Uma câmera mais próxima foca em uma abertura no casco do navio, de onde podemos ver uma silhueta com olhos brilhantes. Aquaman aparece e quebra a câmera com seu tridente enquanto a outra câmera grava o momento em que o herói nada em alta velocidade.

No filme Esquadrão Suicida tem uma cena pós- créditos onde Amanda Waller entrega ao Batman arquivos sobre o Flash e o Aquaman. Jason Momoa também interpretou o herói no filme Liga da Justiça, bem como na continuação.

Aquaman tem aparecido em vários desenhos, tais como The Superman/Aquaman Hour of AdventureSuperamigos e Liga da Justiça.

Uma versão live-action apareceu na série de TV Smallville. Também foi planejado para ele ser apresentado em sua própria série, de Alfred Gough e Miles Millar, os criadores de Smallville, mas apenas um episódio piloto foi criado.

Um filme fictício do Aquaman desempenhou um papel central na segunda temporada e parte da terceira temporada em Entourage, da HBO.

Em 2003, o Cartoon Network América Latina pôs no ar a série paródica The Aquaman & Friends Action Hour, estrelado por Aquaman como um apresentador de programa infantil facilmente irritado e a Legião da Perdição como os vilões falidos.

Homem Sereia

No desenho animado Bob Esponja, Aquaman é satirizado como Homem Sereia (Mermaid Man), um super-herói idoso.

Tem sido referenciado em vários episódios de The Big Bang Theory, assim como o Flash.

Também é destaque na canção Aquaman's Lament de Mark Aaron James, do álbum Just a Satel-lite.

E hoje estreia seu filme solo, estrelado por Jason Momoa, mas também tem no elenco Amber Heard e Willen Dafoe. Os vilões são Arraia Negra e Mestre do Oceano. Todos acreditam que será um grande sucesso.



segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

A NOVA GLOBOPLAY


Cauã Reymond e Maria Casadevall em Ilha de Ferro

A Globo vem investindo pesado no GloboPlay, seu serviço de exibição de programas via streaming. Tanto que o canal resolveu expandir seu alcance não se limitando apenas a seu catálogo de atrações.

Inicialmente a emissora carioca exibiu pela primeira vez uma série na Tela Quente: The Good Doctor. A ideia do canal foi levar ao ar dois episódios da produção, que é sucesso nos EUA, e instigar o público a companhar o restante da trama no seu aplicativo.

Depois fez o mesmo com Assédio, estrelada por Adriana Esteves e Antonio Calloni e Ilha de Ferro, que tem no elenco Cauã Reymond, Maria Casadevall, Sophie Charlotte e Kleber Toledo, já que sua estratégia é disponibilizar as séries e minisséries da Globo antes da exibição na TV.

Porém, apesar dos esforços para atrair público para o aplicativo, a emissora vai lançar uma de suas novas produções primeiro no Now, serviço de vídeo sob demanda da Net e Claro TV.

Xande Valois e João Gabriel D'Aleluia em Se eu fechar os olhos agora

A minissérie Se Eu Fechar os Olhos Agora já chegou ao Now. A produção, que já foi finalizada há meses, terá os seus dez episódios disponibilizados para locação por R$ 29,90. Só posteriormente será lançada na Globoplay, e será exibida pela Globo em janeiro do ano que vem.

A minissérie escrita por Ricardo Linhares trará Xande Valois e o estreante João Gabriel D’Aleluia nos papéis principais. Eles interpretam os amigos Eduardo e Paulo, que encontram o corpo de uma linda mulher, morta e mutilada às margens de um lago, na fictícia Vila de São Miguel, em 1961. A morte dela é tratada pela polícia como assassinato por parte do marido, que seria muito ciumento. Só que os garotos não se dão por convencidos e eles mesmos decidem investigar o caso.

Antonio Fagundes, Murilo Benício, Débora Falabella, Mariana Ximenes, Gabriel Braga Nunes, Jonas Bloch, Betty Faria, Milton Gonçalves, Paulo Rocha, Alexandra Martins, Gabriel Falcão, Vitor Thiré, Lidi Lisboa, Marcos Breda, Enzo Romani, Martha Nowill e Leonardo Machado são alguns dos outros nomes que integram o elenco da produção.

Antes o serviço oferecia apenas as novelas, séries e programas da Globo, mas agora conta também com produções internacionais, como a citada The Good Doctor, House, Mad About You, Coma, Dawson’s Creek, Saco de Ossos e Charmed, além de filmes brasileiros (a maioria da Globo Filmes) e americanos.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

BERNARDO BERTOLUCCI IN MEMORIAM



Bernardo Bertolucci nasceu em 16 de março de 1941. Antes de fazer cinema, estudou na Universidade de Roma "La Sapienza" e ganhou fama como poeta. Em 1961 trabalhou como assistente de direção no filme Accattone, de Pier Paolo Pasolini. Em 1962, dirigiu La commare secca, mas obteve reconhecimento com seu segundo filme, Antes da revolução, em que já demonstrava seu estilo político e comprometido com seu tempo. Em 1967, escreveu o roteiro de Era uma vez no oeste, um dos melhores filmes de Sérgio Leone e um dos precursores do western spaghetti.

Bernardo Bertolucci em O conformista

Já nos Estados Unidos, dirigiu O Conformista (1970), que chegou a ser indicado para o Oscar de melhor roteiro adaptado. Em 1972, a sua primeira obra-prima, Último Tango em Paris, escandalizou meio mundo e deu a Bertolucci mais uma chance de concorrer ao Oscar, desta vez como diretor. Depois de fazer 1900, um filme monumental e muito ambicioso, Bertolucci partiu para o drama intimista em La Luna.


Poucos cineastas demonstram tanta versatilidade, mantendo sempre sua marca autoral. Em 1987, consagrou-se com O Último Imperador, que recebeu nove Oscars, incluindo os de melhor filme e melhor diretor. Em O céu que nos protege, rodado em 1990, em pleno deserto do Sahara, Bertolucci extraiu interpretações fantásticas de Debra Winger e John Malkovich. Seguiram-se O Pequeno Buda e Beleza Roubada.

Liv Tyler em Beleza Roubada
Seus últimos filmes falam de relacionamentos e sentimentos, são profundamente intimistas como e Beleza roubada e Assédio.

Em 2012 dirigiu Eu e você, que não teve nenhuma repercussão.

Faleceu em 26 de novembro de 2018, aos 77 anos em Roma, de causa não divulgada. O velório aconteceu na Sala da Protomoteca, no Campidoglio, centro da capital italiana. Por meio de uma nota, a família de Bertolucci agradeceu à Prefeitura pela disponibilidade


domingo, 2 de dezembro de 2018

OS FILMES DE TERROR BRASILEIROS

José Mojica Marins


José Mojica Marins inaugurou o cinema de terror no Brasil com A meia noite levarei a sua alma, que iniciou a saga do Zé do Caixão em 1964 e teve sua continuação em 1967, com Esta noite encarnarei no teu cadáver e em 2008 o fim da trilogia com Encarnação do demônio. Mas nesse período, Mojica continuou sempre dirigindo filmes de terror como O exorcismo negro (1974), Inferno Carnal (1977),Delírios de um anormal (1978) e Demônios e maravilhas (1987).

Cena de A mulher do desejo

Cineastas renomados como Carlos Hugo Christensen e Walter Hugo Khouri contribuíram de maneira importante para o gênero. Christensen realizou dois excelentes filmes: Enigma para demônios e A mulher do desejo. Khouri mergulhou no terror mais introspectivo com O anjo da noite e As filhas do fogo.

Nos anos 70 e 80, o gênero existiu de maneira mais consistente nos filmes da Boca do Lixo de São Paulo. Alguns diretores se destacaram, como Jean Garret, ex-assistente de Mojica, que dirigiu Amadas e violentadas (1976) e A força dos sentidos (1980). John Doo, com os perturbadores Ninfas diabólicas (1978) e Excitação diabólica (1982). Juan Bajon com O estripador de mulheres (1978); Luiz Castillini com A reencarnação do sexo (1982) e Fauzi Mansur com Belas e Corrompidas (1978), Karma - Enígma do medo (1988), Atração satânica (1989) e Ritual macabro (1991).


Cena de As boas maneiras
A produção independente também passou a ganhar espaço graças a tecnologia digital que reduziu custos de produção. A liberdade de produção permitiu que cineastas como Peter Baiestorf, Paulo Biscaia Filho e Paulo Aragão pudessem expressar sua liberdade. Baiestorf dirigiu Zombio (1999) e Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013). Biscaia com Morgue Story - Sangue, baiacu e quadrinhos (2009), o impressionante Nervo craniano zero (2012) e O coração que falava demais (2013). Aragão persegue os filmes de monstros e zumbis, como Mangue negro (2008), A noite do chupacabras (2011), Mar Negro (2013) e As fábulas negras (2015), dirigido em parceria com Mojica, Aragão e Baiestorf.

Até o cinema comercial se rendeu ao gênero como Isolados, Quando eu era vivo, Gata velha ainda mia, O amuleto e Condado Macabro e As boas maneiras que participaram de vários festivais e foram lançados nos cinemas.

Cena de Nervo Craniano Zero

Além de A misteriosa morte de Pérola de Guto Parente, que é um suspense psicológico no estilo de Polanski, Diário de um exorcista, de Renato Siqueira, estrelado por Ewerton de Castro, 13 histórias estranhas, uma antologia de relatos curtos de 13 diretores diferentes, a sequência de A capital dos mortos: Mundo Torto de Tiago Belotti, Deserto Azul de Eder Santos, A percepção do medo de Kapel Furman, Armando Fonseca e Gurcius Gewdner e Toda la noche de Jimena Monteoliva e Tamae Garategy, uma coprodução Argentina/ Brasil e o já citado As fábulas negras.

Cena de As fábulas negras

Outro representante brasileiro é Ivan Cardoso que criou o “terrir”, os filmes que terror que fazem rir, como O segredo da múmia (1981), As sete vampiras (1986), O escorpião escarlate (1991) e Um lobisomem na Amazônia (2008).

O horror brasileiro ainda não tem um estilo definitivo, mas ele não vive apenas com o Zé do Caixão. Ele conta com vários realizadores dedicados que enfrentam muitos obstáculos (como o preconceito do público com o gênero), mas sem nunca desistir. Ainda bem.