quarta-feira, 4 de abril de 2012

SONHO DE PEIXE

Gilberto Carlos

Sonhei que era um peixe
Só que não sabia nadar
Ficava o tempo inteiro na água
E tinha certeza que ali era o meu lugar
Mas nunca me afastava da margem
Nem ia para os lugares mais profundos
Pois tinha medo de me afogar.

E esse medo era terrível e me consumia
Não adiantava nada me dizerem
[que eu havia nascido pr’aquilo
Eu tentava e não conseguia aprender
Todos pareciam ter tanta facilidade
E faziam acrobacias impressionantes
Enquanto eu sempre passeava pelos mesmos lugares
Sentindo-me incompleto e perdido.

Devido a isso parei de tentar
Mesmo sabendo que as maiores alegrias me aguardavam
Eu não conseguia sentí-las
Morria um pouco por dia sem esperanças
Achava-me o pior de todos os peixes
E culpava os outros pelo que eu poderia ter sido
Sem saber que a culpa maior era minha
De ter medo do desconhecido.

Quando perdi esse medo, aprendi a nadar,
Conheci todos os lugares que eu antes temia
E pude experimentar uma alegria quase insuportável
De saber-me capaz de tudo o que eu quisesse.
(Mas tudo foi só um sonho... Ou será que não?)



7 comentários:

  1. Por muitas vezes na vida deixamos de fazer coisas por medo.
    A meu ver, é normal (e até indispensável) que isso aconteça de vez em quando, em situações específicas. Só saímos perdendo quando isso acontece SEMPRE!

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  2. Obrigado, Marcelo, "Bússola do terror" e Celo.
    Antonio, eu faço o possível...

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  3. Você que escreveu? Nossa, muito boa, não sou mto fã de poesias só que confesso que essa é profunda e verdadeira, muito bonita. Parabéns.....

    Grande abraço

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  4. Que bela mensagem a do seu poema, Gilberto. Me lembrei de "Procurando Nemo", que fala exatamente disso, sobre o medo de se arriscar. A Dori não tinha medo de arriscar. Bom, você sabe a história, rs.

    Adorei! Escreva mais poemas!


    Um abração.

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