terça-feira, 24 de julho de 2012

MULHER, MULHER



Direção: Jean Garrett. Com: Helena Ramos, Carlos Casan, Petty Pesce, Denys Derkian, Liana Duval e Cavagnole Neto. 100 min.

O diretor Jean Garret sempre demonstrou bom gosto e talento em filmes como Possuídas pelo pecado (1976), “Excitação” (1977), até em seu primeiro pornô: “Gozo alucinante” (1984), que é uma ficção científica fotografada por Carlos Reichenbach, que também faz a fotografia deste.

Alice (Helena Ramos) é uma mulher viúva que não se sentia realizada com o marido psiquiatra e depois de sua morte resolve ir para uma casa de campo espairecer (esses lugares sempre parecem milagrosos), reencontra seu adorado cavalo Jumbo, pelo qual nutre uma paixão, enquanto sofre o assédio do advogado Luiz Carlos (Denys Derkyan de “O fuscão preto”), do qual ela se esquiva e de Marta (Petty Pesce) uma mulher liberada que passa uns dias numa barraca à beira da praia.

O filme começa de maneira muito interessante, mostrando os desejos não realizados dessa mulher que ouve as fitas das pacientes de seu marido e aos poucos vai enlouquecendo, ficando histérica e não consegue se realizar com ninguém. Apesar de talentoso, Jean Garrett era meio paranóico e isso transparece em quase todos os seus filmes. Este tem a narrativa truncada e às vezes confusa.



Helena Ramos não fotografa bem como loura, ficando apagada e sem vida e sua voz parece ter sido dublada por outra atriz, o que ela confirma ser normal naquela época quando os atores não tinham tempo. As cenas aqui são mais ousadas que nos outros filmes dela, inclusive com alguns closes indiscretos na hora do banho, já as cenas com o cavalo são até discretas. Eles passavam em seu corpo algum líquido adocicado e então o cavalo a lambia, enquanto ela fingia sentir prazer. Ainda bem que ela não fez outro filme do gênero. É quase impossível se identificar ou gostar de sua personagem devido a seu histerismo e paranóia. “Mulher, mulher” definitivamente não está entre seus melhores filmes.

Este foi o precursor no Brasil de um gênero que nem deveria ter existido: os filmes sobre zoofilia, em que pessoas sentem atração por animais e acabam se realizando com eles. Este gênero pode ter ajudado a matar o cinema da boca do lixo, devido ao seu mau gosto e péssima qualidade.


Os primeiros animais a protagonizarem esses filmes, foram os cavalos, primeiro em cenas simuladas com Aryadne de Lima em “A menina e o cavalo” (1983), em seguida Sandra Morelli ficou marcada como a rainha dos filmes sobre cavalos: “Sexo a cavalo” (1986), “Loucas por cavalos” (1986). “A garota e o cavalo” (1986), “Tudo por um cavalo” (1988), “Um homem, uma mulher e um cavalo” (1988) e até pôneis: “Júlia e os pôneis” (1987), junto com Márcia Ferro, mas as cenas de Sandra eram até discretas e ela obrigava o marido (Ronaldo Amaral) a se portar como um eqüino. Márcia Ferro ainda protagonizou “Minha égua favorita (1985), “Duas mulheres e um pônei” (1986), “Viciadas em cavalos” (1987), “Mulheres e cavalos” (1987). Depois disso as coisas foram piorando, os filmes ficaram mais pesados e envolviam todo o zoológico: “Mulheres taradas por animais”; cachorros: “24 horas de sexo ardente” (1984), “Meu cachorro, meu amante” (1986), “Alucinações sexuais de um cachorro” (1986); cabras: “Minha cabrita, minha tara” (1986); touro: “ A Mulher do touro”; galinhas: “A galinha do rabo de ouro”; macacos: “Alucinações sexuais de um macaco” (este com alguém fantasiado de macaco); jegue: “Emoções sexuais de um jegue” e até piranhas: “O beijo da mulher piranha”, também de Garrett com o pseudônimo de J. A. Nunes.


Eu particularmente abomino esses filmes em que se usam animais para tais fins, como também abomino os filmes em que são usados menores de idade ou pessoas indefesas.


8 comentários:

  1. Bela aula de história do cinema nacional......mesmo que de um período e de um gênero meio.......confuso.

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  2. Este subgênero de filmes com animais foi de extremo mal gosto.

    Abraço

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  3. Há gosto pra tudo. Parabéns pelo texto. Muito claro, Gilberto. Um abraço...

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  4. Nunca vi nada do Jean Garret. Mas confesso que não tenho vontade.

    O Falcão Maltês

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  5. Oi, Gilberto, hahaha, desculpe, mas tive vontade de rir lendo os títulos dos filmes do gênero. Eu não consigo entender muito bem porque há pessoas que sentem atração por animais, para mim os seres humanos (no meu caso, o homem) já são interessantes o suficiente, mas cada um na sua...Um abraço!

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  6. Cara, tenho uns filmes do Garret a um tempão para ver... Dizem q Amadas e Violentadas é bem pesado e divertido...hehe
    São filmes ousados e de gosto duvidoso, mas que talvez valham uma olhada. Abração!

    http://www.cinemadetalhado.com.br/

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  7. Sei que não ficou nenhuma dúvida no texto sobre esse subgênero de filmes nacionais, mas esclarecendo eu também abomino esses filmes em que os animais são usados para tais fins e a resenha foi só para esclarecer sobre o assunto.

    Abraços a todos.

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