quarta-feira, 21 de maio de 2014

CINEMATECA BRASILEIRA EM CRISE


A Cinemateca Brasileira possui o maior acervo de imagens em movimento da América Latina. Ele é formado por mais de 200 mil rolos de filmes, que correspondem a 30 mil títulos. São obras de ficção (longas e curtas metragens), documentários, cinejornais, filmes publicitários, registros familiares, nacionais e estrangeiros, produzidos desde 1895, além de Latina. São cerca de 200 mil rolos de filmes, entre longas, curtas e cinejornais. Possui também um amplo acervo de documentos formado por livros, revistas, roteiros originais, fotografias e cartazes.

Surgiu a partir da criação do Clube de Cinema de São Paulo, em 1940. Seus fundadores eram jovens estudantes do curso de Filosofia da USP, entre eles, Paulo Emílio Salles Gomes, Francisco Luiz de Almeida Salles, Décio de Almeida Prado e Antonio Candido de Mello e Souza.

Os casarões do século XIX na Vila Mariana, onde a instituição funciona desde 1992, viraram palco de uma crise digna de roteiro hollywoodiano. Em fevereiro de 2013, a equipe da instituição era composta por 124 funcionários. De março a setembro, 65 deles foram demitidos. Com menos mão-de-obra, diversas atividades do espaço acabaram comprometidas.


Segundo carta dos funcionários enviada a VEJA SÃO PAULO, algumas das consequências mais graves são a quase inoperância do setor de pesquisa e imagem, a diminuição da produção de novas cópias digitais do acervo e o fechamento da Biblioteca Paulo Emilio Salles Gomes aos sábados, dia em que costumava receber o público em geral.

A confusão começou em janeiro do ano passado, quando a ministra da Cultura, Marta Suplicy, exonerou o diretor da Cinemateca, Carlos Magalhães, e não aprovou outro nome para o cargo, deixando a instituição sem liderança. A coordenadora do centro de documentação, Olga Futemma, assumiu as funções temporariamente.

Apesar de estar sob os cuidados da Secretaria do Audiovisual (subordinada ao Ministério da Cultura), a Cinemateca contava com grande apoio da Associação Amigos da Cinemateca que recebia verba direta da pasta. Em 2011, o dinheiro deixou de ser transferido.

De acordo com a Controladoria-Geral da União, havia irregularidades no uso do orçamento, como contratações sem processo seletivo e pagamentos não autorizados para remuneração da Associação. As suspeitas ainda estão sendo investigadas e nenhuma providência foi tomada.


A falta de repasses causou um rombo nas contas da Cinemateca. Em 2010, mais de 50 milhões de reais foram destinados aos projetos na Associação. Além dessa quantia, a instituição recebia outros 4,5 milhões de reais destinados diretamente a ela. Neste ano, serão apenas 7 milhões de reais.

Segundo o Ministério da Cultura, o valor é plausível, considerando que uma série de outras despesas são também arcadas pelo governo por meio de contratos paralelos.

Vários nomes da cena cultural da cidade, como a escritora Lygia Fagundes Telles e os cineastas Bruno Barreto e Hector Babenco, participaram de um abaixo-assinado que exigia medidas do governo para evitar o sucateamento do local. Várias pessoas se reuniram em frente ao prédio na Vila Mariana para exigir soluções. Até agora, nada de efetivo foi feito.

Nas palavras dos próprios funcionários, a expectativa para os próximos capítulos da novela não é das melhores: o futuro do acervo de mais de 40 000 filmes armazenados no local está ameaçado.  As propostas emergenciais esboçadas pelo Ministério da Cultura não se concretizaram, e precarizaram ainda mais os trabalhos da Cinemateca. Os cortes em custeio e investimentos - feitos pela Secretaria do Audiovisual e que ocasionaram os desligamentos de equipes - atingem diretamente o atendimento do público e o cumprimento da missão institucional da Cinemateca.”

Fonte de consulta:

http://vejasp.abril.com.br/materia/cinemateca-brasileira-crise-administrativa


Um comentário:

  1. Lamentável, infelizmente nossos governantes são uma vergonha.

    Infelizmente o país está à beira do caos.

    Abraço

    ResponderExcluir