sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

BLADE RUNNER - O CAÇADOR DE ANDRÓIDES (EUA, 1982) ****

BLADE RUNNER – O CAÇADOR DE ANDRÓIDES (Blade Runner). EUA, 1982, Direção: Ridley Scott. Com: Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young, Daryl Hannah, Edward James Olmos, Joanna Cassidy e Brion James. 117 min.

Em 1982, o cineasta Ridley Scott dirigiu um de seus filmes mais famosos, o clássico da ficção científica, Blade Runner – O caçador de andróides. Todo o elenco ficou famoso: Harrison Ford (os 04 filmes da série Indiana Jones), Rutger Hauer (A morte pede carona), Sean Young (Duna), Daryl Hannah (Splash – Uma sereia em minha vida), Edward James Olmos (Amazônia em chamas).

O filme se passa na Los Angeles de 2019, quando a Tyrell Corporation criou andróides idênticos aos humanos, que são utilizados como escravos fora da Terra, na colonização de outros planetas. Após a revolta de uma equipe de combate, os andróides são declarados ilegais na Terra sob pena de morte. Então são designadas brigadas de policiais – os Blade Runner – para detectar esses andróides. Deckard (Harrison Ford) é um desses policiais encarregado de destruir seis desses andróides, mas acaba se apaixonando por uma delas.

O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, a exemplo do que acontece no filme, quando Eldon Tyrell, o dono da Tyrell Corporation atua como Deus na criação de outros seres. Humano é aquilo que é relacionado ou próprio do homem.

Os replicantes são escravos que servem apenas para colonizar outros planetas e apesar de serem semelhantes aos humanos, pertencem a uma classe inferior, por isso resolvem se rebelar. Os policiais são a classe alta e representam o bem, enquanto os replicantes são os pobres e escravos e representam o mal, como os meliantes da vida real que precisam ser afastados da sociedade ou até mesmo aqueles que incomodam por serem diferentes dos demais.

Blade Runner mostra uma realidade aterrorizante, de medo e desconfiança, onde os replicantes estão infiltrados entre os humanos e são detectados por meio de uma máquina. Chove quase o tempo inteiro naquelas belas paisagens meio futurísticas e ao mesmo tempo retrô.

Roy (Rutger Hauer) se revolta contra seu criador Tyrell e vai tirar satisfação quanto à finitude da vida dos replicantes, que vivem apenas quatro anos para não chegarem ao ponto de desenvolverem sentimentos, como acontece com Rachael (Sean Young). A conversa entre os dois representa um desejo de todo ser humano de poder conversar com Deus e questioná-lo sobre o porque da finitude de seus dias e pedir mais tempo, mas como Tyrell não atende à súplica de Roy, este mata seu criador depois de dar-lhe um beijo, o que lembra um pouco o beijo que Judas deu em Cristo antes de traí-lo.

Roy lembra Cristo quando enfia um prego em suas mãos, como na crucificação, pouco antes de salvar Deckard da morte no alto de um prédio. À beira da morte, Roy relembra os grandes momentos de sua vida, como se toda ela passasse pelos seus olhos e debaixo de uma chuva torrencial, diz que tudo vai se perder no tempo, como lágrimas na chuva. Isso representa o medo de todo ser humano de morrer e ser esquecido, de não ter feito tudo o que gostaria ou de ter feito tudo errado e ainda a dúvida sobre a vida eterna. Quando ele finalmente morre, uma pomba voa para o céu, como se representasse sua alma saindo de seu corpo e deixa a dúvida se os replicantes também possuem alma.

A inevitabilidade da morte é mostrada mais uma vez, quando Deckard lembra-se do que Roy disse sobre Rachael, quando os dois estão se preparando para fugir:
_ É uma pena que ela não vai viver. Mas quem vai?

Os replicantes vivem apenas quatro anos e sabem quando vão morrer, enquanto nós humanos vivemos muito mais tempo que isso, mas não sabemos quando será nosso fim, nem como.

Esse final mais pessimista está na versão do diretor de 1992, já que na primeira versão havia um final feliz exigido pelo estúdio, além da narração em off de Harrison Ford que não existe aqui.

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