terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O EROTISMO NO CINEMA BRASILEIRO

Gabriele Tinti e Norma Bengell em "Noite vazia"

O erotismo teve início no cinema brasileiro pelas mãos do diretor Luis (Lulu) de Barros, que tem a mais longa carreira do nosso cinema, com 82 filmes em 66 anos de carreira. Em 1919, no filme “Alma sertaneja”, dirigido por Lulu, a protagonista Otília Amorim aparecia nua enquanto banhava-se em uma cascata. Mas antes dela, Miss Ray, já tinha aparecido nua em “Le film du Diable”, que é brasileiro apesar do título.

Lulu de Barros realizou em seguida, “Depravação” (1926), só exibido em 1932 e “Messalina” (1930) que se notabilizou por seus nus artísticos e uma cena de “cama”. Nessa época, a “desculpa” para esses filmes exibirem cenas ousadas e nudez feminina era de serem educativos. Claro que a censura implicava com eles, que eram exibidos com a tarja de “Proibidos rigorosamente para menores e senhoritas”, mesmo assim muitos deles foram sucesso de bilheteria.

Nos anos 30, o erotismo deu um tempo. O mais ousado que se podia ver eram mulheres sensuais interpretando sedutoras e imitando as estrelas americanas.


Cena de "O anjo do lodo"
“Anjo do lodo” (1951) de Lulu de Barros era uma adaptação do livro “Lucíola” de José de Alencar e trazia Virgína Lane em uma cena de nudez sugerida por uma sombra na parede e uma outra em que a mão do galã aparecia a um palmo do seio da atriz. O filme sofreu protestos para que fosse retirado de cartaz, o que não aconteceu e ele acabou se tornando grande sucesso.

Walter Hugo Khouri e Lilian Lemmertz
Com o Cinema Novo, o erotismo retornou com a nudez de Norma Bengell em “Os cafajestes” (1962) de Ruy Guerra e com “Noite Vazia” (1964) de Walter Hugo Khouri (também com Norma Bengell, além de Odete Lara). Khouri se notabilizou por filmes que tratavam do vazio existencial e tramas eróticas, sobre adultério, sedução e insatisfação sexual. É o que se podia ver em vários de seus filmes, como “Corpo ardente” (1966), “As amorosas” (1968), “Palácio dos anjos” (1970), “As deusas” (1972), “O último êxtase” (1973), “O anjo da noite” (1974), “O desejo” (1975), “O prisioneiro do sexo” (1979), “Convite ao prazer” (1980), “Eros, o deus do amor” (1981), e “Amor, estranho amor” (1982).

Lídia Brondi em "O beijo no asfalto
Pode-se destacar também as adaptações das obras de Nelson Rodrigues para o cinema. Ele que era considerado o anjo pornográfico, teve quase todas suas obras adaptadas, começando por “Meu destino é pecar” (1952); passando pela 1ª versão de “Bonitinha, mas ordinária” (1963); “Asfalto selvagem” (1964) e Engraçadinha depois dos 30” (1966), que juntos formavam a saga de Engraçadinha; “Toda nudez será castigada” (1973); “O casamento” (1975); “A dama do lotação” (1978); “Os sete gatinhos” (1980); “O beijo no asfalto” (1980); “Bonitinha, mas ordinária” (1981); “Álbum de família” (1981), “Engraçadinha” (1981) e “Perdoa-me por me traíres” (1983), título que eu nunca consegui entender, pois deveria ser “Perdoa-me por te traíres”...

John Herbert em "Toda donzela tem um pai que é uma fera"
A década de 60 prosseguiu com comédias maliciosas, produzidas no Rio de Janeiro ou em São Paulo, enredos que envolviam histórias de sexo, porém com imagens que não mostravam muito, como em Toda Donzela tem um pai que é uma Fera (1966), As Cariocas, (1966), Todas as Mulheres do Mundo (1967) e A Penúltima Donzela (1969). Até o lançamento de Os Paqueras (Reginaldo Faria, 1969). Este filme trazia no elenco as musas Leila Diniz, Darlene Glória, Adriana Prieto, Irene Stefânia e Irma Alvarez e deu o pontapé inicial (juntamente com Adultério à Brasileira e Memórias de um Gigolô), à pornochanchada.

Continua...

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