quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O HOMOSSEXUAL NO CINEMA

Jake Gyllenhaal e Heath Ledger em "O segredo de Brokeback Mountain

A homossexualidade sempre foi abordada pelo cinema, mas de forma discreta e velada nas primeiras décadas do século passado, devido à censura que era bem rígida, como se pode notar em:

 Festim diabólico (1948) de Alfred Hitchcock, dois amigos solteiros moram juntos em um apartamento que só conta com um quarto, apesar da relação dos dois não ser mencionada em nenhum momento dos diálogos. Os dois matam um terceiro e convidam um professor para mostrar-lhe como são astutos.

Natalie Wood, James Dean e Sal Mineo em "Juventude Transviada"

Juventude transviada (1955) de Nicholas Ray onde o personagem de Sal Mineo (Platô) nutre um amor platônico pelo amigo Jim (James Dean).



Elizabeth Taylor e Paul Newman em "Gata em teto de zinco quente"

Gata em teto de zinco quente (1958) – Uma mulher entra em depressão por não conseguir mais despertar interesse sexual no marido, um alcoólatra que se afunda ainda mais com a morte de um amigo, pelo qual ele seria apaixonado, mas o roteiro não deixa isso claro, apenas insinuando.



Quanto mais quente melhor (1959) – Tony Curtis e Jack Lemmon se vestem de mulher para fazer parte de uma banda feminina da qual participa Marilyn Monroe. O final inesperado é quando um velhinho se apaixona por um deles e não se importa em saber que ele é homem, dizendo que ninguém é perfeito.



Katharine Hepburn, Montgomery Clift e Elizabeth Taylor em "De repente, no último verão"

De repente, no último verão (1959), baseado na peça de Tenessee Williams: por causa da censura da época, todas as referências à homossexualidade de um dos personagens são apresentadas de forma velada, mas mesmo assim ficam bem claras ao espectador.


Ben-Hur (1959), que mostra a amizade entre dois romanos e a sede de vingança depois que um deles é preso injustamente. Gore Vidal um dos roteiristas insistiu em acrescentar um elemento homossexual e a relação dos dois seria no fundo, de amor.


Spartacus (1960) tem um cena nos banhos que esclarece um pouco sobre o relacionamento entre senhor e escravo e que tinha sido cortada em 1960 por causa de suas referências homossexuais.


Marlon Brando e Elizabeth Taylor em "O pecado de todos nós"


Alguns filmes conseguiram ser mais ousados e tratar o assunto de forma mais aberta, a partir de “O pecado de todos nós”(1967) que mostra um campo de treinamento na Geórgia, em que um oficial do exército se sente atraído pelo soldado que toma conta do cavalo de sua mulher. E também do filme “Os delicados” (1969).


Os protagonistas de "Domingo Maldito"


A década de 70 representou uma evolução para a abordagem do homossexual no cinema, com dezenas de filmes tratando do assunto, a começar por “Domingo Maldito” (1971), que retrata um triângulo amoroso liberal em que a mulher ama um dos homens que tem um caso com um terceiro. Há um ousado beijo entre os dois homens; e continuando com “O conformista”, “Decameron”, “Os contos de Canterbury”, “Saló ou Os 120 dias de Sodoma”, “O desejável Mr. Sloane”, “Amor entre mulheres”, “O expresso da meia-noite”, “Calígula”, “A gaiola das loucas” (que rendeu duas continuações e uma refilmagem americana), "Um dia especial"...


Brad Davis em "Querelle"


A década de 80, prosseguiu com “Querelle” de Fassbinder; Da vida das marionetes; os primeiros filmes de Almodóvar: Maus hábitos, Labirinto de paixões, A lei do desejo, Matador; Silkwood – O retrato de uma coragem, A cor púrpura, Berlin Affair, Crise de consciência, Somos todos católicos, As duas faces do Zorro, onde Zorro tem um irmão gêmeo que é gay; Abrindo o jogo, Essa estranha atração, Fome de viver, Minha adorável lavanderia, Maurice, O amor não tem sexo...


Jennifer Tilly e Gina Gershon em "Ligadas pelo desejo"


A década seguinte foi mais fecunda ainda com centenas de filmes dividindo-se entre o dramalhão e a comédia rasgada: Nossos filhos; Acho que sou; Amigas de colégio; Banquete de casamento; O beijo hollywoodiano de Billy; Carne fresca; Jeffrey – De caso com a vida; Estranho desejo; o australiano Priscilla – A rainha do deserto e sua paródia americana Para Wong Foo: obrigado por tudo, Julie Newmar; Saindo do armário; Morango e chocolate; Delicada atração; Bent; Filadélfia; Fogo e desejo; Ligadas pelo desejo; Garotos de programa; Gosto de cereja; O oposto do sexo; O solteirão; Servindo em silêncio; Três formas de amar; Minha vida em cor de rosa...


Leonardo Sparaglia e Eduardo Noriega em "Plata Quemada"


E a partir do ano 2000, com algumas evoluções em questão de aceitação popular, como a indicação para o Oscar de “O segredo de Brokeback Mountain” e o prêmio de melhor ator para Sean Penn pelo papel principal de “Milk – O preço da liberdade”, além dos filmes: Assunto de meninas; O clube dos corações partidos; Desejo proibido; De repente, Califórnia; Má educação; O fantasma; Plata Quemada; Quando elas... são eles; As regras da atração; Antes do anoitecer; As damas de ferro; Beijando Jéssica Stein; Cidade dos sonhos; Oito mulheres; Gotas d’água em pedras escaldantes; O tempo que resta; O homem da minha vida...

Mas apesar da evolução, ainda é estranho o tratamento que o homossexual recebe na maioria desses filmes, com finais trágicos, envolvendo morte (seja por suicídio ou assassinato de um ou ambos os personagens), separações e infelicidade, como se o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo fosse fadado ao fracasso.

3 comentários:

  1. BELO POST! e seleção de importantes filmes.

    Eu acho que o cinema queer caminha pra um novo estudo de roteiros que coloquem os gays mais humanos e com finais menos dolorosos...

    mas, há filmes marcantes, como vários que você citou, não podemos desprezar.

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  2. gostaria de saber se vc tem o filme eu nao conhecia tururu

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  3. Não tenho não. Aliás é um filme que eu quero muito ver.

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