quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O HOMOSSEXUAL NO CINEMA BRASILEIRO

Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos em "Do começo ao fim"


O homossexual apareceu pela primeira vez no cinema brasileiro no filme “Augusto Aníbal quer casar” (1923) de Luiz de Barros, em que o protagonista na busca por uma noiva, acaba casando-se por engano com um travesti e só percebe o equívoco depois do casamento, quando tira o vestido da noiva e esta volta a se vestir, falar e se comportar como homem.


Cena de "Augsuto Aníbal quer casar"
Devido ao preconceito não houve outro exemplar na década de 20, nem mesmo na década de 30. Isso só ocorreria na década de 40 com três filmes: “O cortiço” (1946) de Luiz de Barros, baseado no romance de Aluísio Azevedo, nele o homossexual era um dos moradores do cortiço, conversava e gesticulava como mulher; “Poeira das estrelas” (1948) de Moacir Fenelon que mostrava uma amizade suspeita entre duas mulheres; e “Carnaval no fogo” (1949) de Watson Macedo que apresentava o transformismo. Grande Otelo interpretava Julieta e Oscarito, Romeu numa paródia à cena do balcão de Romeu e Julieta.



Norma Bengell e Oscarito em "O homem do Sputnik"

As chanchadas da Atlântida apresentam várias situações parecidas, com Oscarito e seu gestual exagerado como em “O homem do Sputnik” ou em “Carnaval Atlântida” em que ele se traveste de Helena de Tróia e em “Os dois ladrões” em que imita Eva Todor, numa cena hilária em que os dois estão frente a frente e pensam estar diante de um espelho.


Na década de 50, pode ser lembrado ainda “Mulher de verdade” (1954) que traz o primeiro transexual brasileiro, Ivana, numa ponta fazendo o papel de uma mulher; e “Aí vem os cadetes!” (1959) de Luiz de Barros com Adriano Reys.

Cena de "Bahia de todos os santos"


Nos anos 60, “Bahia de todos os santos” (1960) de Trigueirinho Neto, mostra um personagem que anuncia que vai para o Rio de Janeiro viver com um homem mais velho que financiará suas pinturas. O diretor foi vaiado na première do filme e ridicularizado no Jornal da Bahia do dia seguinte.





“Asfalto selvagem” (1964) de J. B. Tanko é a adaptação da primeira parte da história de Engraçadinha de Nelson Rodrigues. O mesmo diretor filmaria dois anos depois a continuação “Engraçadinha depois dos 30”. Neles, Engraçadinha é a grande paixão de sua prima. A história foi refilmada em 1981 com Lucélia Santos e Nina de Pádua. Posteriormente (1995) virou uma mini-série da Rede Globo, com Cláudia Raia e Maria Luisa Mendonça.



Odete Lara e Norma Bengell em "Noite vazia"


Em “Noite vazia” (1964), dois amigos (Mário Benvenutti e Gabrielle Tinti) contratam duas prostitutas (Norma Bengell e Odete Lara) e no decorrer da noite pedem que elas façam amor na frente deles, mas uma delas se recusa.


“Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu.”
 (Renato Russo)


Continua...

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