Rafael Cardoso e João Gabriel Vasconcellos em "Do começo ao fim" |
O homossexual apareceu pela primeira vez no cinema brasileiro no filme “Augusto Aníbal quer casar” (1923) de Luiz de Barros, em que o protagonista na busca por uma noiva, acaba casando-se por engano com um travesti e só percebe o equívoco depois do casamento, quando tira o vestido da noiva e esta volta a se vestir, falar e se comportar como homem.
Cena de "Augsuto Aníbal quer casar" |
Devido ao preconceito não houve outro exemplar na década de 20, nem mesmo na década de 30. Isso só ocorreria na década de 40 com três filmes: “O cortiço” (1946) de Luiz de Barros, baseado no romance de Aluísio Azevedo, nele o homossexual era um dos moradores do cortiço, conversava e gesticulava como mulher; “Poeira das estrelas” (1948) de Moacir Fenelon que mostrava uma amizade suspeita entre duas mulheres; e “Carnaval no fogo” (1949) de Watson Macedo que apresentava o transformismo. Grande Otelo interpretava Julieta e Oscarito, Romeu numa paródia à cena do balcão de Romeu e Julieta.
Norma Bengell e Oscarito em "O homem do Sputnik" |
As chanchadas da Atlântida apresentam várias situações parecidas, com Oscarito e seu gestual exagerado como em “O homem do Sputnik” ou em “Carnaval Atlântida” em que ele se traveste de Helena de Tróia e em “Os dois ladrões” em que imita Eva Todor, numa cena hilária em que os dois estão frente a frente e pensam estar diante de um espelho.
Nos anos 60, “Bahia de todos os santos” (1960) de Trigueirinho Neto, mostra um personagem que anuncia que vai para o Rio de Janeiro viver com um homem mais velho que financiará suas pinturas. O diretor foi vaiado na première do filme e ridicularizado no Jornal da Bahia do dia seguinte.
“Asfalto selvagem” (1964) de J. B. Tanko é a adaptação da primeira parte da história de Engraçadinha de Nelson Rodrigues. O mesmo diretor filmaria dois anos depois a continuação “Engraçadinha depois dos 30”. Neles, Engraçadinha é a grande paixão de sua prima. A história foi refilmada em 1981 com Lucélia Santos e Nina de Pádua. Posteriormente (1995) virou uma mini-série da Rede Globo, com Cláudia Raia e Maria Luisa Mendonça.
Odete Lara e Norma Bengell em "Noite vazia" |
Em “Noite vazia” (1964), dois amigos (Mário Benvenutti e Gabrielle Tinti) contratam duas prostitutas (Norma Bengell e Odete Lara) e no decorrer da noite pedem que elas façam amor na frente deles, mas uma delas se recusa.
“Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu.”
(Renato Russo)
Continua...
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