sábado, 9 de fevereiro de 2013

AS MARCHINHAS DE CARNAVAL


Infelizmente as marchinhas de carnaval não fazem tanto sucesso entre o público quanto antigamente. O Fantástico até que tenta emplacar novamente essa "moda", mas não consegue. Não se é porque somos pessoas tão diferentes das gerações passadas, ou se é por causa dos trios elétricos que tomaram conta do carnaval. 

O carnaval acabou se confundindo na maioria dos lugares, com uma festa qualquer. Na minha cidade, por exemplo, a festa acontece os cinco dias mas não difere em nada de um baile automotivo qualquer, onde as fantasiais foram abolidas e as adoráveis marchinhas não existem mais.


Mas quem não se lembra dessas marchinhas que ficaram tão conhecidas pelos filmes da Atlântida? Elas eram lançadas primeiramente nesses filmes, e todos os detalhes como figurinos, cenários e os trejeitos exagerados dos atores em poses burlescas, faziam crer que no Brasil era carnaval o ano inteiro.

Vamos relembrar as mais conhecidas:
Gosto muito de "A pipa do vovô não sobe mais", que era de duplo sentido e fazia o público rir do vovô que ficou impotente:
"A pipa do vovô não sobe mais
A pipa do vovô não sobe mais
Apesar de fazer muita força
O vovô foi passado pra trás."

Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva, 1936) eternizada na voz da diva Carmem Miranda:
"Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá a chupeta, dá a chupeta
Dá a chupeta pro bebe não chorar"


A singela, A jardineira (Benedito Lacerda-Humberto Porto, 1938):
"Ó jardineira porque estás tão triste
Mas o que foi que te aconteceu
Foi a camélia que caiu do galho
Deu dois suspiros e depois morreu."

Cachaça (Mirabeau Pinheiro-Lúcio de Castro-Heber Lobato, 1953), uma das mais características pro evento, já que todo folia costuma beber até não se aguentar em pé:
"Você pensa que cachaça é água

Cachaça não é água não
Cachaça vem do alambique 
E água vem do ribeirão."




Cabeleira do Zezé (João Roberto Kelly-Roberto Faissal, 1963), que insinuava a homossexualidade do personagem, só porque ele tinha o cabelo comprido:
"Olha a cabeleira do Zezé

Será que ele é?
Será que ele é?

Será que ele é bossa nova
Será que ele é Maomé
Parece que é transviado
Mas isso eu não sei se ele é"

Ô balancê (Braguinha-Alberto Ribeiro, 1936), que eu fui conhecer vários anos depois, na voz de Gal Costa:
"Ô balancê balancê
Quero dançar com você
Entra na roda morena pra ver
Ô balancê balancê

Quando por mim você passa
Fingindo que não me vê
Meu coração quase se despedaça
No balancê balancê."


Me dá um dinheiro aí (Ivan Ferreira-Homero Ferreira-Glauco Ferreira, 1959), muito comum na época da "quebradeira" ou mesmo da inflação:
"Ei, você aí! 
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!

Não vai dar? 
Não vai dar não?
Você vai ver a grande confusão
Que eu vou fazer bebendo até cair
Me dá me dá me dá, ô!
Me dá um dinheiro aí!"

E "Abre alas" (Chiquinha Gonzaga, 1899), que parece ser a mais antiga delas:
"Ó abre alas que eu quero passar
Ó abre alas que eu quero passar
Eu sou da lira não posso negar
Eu sou da lira não posso negar."

Doe Medula Óssea:



11 comentários:

  1. Show sua viagem pela história do carnaval. Adorava marchinchas....pena que hoje o universo perdeu seu lado carinhoso sobre festa, alegria.

    abs

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  2. São tempos dourados que não voltam mais infelizmente

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  3. Bateu uma nostalgia!!!!

    Mas, "não me leve a mal... hoje é carnaval".

    Abração Jan

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  4. Sou da época dos bailes de carnaval com marchinhas. Bom tempos mesmo.

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  5. As marchinhas eram o encanto do Carnaval! MUito lindas de vê-las também nos filmes da Atlântida.

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  6. Aqui na Paraíba 98% é marchinha de carnaval.

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  7. Por aqui as marchinhas também caíram em desuso, pelo menos no desfile principal. Gosto muito das músicas citadas, todas criativas e adoráveis. Por isso que no Carnaval só escuto Carmen Miranda!
    Abraços!

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  8. Aqui no Rio eu também não tenho mais visto marchinhas nos últimos anos.
    Mas uma tradição do Carnaval que tinha sumido daqui e voltou com força total há uns 5 anos é o pessoal sair na rua fantasiado.
    Ninguém mais fazia isso e agora a gente vê direto.

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  9. Oi, Gilberto, como vai? Tem razão, o Carnaval perdeu muito da sua essência, entre fantasias e marchinhas que já não tem tanto espaço. São dois itens que me lembram minha infância, quando eu ainda aproveitava a festa.
    Estou contigo: acho um barato "A pipa do vovô não sobe mais"...sempre me lembro do Silvio Santos cantando essa música, hahaha.
    Lindo o poema sobre o amor, a postagem anterior...
    Um abraço!

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  10. Oi, Gilberto. Pois é, marchinha de carnaval é coisa do passado, mas um passado que nem está tão longe assim, todo mundo conhece e se lembra até das mais antigas, as clássicas, rs. Olha, há coisas no Carnaval que eu gosto, e há as que eu detesto. Nem vou falar disso aqui... mas das marchinhas e dos bailes eu tenho saudade.

    Bem legal o post, divertido, rs.

    Um abraço pra você.



    Ps.: Gilberto, o que houve com o blog do Antonio Nahud? Eu não consigo entrar lá, está restrito aos autores... Não entendi...

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  11. Pois é, Renato, Marcelo, Jan, Celo, M, Janice, Lê, Léo e Bia. O carnaval já não é mais o mesmo infelizmente.

    Ligeia, o blog do Antonio Nahud foi excluído ou ele teve que excluí-lo, mas disse que está preparando um site. O e-mail dele é ofalcaomaltes41@gmail.com, escreve prestando suas condolências.

    Abraços a todos.

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