sábado, 29 de maio de 2010

O FUTURO PODE ESPERAR


Maria conversa com sua filha, Joana, sobre seu futuro.
_ Joana, você já tem 16 anos e já é hora de começar a pensar no seu futuro. Você já sabe o que vai ser quando se formar?
_ Ainda é cedo para pensar.
_ Na minha opinião, você deveria aprender as coisas de casa, para ser uma ótima dona-de-casa.
_ Não mãe, isso não. Eu não quero ser campeão em pilotagem de fogão.
_ Eu sou. Por que você não pode ser também?
_ Eu nem sei se vou me casar.
_ Mas é claro que vai. Você não tem vontade de ter filhos?
_ Filhos? Deus me livre. Aquele bando de pirralhos atrás de mim, gritando: “Mãe eu tô com fome!”, “Mãe eu quero isso”, “Mãe eu quero aquilo”.
_ Eu passei por tudo isso e não me arrependo.
_ Vou estudar o máximo que puder e depois quando tiver com uns 30 anos eu vou morar com alguém.
_ Não aceito uma filha minha, morando com alguém sem casar na igreja. Isso é pecado.
_ Ah, mãe! Corta essa. Não quero ser como a senhora. Vivendo apenas para a família. Esfregando o umbigo no tanque, pilotando fogão, fazendo a gororoba.
_ Minha comida não é gororoba.
Nesse momento os amigos de Joana a chamam da rua:
_ Mãe, a turma tá me esperando pra gente dar um role por aí.
_ Você não vai, nós estamos conversando.
_ O futuro pode esperar, mas meus amigos não!
Joana nem ligou para as palavras de sua mãe e saiu com seus amigos. Fez como todo jovem, deixou o que podia fazer hoje para amanhã.

Gilberto Carlos

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