sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O HOMOSSEXUAL NO CINEMA BRASILEIRO - PARTE 2

Ênio Gonçalves e Luiz Fernando Ianelli em "O menino e o vento"

“O menino e o vento” (1966) de Carlos Hugo Christensen é baseado no conto “O iniciado do vento” de Aníbal Machado (que também já deu origem à novela Felicidade em 1991). O diretor usa um clima fantástico para falar da homossexualidade, quando um engenheiro (Ênio Gonçalves) vai passar as férias numa cidade do interior castigada pelos ventos e conhece um menino (Luiz Fernando Ianelli) que é o “feiticeiro dos ventos”. Surge uma ligação muito forte entre eles e quando o menino desaparece, o engenheiro é acusado de matá-lo.



A década de 70, já dominada pelas pornochanchadas trouxe dezenas de filmes que traziam personagens homossexuais, mas a maioria deles era retratado de forma estereotipada, como em “O donzelo”, “O doce esporte do sexo”, “Os machões”, “Os mansos”, “Ainda agarro essa vizinha”, “O roubo das calcinhas, “As aventuras amorosas de um padeiro”, “As 1001 posições do amor”, “As taradas atacam”... São destaques nessa década, “Soninha toda pura” (1971), “Cio – Uma verdadeira história de amor” (1971), “O desconhecido” (1977), “Toda nudez será castigada” (1972), “A Rainha Diaba” (1974), “O casamento” (1975), Marília e Marina (1976), “República dos assassinos” (1979), “Os imorais” (1979) e “O princípio do prazer” (1979).


Carlo Mossy e Ricardo Faria em "Giselle"

A década de 80 ainda rendeu vários títulos com destaque para “As intimidades de Analu e Fernanda”, “Giselle”, “Mulher objeto”, “Beijo na boca”, “Rio Babilônia”, “Espelho de carne”, “Ariella”, “O beijo no asfalto”, “Ao sul do meu corpo”, "O beijo da mulher aranha", “Aqueles dois”, “Anjos da noite”, “Romance”...

Nos anos 90, pode-se citar “Barrela” (1990), “O corpo” (1990), “Matou a família e foi ao cinema” (1991), “Cinema de lágrimas” (1995), “Jenipapo” (1996), “Navalha na carne” (1997), “Até que a vida nos separe” (1999).
Ana Paula Arósio em "Como esquecer?"

A década seguinte começou com “Cronicamente inviável” (2000) e “Amores possíveis” (2000) e prosseguiu com o muito criticado “Acredite, um espírito baixou em mim”. Mais recentemente deram o que falar: “Quanto dura o amor?”, “Como esquecer” com Ana Paula Arósio; o curioso caso de amor entre um gay e uma lésbica retratado em “Elvis e Madona” e os dois irmãos apaixonados em “Do começo ao fim”.


Em certa época do cinema brasileiro, principalmente nos anos 70 e 80, o homossexual foi retratado na maioria das vezes de forma pejorativa, como a “bicha louca”, a “sapatão masculinizada” e de forma carnavalizada, com tendências ao suicídio e à infelicidade, mas a situação mudou nos filmes atuais em que esses personagens são mostrados de forma mais humana.

Para mais detalhes sobre o assunto, recomendo o livro “A personagem homossexual no cinema brasileiro” de Antonio Moreno, lançado em 2002.

Willian Hurt e Raul Julia em "O beijo da mulher aranha"

 “Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo
De amargo e tão salgado ficou doce.”
(Renato Russo)

15 comentários:

  1. Uma pena que esses filmes sejam difícil pra achar.

    abraço

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  2. Olá amigo do papéis
    primeiro parabenizamos pelo excelente qualidade literária que você mantém
    depois queremos dizer que com muita alegria estamos com as atividades do papéis a todo vapor
    agradecemos sua participação em 2010
    e te convidamos para passar por lá, deixar seu comentário, conferir as novidades e participar da nossa seletiva.
    grande abraços

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  3. Realmente Cristiano, a maioria desses filmes não é encontrada facilmente em DVD, mas na net há vários deles para se baixar...

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  4. Obrigado pelo post, ajudou-me bastante em uma pesquisa. Parabéns. Convido-o a visitar o CinePersona em www.cinepersona.com. Abraço.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Gilberto, tem também "Carandirú". Foi a partir desse filme que passei a prestar atenção no trabalho de Rodrigo Santoro. Achei excelente a interpretação dele como Lady Die. E Luis Carlos Vasconcelos também esteve ótimo. Ambos fizeram um excelente trabalho como um casal gay apaixonado e unido, que vive num sistema prisional tão selvagem quanto os crimes cometidos e que se casa por amor. Muito bom o post.

    Abraços.

    PS. Removi o comentário anterior por conter um erro de digitação. Sorry.

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  7. É verdade, Ligéia, tem também o Rodrigo Santoro em Carandiru. Obrigado pela dica. Pode ficar à vontade para comentar e sugerir... Abraços!

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  8. Consegui uma cópia de "O Menino e o Vento" , que a TV-Brasil exibe repetidamente. É um filmaço...
    Jorge Domingos

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    1. Sou Ricardo Faria, ator de Giselle, de Victor di Mello, o protagonista (junto com Carlo Mossy) do primeiro beijo gay do cinema nacional. O José de Abreu se vangloriou da façanha, mas a cena dele e de Arlindo Barreto em A Intrusa não foi entre gays, mas entre irmãos durante uma transa a tres com Maria Zilda. O filme é de Carlos Hugo Christensen, com quem estreei como ator no ano anterior, 79, no filme A Morte Transparente, que, aliás mostra Wagner Montes numa sauna com outro cara, com quem transava na história. O beijo entre Serginho e Angelo (eu e Mossy) passou tres meses na Censura Federal (a ditadura ainda perdurava, o AI5 só viria em 85) até ser liberado com o certificado 001 com a tarja de espetáculo pornográfico. Só aceitando isto e mais a proibição de trailer, fotos nas portas dos cinemas e sob o título Giselle, nas fachadas dos cinemas deveria conter, ao invés do nome do diretor ou atores, a advertência - espetáculo pornográfico. Se desejar mais fotos do filome ou de A Morte Transparente, é só pedir. pintoluz@uol.com.br ou no face
      Abraço e parabéns pelo trabalho

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  9. Obrigado pelo depoimento, Ricardo. Giselle é um de meus filmes preferidos. Vi várias vezes. Também gosto muito de A morte transparente e Crazy - Um dia muito louco. É muito gratificante receber comentários de quem viveu aquela época e sabe como ninguém o que acontecia ali. Com certeza quero mais fotos desses filmes, inclusive para uma postagem futura sobre o Carlo Mossy. Abraços e apareça sempre no blog Gilberto Cinema.

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  10. Esta pergunta vai para o ator Ricardo Faria do filme "Giselle" ou prá quem souber informar.Qual o nome do ator que faz o terceiro estrupador(aquele mais jovem)? O líder é Celso Faria, ex-ator do ciclo de westerns à italiana(ele é seu pai ou você é filho de Roberto Farias); o segundo é Vinicius Salvatori. Quero saber o nome do terceiro.

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    1. O terceiro bandido é vivido por Luciano Sabino, hoje grande diretor do nucleo de novelas da tv Globo.

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  11. O terceiro estuprador é Luciano Sabino, hoje diretor de novelas da Tv Globo

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  12. Achei estranho certos filmes da lista.Devia ter só aqueles que tivessem presonagens homossexuais.

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  13. Ademar, todos os filmes citados tem personagens homessexuais, mesmo que não sejam os protagonistas.

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