sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

BRINCANDO NOS CAMPOS DO SENHOR


Depois do sucesso internacional de "O beijo da mulher aranha" de 1984 (pelo qual foi indicado ao Oscar de melhor diretor), Hector Babenco foi para os Estados Unidos, onde dirigiu em 1987, o filme "Ironweed" com Meryl Streep e Jack Nicholson e em seguida voltou para o Brasil onde dirigiu na Floresta Amazônica essa co-produção EUA/Brasil com elenco dos dois países (apesar de os protagonistas serem todos americanos. O filme foi injusto fracasso de crítica e público quando foi lançado nos cinemas.

É a adaptação do romance homônimo de Peter Mathiessen e foi inteiramente filmado na Amazônia, ao contrário de outros filmes americanos como "O curandeiro da selva" em que eles filmam no México ou nos Estados Unidos e dizem que é a Amazônia.

Um casal de evangélicos (Aidan Quinn e Kathy Bates) juntamente com seu filho pequeno, embrenham-se na selva amazônica para catequizar os índios brasileiros ainda arredios à palavra de Deus. Na missão também está outro casal (Tom Berenger e Daryl Hannah), este mais fanático e disposto a retirar qualquer resquício católico deixado pelos padres jesuítas. No caminho encontram Lewis Moon (Tom Berenger) um descendente de índios americanos que depois de ser contratado para bombardear uma aldeia indígena, se arrepende e resolve voltar às suas origens. É ele que explica o título do filme quando está alucinado dentro do avião e lhe perguntam por rádio o que ele está fazendo e ele responde que está brincando nos campos do Senhor.

O filme tem mais de três horas de duração, mas em nenhum momento fica repetitivo ou cansativo. Fala da dificuldade que as pessoas têm em aceitar o que é diferente e a tentativa incansável de torná-los iguais (custe o que custar) e da eterna briga entre as religiões, onde os evangélicos acham que são os donos da verdade e os católicos também não ficam atrás.

Todo o elenco está bem, incluindo os brasileiros falando inglês: Stênio Garcia está quase irreconhecível como um cacique; Kathy Bates um ano depois de ganhar o Oscar por "Louca obsessão" tem cenas de grande impacto; Aidan Quinn mostra que não é só um rosto bonito e chega a roubar o filme para si. Daryl Hannah ainda no auge da beleza tem cena de nudez, bem como Tom Berenger quando decide se juntar à tribo de índios; já John Lithgow não me deixou grandes impressões.

Gosto muito dos filmes de Babenco (Lúcio Flávio - O passageiro da agonia, Pixote - A lei do mais fraco, O beijo da mulher aranha, Carandiru e agora Brincando nos campos do Senhor) pois ele consegue unir histórias impactantes e inteligentes ao gosto do público, provando que filme bom não precisa ser chato.



12 comentários:

  1. Boa recordação de um filme nem sempre muito lembrado... Valeu, Gilberto Babenco! Bom feriado e apareça nos Morcegos!

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  2. Assisti o filme há pouco tempo e gostei. O fracasso se deve a conturbada produção e as desavenças entre Babenco e os produtores na questão da duração do filme.

    Para completar, infelizmente o público comum tende a fugir de filmes longos.

    Inclusive postei uma resenha sobre o filme no blog.

    http://cinema-filmeseseriados.blogspot.com/2011/08/brincando-nos-campos-do-senhor.html

    Abraço

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  3. Tb gosto desse filme, acho algumas criticas bem injustas. Sem contar q esse filme é uma superprodução filmada dentro da amazonia, um local de dificil acesso. Assistiu O PASSADO de Babenco? Tb é bom. Abs!

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  4. Adorei esse filme! Kath Bates é ótima! As cenas dela com nojo de tudo e medo de doenças porque estava no Brasil mostram bem a visão que os americanos têm daqui. Ainda por esses dias me lembrei de Tom Berenger, que desapareceu.

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  5. Filme e bom mais muito demorado!! Faltou dinamismo e mais um pouco de ação. Talvez teria sucesso.

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  6. Boa tarde, Gilberto! trabalho em uma comunidade onde a maioria dos meus alunos ou seus pais, tios e tias, parente em geral, trabalharam neste filme ou, como figurantes, vigia ou, como construtores dos senários e etc.. O problema é que eles ainda não assistiram o filme até hoje. Pediram-me para eu conseguir o filme pois, muitos deles só ouviram falar dele por seus parente e vizinhos, alguns já falecidos. tentei fazer o download dele e ainda não consegui. Seria possível enviar-me o mesmo que eu pagaria todos os custos. farei sessões na escola à noite para que todos que vierem de barco, de outras localidades, possam assisti-lo. caso seja possível ou não envia-lo, avise-me pelo e-mail ivankauffman@icloud.com. Antecipadamente. Muito obrigado!

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  7. Ivan, eu te enviei um e-mail há alguns meses mas não obtive resposta.
    Tenho esse filme sim e posso te enviar para você exibir para sua comunidade. Entre em contato para combinarmos.

    Abraços.

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  8. Caro Gilberto, estou atrás desse filme para exibi-lo aos meus alunos. Sou professora e estamos trabalhando a questão das missões religiosas em grupos indígenas. Seria possível você me enviar?

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  9. Eu envio, Cecília. Qual seu nome e endereço completos?

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    1. Obrigada! Maria Cecília Simões (ceciliasrs@yahoo.com.br)

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  10. Assisti este filme na faculdade só em 2002, não conhecia mais fiquei muito impressionado, Tom Berenger ficou muito bem caracterizado de índio brasileiro.

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