segunda-feira, 4 de junho de 2012

A SÍNDROME DE BURNOUT



O estresse pode ser agudo ou crônico. O estresse agudo dura alguns momentos ou poucos dias e depois desaparece. É desencadeado numa região do cérebro chamada hipotálamo e suas principais manifestações são: coração batendo rápido, pressão arterial elevada, respiração rápida, pupilas dilatadas, aumento de glicose no sangue, etc. Já o estresse crônico persiste por um tempo maior e não encontra meios que o desativem com facilidade.

Quando o indivíduo não consegue desenvolver alternativas para enfrentar o estresse crônico, surge a Síndrome* de Burnout, que não acontece de uma hora para outra, é um processo gradual que vai consumindo aos poucos a energia e a disposição do trabalhador.

O trabalho nem sempre proporciona crescimento e reconhecimento ao trabalhador, já que muitas vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse e exaustão. É aí que entram os estudos sobre a Síndrome de Burnout e do sofrimento por que passam os profissionais que sofrem desse mal que perturba os trabalhadores há vários anos e o pior de tudo é que muitos deles nem sabem do que se trata e questionam: Burnout, o que é isso?


O termo Burnout foi aplicado, primeiramente pelo médico psicanalista Herbert J. Freudenberger, a partir de um estudo em Nova York com usuários de drogas. Estes eram chamados de burnouts (gíria local), pois não se interessavam por nada além das drogas. Os profissionais que cuidavam desses dependentes químicos desenvolveram sentimentos negativos, não se importavam com seus pacientes, estavam exaustos e sentiam-se derrotados, então Freudenberger descreveu a síndrome como um sentimento de fracasso e esgotamento causados pelo desgaste de energia, através de dois artigos seminais em revistas conceituadas nos anos de 1974 e 1975. A partir daí centenas de outros estudiosos se debruçaram sobre o tema, tentando esclarecer novos pontos.

Em nosso idioma, Burnout quer dizer queima exterior, consumir-se em chamas, perder o fogo, a energia ou queimar (para fora) completamente.

No Brasil, preferiu-se manter o nome em inglês mesmo, por falta de uma palavra mais específica. Na Espanha, a chamam de “El Síndrome de quemarse por el trabajo” . Também já foi chamada de síndrome do cuidador descuidado e síndrome do assistente desassistido nesse mesmo país. Alguns a conhecem como estresse laboral ou estresse profissional para diferenciá-la do estresse geral. Outros se referem a ela como Síndrome do Esgotamento Profissional, apesar de esta denominação ser incompleta, já que o esgotamento é apenas um dos fatores relacionados à este problema.

Freudenberger deu nome a um sofrimento que já existia, mas que ninguém compreendia por não saber do que se tratava.


A Síndrome de Burnout ocorre com maior freqüência naqueles profissionais que trabalham diretamente com outras pessoas. Principalmente em profissões de ajuda, como professores, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, psicólogos e carcereiros de instituições penitenciárias, mas pode acontecer com qualquer trabalhador, inclusive diretores, gerentes e gestores de Recursos Humanos, já que estes tem contato com pessoas o tempo todo, sejam eles empregados, fornecedores ou clientes. Com os gestores de RH, a situação é ainda mais crítica, pois eles têm a função de cuidar das pessoas que trabalham na organização. E cuidar de outras pessoas, como se sabe, não é tão simples.

Por isso alguns autores a chamaram de síndrome da desistência, já que muitas pessoas desistem e passam a não ter mais disposição para continuar tentando vencer as batalhas da vida.

Os estudos sobre Burnout tiveram duas fases. A primeira aconteceu na segunda metade da década de 70, a partir dos artigos de Freudenberger e tinha o objetivo de descrever o fenômeno através de uma concepção clínica. A síndrome era vista como um problema que acontecia devido às atividades laborais, porém por características individuais. Essa concepção pregava que existiam pessoas mais fracas e em conseqüência disso, mais propensas a desenvolver o Burnout. Christina Maslach e Susan Jackson, duas grandes estudiosas americanas do assunto, desenvolveram quase simultaneamente aos estudos de Freudenberger, a concepção sócio-psicológica da síndrome, onde os aspectos individuais somados às condições do trabalho e a relação do trabalhador com seu trabalho, favoreciam o aparecimento do Burnout.

A segunda fase que começou a partir do início dos anos 80, conseguiu mais avanços a partir de investigações e pesquisas de campo, visando os aspectos quantitativos e de avaliação do problema. Essas investigações foram facilitadas pela criação do Maslach Burnout Inventory (MBI), criado em 1981 por Christina Maslach e Susan Jackson. A partir do MBI, vários estudiosos começaram a investigar a síndrome, o que ajudou a esclarecer mais pontos sobre como o problema afetava na prática os trabalhadores.

Síndrome – conjunto de sintomas e sinais que caracterizam um estado mórbido, o qual pode ser produzido por várias causas.

Continua...


8 comentários:

  1. A Síndrome de Burnout é quase o ápice do estresse, porém infelizmente o estresse ataca uma quantidade enorme de pessoas em variados níveis.

    A pressão do trabalho, seja ela qualquer profissão, está cada vez maior em todos os sentidos. Os problemas psicológicos são cada vez mais o "Mal do Século XXI".

    Abraço

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  2. Muito bom, Gilberto. Um dia desses cheguei perto dessa síndrome...rs...

    O Falcão Maltês

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  3. Será que a lida com as pessoas na vida pessoal também pode desencadear essa crise? Afinal, na vida pessoal as pessoas acabam recebendo mais cobranças, sendo mais pressionadas, ouvindo mais reclamações ao longo do dia...

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  4. Janice, a continuação foi publicada hoje.

    Hugo, a Síndrome de Burnout é o muito mais que o estresse, já que é de longa duração.

    Antonio, também estou perto dessa síndrome todos os dias.

    Léo, a síndrome de burnout está relacionada apenas ao trabalhador com seu trabalho. Essa questão pessoal pode ser apenas estresse e talvez passe mais rápido.

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  5. Já estive assim.
    Sem animo para nada. Não me sentia cansado.
    Eu tinha que trabalhar para poder estudar, pagar o aluguel
    e completar os outros gastos quando era estudante.
    Hoje trabalho de administrador, faço meu horário e nos finais de semana
    trabalho como dançarino em uma casa de dança de salão para a terceira idade.
    É muito gratificante.
    Um forte abraço.

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  6. Tive que repensar minha atitude para com a vida. Reposicionar meu quotidiano. Mauro CFB.

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  7. Adorei sua postagem, vc tem algum livro sobre este tema para recomendar?

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