O estresse pode
ser agudo ou crônico. O estresse agudo dura alguns momentos ou poucos dias e
depois desaparece. É desencadeado numa região do cérebro chamada hipotálamo e
suas principais manifestações são: coração batendo rápido, pressão arterial
elevada, respiração rápida, pupilas dilatadas, aumento de glicose no sangue,
etc. Já o estresse crônico persiste por um tempo maior e não encontra meios que
o desativem com facilidade.
Quando o indivíduo
não consegue desenvolver alternativas para enfrentar o estresse crônico, surge
a Síndrome* de Burnout, que não acontece de uma hora
para outra, é um processo gradual que vai consumindo aos poucos a energia e a
disposição do trabalhador.
O trabalho nem
sempre proporciona crescimento e reconhecimento ao trabalhador, já que muitas
vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse e exaustão. É aí que entram
os estudos sobre a Síndrome de Burnout
e do sofrimento por que passam os profissionais que sofrem desse mal que
perturba os trabalhadores há vários anos e o pior de tudo é que muitos deles
nem sabem do que se trata e questionam: Burnout,
o que é isso?
O termo Burnout foi aplicado, primeiramente pelo
médico psicanalista Herbert J. Freudenberger, a partir de um estudo em Nova York com usuários
de drogas. Estes eram chamados de burnouts
(gíria local), pois não se
interessavam por nada além das drogas. Os profissionais que cuidavam desses
dependentes químicos desenvolveram sentimentos negativos, não se importavam com
seus pacientes, estavam exaustos e sentiam-se derrotados, então Freudenberger
descreveu a síndrome como um sentimento de fracasso e esgotamento causados pelo
desgaste de energia, através de dois artigos seminais em revistas conceituadas
nos anos de 1974 e 1975. A
partir daí centenas de outros estudiosos se debruçaram sobre o tema, tentando
esclarecer novos pontos.
Em nosso idioma,
Burnout quer dizer queima exterior, consumir-se em chamas, perder o fogo, a
energia ou queimar (para fora) completamente.
No Brasil,
preferiu-se manter o nome em inglês mesmo, por falta de uma palavra mais
específica. Na Espanha, a chamam de “El
Síndrome de quemarse por el trabajo” . Também já foi chamada de síndrome do
cuidador descuidado e síndrome do assistente desassistido nesse mesmo país.
Alguns a conhecem como estresse laboral ou estresse profissional para
diferenciá-la do estresse geral. Outros se referem a ela como Síndrome do
Esgotamento Profissional, apesar de esta denominação ser incompleta, já que o
esgotamento é apenas um dos fatores relacionados à este problema.
Freudenberger
deu nome a um sofrimento que já existia, mas que ninguém compreendia por não
saber do que se tratava.
A Síndrome de Burnout ocorre com maior freqüência
naqueles profissionais que trabalham diretamente com outras pessoas.
Principalmente em profissões de ajuda, como professores, enfermeiros, médicos,
fisioterapeutas, psicólogos e carcereiros de instituições penitenciárias, mas
pode acontecer com qualquer trabalhador, inclusive diretores, gerentes e
gestores de Recursos Humanos, já que estes tem contato com pessoas o tempo
todo, sejam eles empregados, fornecedores ou clientes. Com os gestores de RH, a
situação é ainda mais crítica, pois eles têm a função de cuidar das pessoas que
trabalham na organização. E cuidar de outras pessoas, como se sabe, não é tão
simples.
Por isso alguns
autores a chamaram de síndrome da desistência, já que muitas pessoas desistem e
passam a não ter mais disposição para continuar tentando vencer as batalhas da
vida.
Os estudos sobre
Burnout tiveram duas fases. A
primeira aconteceu na segunda metade da década de 70, a partir dos artigos de
Freudenberger e tinha o objetivo de descrever o fenômeno através de uma
concepção clínica. A síndrome era vista como um problema que acontecia devido
às atividades laborais, porém por características individuais. Essa concepção
pregava que existiam pessoas mais fracas e em conseqüência disso, mais
propensas a desenvolver o Burnout.
Christina Maslach e Susan Jackson, duas grandes estudiosas americanas do
assunto, desenvolveram quase simultaneamente aos estudos de Freudenberger, a
concepção sócio-psicológica da síndrome, onde os aspectos individuais somados
às condições do trabalho e a relação do trabalhador com seu trabalho,
favoreciam o aparecimento do Burnout.
A segunda fase
que começou a partir do início dos anos 80, conseguiu mais avanços a partir de
investigações e pesquisas de campo, visando os aspectos quantitativos e de
avaliação do problema. Essas investigações foram facilitadas pela criação do Maslach Burnout Inventory (MBI), criado
em 1981 por Christina Maslach e Susan Jackson. A partir do MBI, vários
estudiosos começaram a investigar a síndrome, o que ajudou a esclarecer mais
pontos sobre como o problema afetava na prática os trabalhadores.
* Síndrome – conjunto de sintomas e sinais que caracterizam um estado mórbido, o qual pode ser produzido por várias causas.
Continua...
Aguardando continuação.
ResponderExcluirbeijos!
A Síndrome de Burnout é quase o ápice do estresse, porém infelizmente o estresse ataca uma quantidade enorme de pessoas em variados níveis.
ResponderExcluirA pressão do trabalho, seja ela qualquer profissão, está cada vez maior em todos os sentidos. Os problemas psicológicos são cada vez mais o "Mal do Século XXI".
Abraço
Muito bom, Gilberto. Um dia desses cheguei perto dessa síndrome...rs...
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Será que a lida com as pessoas na vida pessoal também pode desencadear essa crise? Afinal, na vida pessoal as pessoas acabam recebendo mais cobranças, sendo mais pressionadas, ouvindo mais reclamações ao longo do dia...
ResponderExcluirJanice, a continuação foi publicada hoje.
ResponderExcluirHugo, a Síndrome de Burnout é o muito mais que o estresse, já que é de longa duração.
Antonio, também estou perto dessa síndrome todos os dias.
Léo, a síndrome de burnout está relacionada apenas ao trabalhador com seu trabalho. Essa questão pessoal pode ser apenas estresse e talvez passe mais rápido.
Já estive assim.
ResponderExcluirSem animo para nada. Não me sentia cansado.
Eu tinha que trabalhar para poder estudar, pagar o aluguel
e completar os outros gastos quando era estudante.
Hoje trabalho de administrador, faço meu horário e nos finais de semana
trabalho como dançarino em uma casa de dança de salão para a terceira idade.
É muito gratificante.
Um forte abraço.
Tive que repensar minha atitude para com a vida. Reposicionar meu quotidiano. Mauro CFB.
ResponderExcluirAdorei sua postagem, vc tem algum livro sobre este tema para recomendar?
ResponderExcluir