quarta-feira, 21 de abril de 2010

EMBRAFILME


A história da Embrafilme (Empresa Brasileira de filmes S/A) pode ser divida em três fases distintas:

A primeira fase vai de 1969, quando foi fundada até 1994. entre 1970 – 1973 a empresa de economia mista (sendo a União seu acionista majoritário) produziu 83 filmes de longa metragem. Os maiores sucessos dessa fase foram “São Bernardo”, “Toda nudez será castigada”, "Iracema – Uma transa amazônica", "O amuleto de Ogum" e "Lição de amor".


 
Teve o ponto negativo de ter acostumado mal alguns cineastas e produtores que como não tinham que devolver o dinheiro investido em seus filmes, não se preocupavam em conquistar o público e produziam filmes para eles mesmos que se tornavam fracassos de bilheteria.

A segunda fase vai de 1974 a 1985, com início sob a direção do cineasta Roberto Farias. O primeiro filmes comercializado nessa fase foi “Sagarana – O duelo de Paulo Thiago (baseado na obra de Graciliano Ramos), mas o maior sucesso (não só desse período, mas de toda a história do cinema brasileiro), foi “Dona Flor e seus dois maridos” (1976) com quase 11 milhões de espectadores. Em seguida vieram “Tudo bem” (1978), “Bye bye Brasil” (1979), “Pixote – A lei do mais fraco” (1980). Em 1980 foi produzido o maior fracasso da empresa, o insuportável “A idade da Terra” de Glauber Rocha que custou 1 milhão de dólares e não rendeu quase nada. Em seguida vieram os sucessos (inclusive no exterior) de Eles não usam black-tie (1981), Inocência (1983), Memórias do cárcere (1984), A hora da estrela (1985).

A última fase vai de 1986 a 1991 e é marcada pelo esvaziamento político e econômico, apesar dos sucessos significantes de “A marvada carne” (1986), Cidade oculta (1986), Anjos da noite (1987), Sonho de verão (1990) e Lua de cristal (1990).

Em 1º de janeiro de 1990, Fernando Collor de Mello assume a presidência e resolve acabar com a Embrafilme, pois achava que ela era inútil e só servia para gastar o dinheiro público. Essa atitude impensada quase “matou” o cinema brasileiro. Alguns dizem que ele fez isso devido a uma figuração em um filme do cinema novo, o qual ele não gostou, mas essa lenda nunca foi provada e provavelmente é falsa. A empresa agonizou até 1992, quando finalmente acabou.

Muitos criticam a empresa de favorecimentos políticos e de nepotismo, com o financiamento de certos filmes e outros não, mas apesar disso, manteve vivo o cinema brasileiro por mais de duas décadas.

2 comentários:

  1. Gilberto,
    Não vai aqui qualquer critica a suas informações sobre a Embrafilme, mas sim um resumo do que vivenciei como contador da empresa no período de 1970 a 1987.
    Na realidade, de 1970 a 1973 a Embrafilme só financiou alguns poucos filmes, principalmente daqueles cineastas que eram acionistas dela. Eram financiamentos de Cr$ 5.000.000,00 por filme e sem condições claras de pagamento no contrato. Mas foram no máximo uns 15 filmes, e não 83. Esse maior número de filmes teve contratos de distribuição e de coprodução. Nos de distribuição a empresa adiantava valores sobre a possível bilheteria dos filmes, calculo esse feito de maneira empírica e superestimado e que seriam recuperados com a bilheteria real do filme. Claro que era em quase seu total, prejuízo. Nos casos de coprodução, a empresa entrava com 30% do provável valor da produção, calculado da mesma forma que nas distribuições, empiricamente e superestimados. Essas duas formas de negocio, em dezembro de 1986 totalizavam a quantia absurda em milhares de cruzados, Cz$ 142.967.
    Quanto ao sucesso dos filmes, sob o ponto de vista cinematográfico, podem ter tido sucesso. Mas sob o ponto de vista comercial foram todos uns fracassos. Os únicos que se pagaram e que deram lucro á empresa foram os da serie dos Trapalhões. Estes sim, pagavam-se e ainda davam lucro à empresa.
    A questão não era a de que não tinham que pagar o que deviam á empresa. O problema era que não havia cobrança. A relação entre a empresa e os cineastas era de paternalismo (dizem que foi essa mesmo a intenção do Ministro Golbery do Couto Silva para calar a boca dos cineastas opositores ao regime), as relações entre os servidores da empresa com os cineastas e também porque os filmes não agradavam ao grande publico e sim a pequenas faixas mais engajadas.
    Para você ter idéia do que ocorria nas relações empresa x cineastas, este sucesso a que você se refere de quase 11 milhões de espectadores, deu prejuízo para a Embrafilme.
    As criticas a que você se refere são corretas. Houve tudo aquilo citado e muito mais.
    Este muito mais foi o que me levou, com muito pesar, a sair da empresa que eu havia ajudado a criar.
    Áureo Roure

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  2. Obrigado pelo depoimento, Áureo. Realmente existem muitas coisas mal explicadas no que diz respeito à Embrafilme.

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