sexta-feira, 23 de abril de 2010

OS ANOS DA CRISE

Assim que tomou posse em janeiro de 1990, o presidente Fernando Collor de Mello extinguiu os órgãos ligados ao cinema: Embrafilme, Concine e Fundação do cinema brasileiro, o que estagnou a produção nacional. Em 1990 ainda foram lançados 59 filmes que já estavam produção ou prontos para lançamento, quando Collor tentou acabar com o cinema brasileiro. Alguns alcançaram grande sucesso, como “Lua de Cristal”, “Uma escola atrapalhada” e “Sonho de verão”, impulsionados pelo sucesso na televisão de Xuxa, as paquitas e Os trapalhões, além de um grande número de filmes pornôs.

Já em 1991, o número de filmes lançados caiu para 38, sem nenhum grande sucesso, além de Os trapalhões e a árvore da juventude (o último de Mussum) e a refilmagem de Matou a família e foi ao cinema por Neville D’Almeida.

Em 1992, foram lançados apenas 15 filmes, nenhum significativo, um número baixo que seria superado no ano seguinte com apenas 09 filmes, que apesar do número pequeno, tem entre eles o ótimo “Alma Corsária” de Carlos Reichenbach, citado como referência dessa fase.

No ano seguinte, a crise ainda persistia. Dos 12 filmes produzidos, pode-se destacar apenas “Beijo 2348/72”, “Lamarca”, “Sábado” e “Veja esta canção”.

Em 1995, a crise parecia ter chegado ao fim do lançamento de “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil, o primeiro filme dirigido por Carla Camurati que conseguiu 1.286.000 espectadores, um número impensável desde 1990.

Além da melhora da qualidade das produções, esse ressurgimento foi alavancado por Itamar Franco, que era vice de Collor e assumiu depois do impeachment. Em seu governo, foi sancionada a Lei do Audiovisual que financiaria de novo a produção de filmes por meio de incentivos fiscais.

Além da pequena produção de filmes e da precariedade das produções, o público não se mostrava muito interessado em assistir. Os raros filmes que conseguiam ser lançados nos cinemas, não passavam de um semana em cartaz.

Nesse período foram produzidos vários curtas-metragens de diretores iniciantes que depois fariam carreira de sucesso como “Deus ex-machina” de Carlos Gerbase, Amor de José Roberto Toreto, Enigma de um dia de Joel Pizzini, O amor eterno de Fernando Bonasse, Caligrama de Eliane Caffé e Cartão vermelho de Laís Bodanski. Estes tinham a vantagem de custar menos, mas apesar de serem bons, a grande maioria deles não é conhecida do público. Só conheço “Deus ex-machina” que passa no CinebrasilTv.

Mas depois desses anos de crise, onde o cinema brasileiro quase desapareceu, ficam as perguntas: Será que só conseguimos manter nossa produção cinematográficas ativa com o apoio estatal? ou Quando conseguiremos produzir novos filmes apenas com a bilheteria arrecada nos filmes anteriores? A resposta não é simples. Se é que ela existe.

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