quarta-feira, 28 de abril de 2010

QUASE NADA (Brasil, 2000) *** 1/2



Direção: Sérgio Rezende. Com: José Augusto Pompeu, Camilo Bevilacqua, Chico Expedito, Genésio de Barroso, Denise Weinberg, Caio Junqueira, Ana Luiza Rabello. Drama, 96 min.

Depois de vários épicos sobre personagens da histórias brasileira como Tenório Cavalcanti em “O homem da capa preta”, Carlos Lamarca em “Lamarca”, Antonio Conselheiro em “Guerra de Canudos” e o Visconde de Mauá em “Mauá – O imperador e o rei”, o diretor Sérgio Rezende dirigiu esse drama trágico, que é dividido em três episódios intitulados: Foice, Veneno e Machado, que inicialmente seria o nome do filme, mas o título “Quase nada” é bem mais poético e reflete a condição daquelas pessoas humildes.

“Foice” é sobre dois compadres que trabalham roçando pastos e quando um deles (José Augusto Pompeu) é promovido a supervisor, provoca a inveja do outro (Camilo Bevilacqua), levando a um embate mortal utilizando a ferramenta do título.

“Veneno” tem um vaqueiro medroso e atormentado pelo passado (Genésio de Barroso) e sua mulher inconformada pela passividade do marido (Denise Weinberg) como protagonistas. O assassinato de um menino que transporta o leite da fazenda, deflagra a tragédia.

Em “Machado”, um rapaz que cultiva flores (Caio Junqueira) se apaixona por uma moça das redondezas que tem o sonho de ser sempre livre (Ana Luiza Rabello), mas não consegue fazê-la feliz, nem entendê-la. O episódio mais bonito e trágico deles. Caio Junqueira provou com ele que tem talento dramático e abandonou os papéis de adolescentes rebeldes.

No making off de 18 minutos que acompanha o DVD, o diretor que faz uma participação especial no 2º episódio, revela que escreveu o roteiro em quatro dias, baseando-se em histórias acontecidas quando ele era dono de uma fazenda.

O tema é meio mórbido, pois o que move os três episódios é o crime-assassinato e todos terminam em morte, mas ao mesmo tempo é muito sensível e fala de pessoas anônimas que vivem pelos sertões e se encontram em situações desesperadoras.

O título poderia render um trocadilho infame se o filme fosse ruim, mas como não é, pode-se dizer que Sérgio Rezende consegue quase tudo com histórias tão simples, pouco dinheiro e elenco sem grandes nomes. Vale a pena.

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