quarta-feira, 28 de julho de 2010

O BEM AMADO (Em cartaz) ***

Direção: Guel Arraes. Com: Marco Nanini, Matheus Nachtergaele, Tonico Pereira, José Wilker, Zezé Polessa, Andrea Beltrão, Drica Moraes, Caio Blat, Maria Flor, Bruno Garcia.

Quem não conhece a história de Odorico Paraguaçu, imortalizado por Paulo Gracindo na novela “O bem amado” (1973) e no seriado homônimo exibido em 220 episódios (mais até do que a novela que teve 178 capítulos) de 1980 a a1984? A novela e o seriado, bem como o filme de Guel Arraes que estreou nos cinemas na sexta-feira passada são baseados na peça teatral “Odorico – O bem-amado” de Dias Gomes, que era também o autor das obras televisivas. A novela marcou época por ter sido a primeira exibida em cores e vendida para outros países.

A história começa quando Zeca Diabo (José Wilker) mata o prefeito de Sucupira e Odorico Paraguaçu (Marco Nanini) consegue se eleger prometendo a construção (ou o “construimento” como ele mesmo diz) de um cemitério, mas o problema é que ninguém morre na cidade, para que o local seja inaugurado. O final todo mundo já sabe, mas mesmo assim não vou ser eu a relembrá-lo.

As críticas quanto à corrupção dos políticos continuam, agora mais evidenciadas, já que a censura que atrapalhou a liberdade de expressão da novela, ficou para trás.

A produção da Globo Filmes e de Paula Lavigne (que convidou o ex-marido Caetano Veloso para fazer a trilha sonora) é bem esforçada e diverte a maior parte do tempo, mas é impossível não relacionar os personagens aos intérpretes originais: Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo/ Marco Nanini); Zeca Diabo (Lima Duarte/ José Wilker); Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz/ Matheus Nachtergaele); as irmãs Cajazeira: Doroteia (Ida Gomes/ Zezé Polessa), Dulcineia (Dorinha Duval/ Andrea Beltrão) e Judiceia (Dirce Migliaccio/ Drica Moraes). Aliás, as três irmãs solteironas que sonham em casar com o prefeito, são as personagens mais engraçadas da história. Foi bom ver Drica Moraes e saber que ela encontrou um doador de medula óssea.

Sempre que Guel Arraes estreia um novo filme, todo mundo espera o sucesso de “O auto da compadecida”, mas infelizmente acho que esse não é o caso, pois na sessão em que eu assisti o filme, havia apenas uma pessoa além de mim. Claro que o horário era ingrato: 11h30 de uma plena terça-feira. Quem sabe nas sessões posteriores e nos demais dias, o público descubra o filme. No primeiro final de semana de exibição, fez 144.931 espectadores.

As outras adaptações de telenovelas para filmes, também não foram bem sucedidas: “Gabriela” (1983) e “Tieta do Agreste” (1997). Adoro esses filmes, mas a crítica em geral os detonou. Talvez não seja uma boa ideia fazer essas adaptações de personagens consagrados pela televisão, mas para a nova geração que não conhece nada daquele universo, bem como para os saudosistas e amantes do cinema nacional, vale a pena assistir.


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