“Existe alguém que está contando com você
Pra lutar em seu lugar
Já que nessa guerra não é ele que vai morrer.”
(Renato
Russo)
Direção: Dalton Trumbo. Com: Timothy Bottons, Donald
Sutherland e Jason Robards. 106 min.
Johnny vai à guerra foi o único filme
dirigido por Dalton Trumbo, que foi perseguido pelo MacCarthismo e fez roteiros
para vários filmes com pseudônimo. Este também tem roteiro seu a partir de um
romance de sua autoria. Joe (Timothy Bottons) tem uma namorada, com quem tem a
primeira noite de amor antes de ser enviado à 1ª guerra mundial. Já no front é
ferido em uma explosão e tem que ser internado em um hospital militar, quando
se dá conta que a explosão fez com que ele perdesse os braços, as pernas e o
rosto (boca, nariz, olhos, ouvidos), não pode ouvir, não pode falar, escrever
ou gesticular e mesmo assim quer e precisa se comunicar com os outros, pois seu
cérebro continua funcionando perfeitamente, apesar dos médicos duvidarem. Mas
como se comunicar?
As cenas no quarto do hospital são em
preto e branco, para dar um ar mais desolador e sem esperanças, já as
lembranças e delírios (sonhos) são coloridas. Joe relembra o amor por sua
namorada, sua mãe, os amigos, um passeio com o pai e a estima que este tinha por
uma vara de pescar e pela guerra, pois achava que morrer pela pátria era
enobrecedor para qualquer pessoa, o que talvez tenha influenciado o filho a
lutar na guerra.
Johnny vai à guerra é um filme
difícil e triste, pelo tema e também pela falta de perspectivas, pois o
espectador desde o início tem a impressão de que aquela história não vai
terminar bem, mas não como negar sua originalidade na forma como Trumbo
escolheu para denunciar o absurdo de todas as guerras e a falta de sentido em
se lutar com outras pessoas sem nem saber o porque. Os soldados morrem ou ficam
deformados enquanto a “pátria” e os políticos enriquecem. Um letreiro ao final
mostra que desde 1914 (até 1971) já morreram 80 milhões de pessoas nas guerras,
enquanto outros 150 milhões foram feridos ou desapareceram.
Donald Sutherland |
Há um alento de esperança quando
chega ao hospital uma enfermeira que consegue gostar de Joe e a compreendê-lo.
A comunicação parece possível quando ela “escreve” com os dedos em seu peito e
ele começa a se comunicar por código morse. Mas nem tudo é tão simples. A
questão não é só entender e sim compreender e ajudar a superar os traumas.
Trumbo não fez com esse filme apenas
um manifesto contra a guerra, fez também uma parábola sobre a
incomunicabilidade do ser humano. As pessoas estão tão próximas umas das
outras, mas não conseguem se entender, não querem ouvir o que o outro tem a
dizer e quando ouvem não podem ajudar ou não querem. Em um diálogo, Joe
desabafa: “Se eu tivesse braços, me mataria, se eu tivesse pernas, fugiria; se
eu pudesse falar eu gritaria para as pessoas, mas elas não me ouviriam, nem
Deus ouviria, pois Ele não existe mais.” (7,5)
Me parece o estilo de filme que adoro. Poesia visual com sentimentos e reflexão. Não conhecia a obra.
ResponderExcluirMe instigou. Grato pela apresentação.
Provavelmente um ótimo filmo.
ResponderExcluirBeijos!
Sempre me recomendaram esse filme. Ainda não assisti, mas fiquei bem curioso com o seu texto. Parece ser uma obra bem relevante.
ResponderExcluirNão conhecia o filme, mas a sinopse é muuuito interessante mesmo! Fiquei bastante curioso. Vou procurar ver!
ResponderExcluirAliás, excelente texto!
A Letra da musica ONE do Metallica é baseada nesse filme, quem não conhece a musica ou a letra , vale a pena conferir =)
ResponderExcluirFantástica postagem, Gilberto. Esse é o tipo de filme que prende minha atenção. A angústia e o vazio vivido na guerra é de extrema dor. Excelente citação de Renato Russo. Tudo a ver. Valeu, irmão...
ResponderExcluirUm belo filme. Fortíssimo.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Oi, Gilberto, achei interessante o que escreveu sobre o filme, eu não conhecia. Gosto de filmes que fazem pensar. Um abraço!
ResponderExcluirEsse filme não é apenas uma crítica contra a guerra: é uma tragédia.
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