Em 1988, o cineasta Martin Scorsese (Taxi Driver) dirigiu o polêmico filme “A última tentação de Cristo” , que causou grande reação por parte da Igreja Católica com perseguições, boicotes, protestos e até ameaças contra sua exibição, quase tudo injustificado já que no início do filme, antes mesmo dos créditos, um letreiro anuncia que a história não é baseada nos Evangelhos e sim no livro homônimo ficcional do escritor grego Nikos Kazantzakis que explica com um trecho do livro a essência do filme:
“A natureza dupla de Cristo, a ânsia tão humana, tão sobre-humana do homem alcançar Deus, sempre foi um profundo mistério para mim. A principal angústia, a fonte de minhas alegrias e tristezas, desde a juventude tem sido a interminável e implacável batalha entre o espírito e a carne e a minha alma é a arena onde estes dois exércitos se encontram e combatem.”
É de uma forma bem humana que Cristo é mostrado na pele de Willem Dafoe, ao contrário dos filmes baseados nos Evangelhos em que ele aparece sempre de forma divina e sem mácula. Aqui ele tem dúvidas, medos e desejos como qualquer outro ser humano. Sente-se relutante em assumir o papel de Messias, nutre uma paixão não consumada por Maria Madalena a quem visita em um bordel.
Em uma só fala, ele assume todas as suas fraquezas:
_ Sou um mentiroso, um hipócrita. Tenho medo de tudo, não digo a verdade. Não tenho coragem. Quando vejo uma mulher, coro e viro a cara. Quero-a mas não a tomo, por Deus e isso me faz sentir orgulhoso. Quero revoltar-me contra tudo, mas tenho medo.
É um Cristo bem diferente daquele que estamos acostumados a ver normalmente nos filmes, a ler na Bíblia ou até mesmo imaginar e acreditar e por isso deve ter chocado tanto, principalmente os mais conservadores. Mas apesar de ficcional é bem verossímil, já que Cristo viveu entre os humanos, como um humano talvez fosse natural que ele sentisse as mesmas coisas que nós.
As cenas mais polêmicas são as de nudez feminina, principalmente de Maria Madalena (Bárbara Hershey); o fato de Cristo ir vê-la com outros homens e a cena dos dois transando, já na parte final, mas tudo é mostrado discretamente por Scorsese que também é católico.
Apesar de não ser baseado nos Evangelhos, várias passagens da Bíblia estão presentes, com maior ou menor alteração, como o batismo no Rio Jordão por João Batista; a tentativa de apedrejamento de Maria Madalena; os 40 dias no deserto, onde é tentado pelo demônio, na forma de uma serpente, de um leão e do fogo; a ressurreição de Lázaro por Cristo, além de outros milagres como o do homem que volta a enxergar; a destruição do templo de orações que foi transformado em mercado...
A virgem Maria quase não é mostrada, a não ser em um momento quando Cristo a rejeita dizendo que não tem mãe e que é só filho de Deus, mas depois se arrepende quando grita por ela no momento da crucificação.
A cena da crucificação é interrompida quando Satã disfarçado de anjo da guarda leva Cristo para casar-se com Maria Madalena (em um quase delírio em que ele vislumbra como poderia ter sido sua vida se ele não tivesse sido crucificado), que logo depois morre, então ele se casa com Maria, irmã de Lázaro, com quem tem dois filhos.
Já que a humanidade não foi salva por ele, o povo sente sua falta, quando Pedro tenta convencê-lo já velho, de que ele não fez a melhor escolha fugindo da crucificação e explica a necessidade que as pessoas têm de acreditar para continuar vivendo.
_ Não sabes o quanto as pessoas precisam de Deus. Não sabe quanto Ele as pode fazer felizes para tudo. Ele pode fazê-las felizes para morrer e elas morrem. Tudo por Cristo, por Jesus Cristo, por Jesus de Nazaré...
Então Cristo aceita que é o Messias, é crucificado e o filme termina nos moldes tradicionais como nos Evangelhos.
O elenco traz Willen Dafoe (Cristo), Harvey Keitel (Judas), Bárbara Hershey (Maria Madalena), Harry Dean Stanton, David Bowie, Verna Bloom e Irvin Kershner.
O roteiro foi escrito por Scorsese e seu eventual colaborador Paul Schrader.
A última tentação de Cristo tem 163 minutos e apesar do tema polêmico, merece ser conferido sem medo por todos, independente de credo ou crença.
“A natureza dupla de Cristo, a ânsia tão humana, tão sobre-humana do homem alcançar Deus, sempre foi um profundo mistério para mim. A principal angústia, a fonte de minhas alegrias e tristezas, desde a juventude tem sido a interminável e implacável batalha entre o espírito e a carne e a minha alma é a arena onde estes dois exércitos se encontram e combatem.”
É de uma forma bem humana que Cristo é mostrado na pele de Willem Dafoe, ao contrário dos filmes baseados nos Evangelhos em que ele aparece sempre de forma divina e sem mácula. Aqui ele tem dúvidas, medos e desejos como qualquer outro ser humano. Sente-se relutante em assumir o papel de Messias, nutre uma paixão não consumada por Maria Madalena a quem visita em um bordel.
Em uma só fala, ele assume todas as suas fraquezas:
_ Sou um mentiroso, um hipócrita. Tenho medo de tudo, não digo a verdade. Não tenho coragem. Quando vejo uma mulher, coro e viro a cara. Quero-a mas não a tomo, por Deus e isso me faz sentir orgulhoso. Quero revoltar-me contra tudo, mas tenho medo.
É um Cristo bem diferente daquele que estamos acostumados a ver normalmente nos filmes, a ler na Bíblia ou até mesmo imaginar e acreditar e por isso deve ter chocado tanto, principalmente os mais conservadores. Mas apesar de ficcional é bem verossímil, já que Cristo viveu entre os humanos, como um humano talvez fosse natural que ele sentisse as mesmas coisas que nós.
As cenas mais polêmicas são as de nudez feminina, principalmente de Maria Madalena (Bárbara Hershey); o fato de Cristo ir vê-la com outros homens e a cena dos dois transando, já na parte final, mas tudo é mostrado discretamente por Scorsese que também é católico.
Apesar de não ser baseado nos Evangelhos, várias passagens da Bíblia estão presentes, com maior ou menor alteração, como o batismo no Rio Jordão por João Batista; a tentativa de apedrejamento de Maria Madalena; os 40 dias no deserto, onde é tentado pelo demônio, na forma de uma serpente, de um leão e do fogo; a ressurreição de Lázaro por Cristo, além de outros milagres como o do homem que volta a enxergar; a destruição do templo de orações que foi transformado em mercado...
A virgem Maria quase não é mostrada, a não ser em um momento quando Cristo a rejeita dizendo que não tem mãe e que é só filho de Deus, mas depois se arrepende quando grita por ela no momento da crucificação.
A cena da crucificação é interrompida quando Satã disfarçado de anjo da guarda leva Cristo para casar-se com Maria Madalena (em um quase delírio em que ele vislumbra como poderia ter sido sua vida se ele não tivesse sido crucificado), que logo depois morre, então ele se casa com Maria, irmã de Lázaro, com quem tem dois filhos.
Já que a humanidade não foi salva por ele, o povo sente sua falta, quando Pedro tenta convencê-lo já velho, de que ele não fez a melhor escolha fugindo da crucificação e explica a necessidade que as pessoas têm de acreditar para continuar vivendo.
_ Não sabes o quanto as pessoas precisam de Deus. Não sabe quanto Ele as pode fazer felizes para tudo. Ele pode fazê-las felizes para morrer e elas morrem. Tudo por Cristo, por Jesus Cristo, por Jesus de Nazaré...
Então Cristo aceita que é o Messias, é crucificado e o filme termina nos moldes tradicionais como nos Evangelhos.
O elenco traz Willen Dafoe (Cristo), Harvey Keitel (Judas), Bárbara Hershey (Maria Madalena), Harry Dean Stanton, David Bowie, Verna Bloom e Irvin Kershner.
O roteiro foi escrito por Scorsese e seu eventual colaborador Paul Schrader.
A última tentação de Cristo tem 163 minutos e apesar do tema polêmico, merece ser conferido sem medo por todos, independente de credo ou crença.
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