segunda-feira, 9 de maio de 2011

AS MUSAS DO CINEMA MARGINAL


O Cinema Marginal tinha estilo ágil e barato que visava o filão erótico (na maioria das vezes), mas com reflexão e ironia, onde se enquadrava Carlos Reichenbach e Rogério Sganzerla. Surgia a defesa do lixo, do ruim e do desprezível, com filmes repletos de berros e de muito deboche, onde se popularizou o estilo boçal como o do personagem de Paulo Villaça no precursor do gênero, O bandido da luz vermelha (1968). Apesar de tudo, o gênero não durou muito, tendo seu fim em 1973, mas mesmo assim, algumas atrizes conseguiram ter grande destaque:


HELENA IGNEZ – Nascida em 1941, fez sua estreia no teatro aos 18 anos e ali conheceu Glauber Rocha, seu primeiro marido, com quem faria o curta O pátio e o longa A grande feira (1961), em que ele fazia a direção de produção. Com O bandido da luz vermelha (1968) e A mulher de todos (1969) ambos de Rogério Sganzerla (com quem se casou) e se tornou a primeira musa do underground, ou mais popularmente, do udigrudi. Fundou com Rogério e Júlio Bressane, a produtora Belair que produziu sete filmes, todos protagonizados por ela em 1970: Barão Olavo, o horrível; Cuidado madame; A família do barulho; Carnaval na lama; Copacabana mon amour; Sem essa aranha e A miss e o dinossauro. Fez também Um homem e sua jaula (1968) e Os monstros de Babaloo (1970). Tornou-se diretora em 2007, com o longa Canção de Baal e em seguida Luz nas trevas – A volta do bandido da luz vermelha (2010), ao lado de Ícaro Martins. É mãe da atriz Djin Sganzerla.



MARIA GLADYS – Seu segundo filme foi Os fuzis (1963) de Ruy Guerra, até integrar-se ao Cinema Marginal. Júlio Bressane a alegeu como uma de suas atrizes preferidas. Com ele estrelou O anjo nasceu, A família do barulho e Cuidado madame, em que vociferava contra sua patroa. Em Sem essa, aranha (1970), gritava o tempo inteiro que estava com fome. Com Neville D’Almeida fez Piranhas do asfalto e Mangue bangue. Participou ainda de Sangue quente em tarde fria (1970) e Lucia McCartney – Uma garota de programa (1971). Tem carreira significativa também nas novelas de televisão, como Negócio da China (2008).


 

WILZA CARLA – Estreou no teatro de revista e depois no cinema em Genival é de morte (1955) , participando em seguida de filmes importantes, geralmente em pequenos papéis, como Os herdeiros (1969) e Macunaíma (1969). No cinema marginal protagonizou Os monstros de Babaloo (1970) e participou de O rei da pilantragem (1969) e O impossível acontece, além de diversas pornochanchadas: Mais ou menos virgem (1973), Ainda agarro essa vizinha (1973) e Socorro! Eu não quero morrer virgem (1976). Na televisão participou da novela Saramandaia (1976) em que vivia a Dona Gorda que explodia no final da trama, além de ter sido jurada nos shows de calouros de Silvio Santos e Raul Gil. Por problemas de saúde, afastou-se da vida artística depois da mini-série O portador (1991).







BETTY FARIA – Nascida em 1941, fez sua estreia em O beijo (1963), quando se juntou ao círculo da contra-cultura nos dois filmes do Cinema Marginal que participou: Piranhas do asfalto e Os monstros de Babaloo, ambos de 1970. Em 1974 veio a consagração com o filme A estrela sobe e a novela O Espigão e depois o arrependimento por ter recusado o papel de Dona Flor no filme homônimo de 1976. Interpretava a Viúva Porcina na 1ª versão de Roque Santeiro (1975) que foi proibida pela censura. Teve destaque ainda em O Cortiço (1977), Bye, bye Brasil (1979), Anjos do Arrabalde (1986) e O romance da empregada (1987), além das novelas Duas vidas, Pecado Capital (1ª versão) e Tieta.


2 comentários:

  1. Muito legal esse tributo ao Cinema Marginal e suas respectivas musas. A primeira foto da Betty Faria está quase irreconhecível (juventude é mesmo uma coisa boa).

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  2. Eu era criança quando a Wilza Carla explodiu na novela. Nem lembrava mais. Muito bom.

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