quarta-feira, 18 de maio de 2011

A CENSURA FEDERAL E A PORNOCHANCHADA



Quando a pornochanchada surgiu, a censura federal já estava a todo vapor, pois havia se intensificado a partir de março de 1964, com o golpe militar. Os militares inicialmente não escondiam sua desconfiança com os filmes engajados dos cinemanovistas e foram eles que mais sofreram com os cortes feitos em seus filmes e com a demora de sua liberação para exibição comercial.

A situação piorou a partir de 13 de dezembro de 1968, quando foi editado o AI-5, que suspendeu as garantias individuais e colocou sob suspeita toda a produção cultural e artística não afinada com os preceitos da Lei de Segurança Nacional. Além dos cortes que tornavam o filme incompreensível, algumas produções eram proibidas, como Lúcio Flávio – O Passageiro da Agonia, Iracema – Uma Transa Amazônica e Os Homens que Eu Tive, ou simplesmente retiradas de cartaz, mesmo depois de terem sido liberadas.

















A censura tentava acabar com a liberalidade (e porque não libertinagem) que movia o cinema daquela época e era amparada pelos moralistas (falsos ou não) e pela Igreja Católica. Alguns padres assistiam antes aos filmes e determinavam o que seria um atentado à moral e aos bons costumes da família brasileira, mas quem determinava os cortes e a proibição dos filmes, eram os censores, um grupo de pessoas escolhidas pelos militares.

Alguns autores consideram a pornochanchada e a censura como sendo irmãs com comportamentos opostos, enquanto uma era libertina e libidinosa, a outra era puritana e conservadora, sendo filhas da ditadura militar. A censura impunha cortes e proibições que tornavam os filmes mal-acabados e grosseiros.

Os censores determinavam como deveria ser o enquadramento do corpo feminino, quais partes poderiam ser mostradas, mudavam os títulos dos filmes, mandavam que se refilmasse os finais.

Às vezes a censura permitia que determinada cena continuasse, mas sem o áudio. A banda de som da película era então raspada no negativo para eliminar as falas, então se ouvia apenas o ronco, o que dava asas à imaginação do público, sobre o que teria sido dito naquele momento.

De uma forma ou de outra, a censura contribuiu para o aumento da criatividade nas pornochanchadas, pois os diretores tinham que ser muito criativos para contornar os cortes. A proibição do filme fazia com que o público ficasse ainda, mais interessado em assistí-lo, o que aumentava o seu sucesso. Mesmo assim, eles implicavam mais com os filmes politizados, pois os eróticos distraiam o público da real situação pela qual o país estava passando, tratava-se, portanto de uma alienação vantajosa.

No último governo militar (João Figueiredo: 1979 – 1985), a paranoia diminuiu e os censores não detinham mais tanto poder de veto, mas a censura só foi extinta em 1985, já no governo de José Sarney, quando os filmes passaram então a ser classificados por faixa etária.

6 comentários:

  1. Uma fase interessante na produção de filmes no Brasil. Viva a Embrafilmes.

    Ps' Não sei se vc já ouviu, mas queria indicar pra vc um podcast sobre cinema nacional e pornochanchadas. É bem legal: http://bit.ly/dEixn5

    Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Hoje vemos a imoralidade e os maus costumes dos políticos, na TV. Que mudança...

    ResponderExcluir
  3. Olá!!
    Achei muito interessante seu post! Parabéns!!
    Vc tirou essas informações de algum lugar específico?
    Estou trabalhando numa tese sobre pornochanchadas e Ditadura Militar, e essas informações são essenciais.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  4. Olá!!
    Achei muito interessante seu post! Parabéns!!
    Vc tirou essas informações de algum lugar específico?
    Estou trabalhando numa tese sobre pornochanchadas e Ditadura Militar, e essas informações são essenciais.
    Obrigado.

    ResponderExcluir
  5. Que bom que gostou, Marcelo. Meu artigo de conclusão da especialização também foi sobre a pornochanchada, mas especificamente sobre o sucesso que bilheteria que esses filmes faziam.

    Quanto à censura, no livro Enciclopédia do Cinema Brasileiro (Editora SENAC, 2000) tem um tópico específico sobre a pornochanchada e outro sobre a censura federal, os dois muito informativos, mas Reginaldo Faria também fala disso em seu livro da coleção aplauso: O solo de um inquieto; Carlos Reichenbach no livro O cinema como razão de viver; Silvio de Abreu em Um homem de sorte...

    ResponderExcluir
  6. Você tá viajando o.O
    a pornochanchada foi amplamente defendida pela moral da ditadura militar. Foi a principal responsável por transformar o Brasil no país da putaria. A Censura só servia pra censurar as ideias vermelhas, tas como a mora anti-prostituição, anti-libertinagem, anti-putaria do marxismo-leninismo.

    ResponderExcluir