sábado, 22 de outubro de 2011

MEU TIO DA AMÉRICA


MEU TIO DA AMÉRICA conta a história de dois homens (Gerard Depardieu e Roger Pierre) e suas esposas/amantes (Nicole Garcia, Marie Dubois e Nelly Borgeaud), desde a infância até a fase adulta, quando se casam e passam por problemas no trabalho e no relacionamento amoroso.

René (Gerard Depardieu) recebe uma proposta de promoção no emprego com o detalhe de ter que se mudar para outra cidade e como sua mulher Thérése (Marie Dubois) é contra a mudança, ela o abandona e quando a direção ameaça rebaixá-lo alguns anos depois, ele se desespera e tenta o suicídio. Jean (Roger Pierre) se apaixona por Janine (Nicole Garcia) e abandona a mulher Arlette (Nelly Borgeaud), que diz para Janine que está morrendo e quer passar os últimos meses de vida ao lado do marido. A amante acredita na mentira e quando descobre a verdade, já é tarde demais, o que causa o sofrimento de todos.

O filme é narrado por um médico que explica o que acontece no sistema nervoso dos seres humanos em todas essas situações de sofrimento com cenas protagonizadas por ratos de laboratório que fazem paralelo aos personagens, como no momento de desespero em que se mostra duas situações com ratos em uma caixa em que recebem choques. Na primeira situação, há uma porta em que o rato pode fugir para o outro lado e evitar o choque, permanecendo imune, enquanto na segunda situação não há uma porta para fugir e os choques o fazem sofrer pela angústia de não conseguir se libertar.

A depressão acontece quando o ser humano encontra-se em uma situação como a do rato em que não pode lutar ou fugir e o seu organismo fica afetado com as doenças psicossomáticas que surgem em virtude disso. Lembrei de uma crítica que li no livro 1001 filmes para ver antes de morrer sobre o filme AS LÁGRIMAS AMARGAS DE PETRA VON KAN de Rainer Werner Fassbinder, em que o crítico conclui: "o mais fraco em qualquer situação sempre tem a opção desoladora de partir". Às vezes nos parece difícil ou quase impossível fugir, mas essa pode ser a nossa salvação.

Adoro filmes tristes e bem dramáticos. Quando li o resumo deste, fiquei logo interessado, apesar de não ser tão triste quanto imaginava e a questão da depressão e do suicídio só serem abordados na parte final, mas apesar de sua fragmentação, é bem interessante, com a inclusão de cenas reais e de filmes antigos para demonstrar mais claramente o que os personagens estão sentindo.


Alain Renais e Nicole Garcia em Cannes (1980)
O filme é do francês Alan Resnais que dirigiu anteriormente os clássicos HIROSHIMA MON AMOUR (1959) e O ANO PASSADO EM MARIENBAD (1961) e posteriormente MEDOS PRIVADOS EM LOCAIS PÚBLICOS (. O diretor ficou famoso entre a crítica, mas causava certa estranheza e distanciamento junto a parte do público que não conseguia entender seus filmes.



MON ONCLE D'AMERIQUE - Direção: Alan Resnais. Com: Gerard Depardieu, Nicole Garcia, Roger Pierre, Nelly Borgeaud e Marie Bubois. Docudrama, 126 min.



2 comentários:

  1. Oi Gilberto, post indicado nos links da semana do Blogs de cinema classico. Vc tem facebook?

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelas indicações, Carla. Ainda não tenho facebook. Preciso fazer o meu...

    ResponderExcluir