quarta-feira, 11 de novembro de 2009

"OS INQUILINOS" NO 2º DIA DO FESTCINE ***

Ontem às 20h15 teve início o 2ª noite do V Festcine Goiânia com a exibição do curta metragem de animação: PEDRA COMO PASSAGEM, trabalho do grupo Empreza. Já tinha visto esse filme durante a aula de Semiótica no curso de Cinema e Educação. Não vi nada de especial. Ainda bem que é curto!

Em seguida foi o exibido o novo longa do diretor Sérgio Bianchi (Quanto vale ou é por quilo?), que fez a apresentação e se colocou à disposição para esclarecer dúvidas e conversar com o público.

OS INQUILINOS. Com: Marat Descartes, Ana Carbatti,Umberto Magnani, Caio Blat, Cássia Kiss, Fernando Alves Pinto, Ana Lúcia Torre, Ailton Graça, Sidney Santiago, Pascoal da Conceição, Leona Cavalli, Zezeh Barbosa, Cláudia Mello. 103 min.

O polêmico Sérgio Bianchi retorna depois de 4 anos com esse tratado sobre a violência urbana. Uma família tranqüila e feliz vê sua tranquilidade ameaçada quando uma vizinha aluga sua casa para três rapazes arruaceiros que dormem durante e dia e fazem baderna à noite, atrapalhando o sono dos vizinhos. Aparentemente usam de ações escusas para sobreviver. Como eles moram na periferia, que fica perto de uma favela, o medo é constante, principalmente depois que uma menina de 8 anos foi estuprada e assassinada nos arredores.

Valter (Marat Descartes) trabalha durante o dia numa fábrica de empacotamento de maçãs e estuda durante à noite, enquanto sua mulher, Iara (Ana Carbatti) cuida dos filhos e da casa. Eles são os maiores afetados pelos inquilinos inconvenientes, já que estão mais próximos deles.

Iara fica intrigada e talvez um pouco atraída por aqueles homens rústicos, o que causa ciúmes no marido, mas nada fica muito claro e se há segundas intenções, elas não são reveladas.


O interessante é que os papéis principais são vividos por atores menos conhecidos, enquanto os papéis menores são interpretados por atores famosos, como Cássia Kiss (que vive uma professora de Português) Fernando Alves Pinto (um professor de Matemática), Ana Lúcia Torre (a diretora da escola noturna), Caio Blat (um colega de Valter), Ailton Graça (um amigo de Valter), Leona Cavalli e Zezeh Barbosa (amigas de Iara).

Esse é o sétimo filme de Sérgio Bianchi, que eu acho muito interessante e contestador, pois ele mostra sem rodeios a maldade humana, o que as pessoas são capazes de fazer para conseguir o que querem ou tirar proveito em cima do próximo, como fez em seu penúltimo filme, "Quanto vale ou é por quilo?", onde pessoas diregentes de ONGs e supostamente assistencialistas só estavam interessadas em auto-promoção e tirar proveito próprio. Só que ele voltou um pouco mais brando. Não que a violência não seja um tema polêmico, claro que é. Com certeza é um dos maiores problemas que a humanidade enfrenta e enfrentará, já que é sério e parece não ter fim, como o próprio filme denuncia. Só que isso já foi mostrado várias outras vezes, inclusive e principalmente pelo cinema brasileiro. Mas apesar disso, achei o filme muito interessante por mostrar que estamos todos de mãos atadas para enfrentar esse problema. Como o trecho da música do Legião Urbana: "Os assassinos estão livres, nós não estamos", já que estamos presos em nossas casas com medo de sair e encontrar com eles, ou que eles venham até nós.

Após a exibição do filme, encontrei com o diretor que estava conversando com dois espectadores do filme, sentado nos degraus de uma escada e aberto a peguntas e comentários. Ele é muito simpático. Falei da admiração que tinha pelos seus filmes e também fiz algumas perguntas e comentários. Ele comentou sobre as cenas que não puderam ser filmadas por falta de dinheiro. Comentou que foram construídas três casas com paredes móveis para as filmagens, já que seria impossível abrigar a produção em uma casa tão pequena. E que talvez esse seja seu último filme, já que ele está um pouco cansado. Tomara que não, pois o cinema brasileiro precisa de diretores polêmicos e contestadores como ele.

PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL PARA HOJE:
Hoje às 18 horas tem o lançamento da 2ª edição do Dicionário de Filmes Brasileiros de Antonio Leão da Silva Neto, com distribuição do livro para os presentes e em seguida (19h30) os filmes:

¤ Nevile e o Lobisomem de Goiânia, de Marcio Venicio e Juca Fernandes (fic./20min/GO)
¤ Kalunga, de Luiz Elias, Pedro Nabuco e Sylvestre Campe (doc./ 77min/ GO)
¤ Som de Sucata, de Diego Mendonça (doc./13min/GO)
¤ Cabeça a Prêmio, de Marco Ricca (fic./105min/SP)

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